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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

17
Mai19

Bruno e o paradigma do interesse comum


Pedro Azevedo

Antigamente, para um jogador, proveniente da Formação ou recrutado em outro clube, chegar à equipa principal do Sporting era o suprassumo de uma carreira. Esse tempo mudou, ao ponto de um ex-salgueirista, modesto defesa, na sua primeira conferência de imprensa no José Alvalade, ter dito que via o Sporting como um trampolim para o Inter de Milão. O tiro acabaria por lhe sair pela culatra e o coice da arma levá-lo-ia até Leiria para jogar no União, clube mais à escala (mas não Scala) do seu escasso talento futebolistico.

 

É perfeitamente natural que um jogador aspire a resolver rapidamente a sua situação financeira. A não-harmonização da carga fiscal a nível europeu provoca desigualdades que fazem com que mesmo clubes fora do primeiro mundo do futebol possam ser competitivos face aos portugueses, o que vem somar ao menor Produto da economia nacional face aos países europeus mais desenvolvidos. Por isso, os jogadores querem sair. Muitas vezes desordenadamente, sem cuidar de olhar para a sua carreira. Apenas os mais inteligentes são capazes de resistir ao primeiro impulso. Será o caso de Bruno Fernandes, que recentemente reconheceu ter tido dúvidas no ano passado se estaria preparado para uma grande equipa europeia. Por isso, preferiu ficar, ganhar mais maturidade, investir no seu currículo, consolidar as suas estatísticas de jogo, assumindo a batuta de uma equipa da qual é maestro incontestado. O prémio está aí a bater-lhe à porta.

 

Muitos outros não sabem esperar. Mesmo quando a isso obrigados por questões contratuais, desesperam. Querem sair e acabam por Investir menos na qualidade do seu jogo. Perdem valor. Terá sido o caso recente de William Carvalho, um jogador que, na minha opinião, não se voltou a exibir ao nível de 2013/14, a sua época de estreia numa equipa, há época, liderada por Leonardo Jardim. É certo que manter durante muito tempo um jogador contrariado também não é bom para o clube, mas acredito que todas as partes ganhariam se houvesse um plano conjunto de carreira, com objectivos claros para todos. William saiu para o modesto Bétis, emblema com história mas com um presente de clube periférico face à elite do futebol espanhol, actualmente 10º classificado da La Liga. 

 

A carreira de um jogador é curta e sujeita a muitos imponderáveis. A mudança de treinador, de modelo de jogo, uma lesão incapacitante de médio-longo prazo, a qualidade do plantel são tudo constrangimentos a pesar sobre o valor de um atleta. Isso, obviamente, gera ansiedade, que é preciso saber gerir com sobriedade e equilíbrio. Visando o essencial: o jogador querer continuar a melhorar todos os dias. Algo visível nos últimos anos no Sporting foi a incapacidade sentida em vários atletas, época após época, em darem um salto qualitativo. Tirando o caso de Rui Patrício, que foi acumulando a experiência essencial à sua posição no terreno, a maioria dos jogadores estabilizou ou regrediu. Para além de William, Gelson foi incapaz de encontrar o fim do labirinto de chicuelinas em que se tornou o seu futebol, Podence não melhorou a sua relação com o golo. Talvez por isso, apenas Adrien, Slimani ou João Mário encontraram por parte do clube comprador a recompensa devida para alegria de todas as partes. Essencialmente, porque elevaram o nível do seu futebol, à semelhança do que Bruno Fernandes (em todo o seu esplendor) e Wendel fizeram este ano.

 

A saída prematura de vários atletas muitas vezes constitui um tampão à progressão da sua carreira. Nem sempre a escolha de um clube grande europeu se revela compensadora, principalmente quando o jogador é muito jovem. Será o caso de Renato Sanches, o qual pouco jogou nos seus dois anos de Bayern. Outros há, como Bernardo Silva, que foram dando passos em crescendo, de um Mónaco para um Manchester City, e assim consolidando a sua carreira. Tendo a sorte de, pelo caminho, encontrar um Jardim ou um Guardiola, tal como Ronaldo teve em Ferguson um trampolim para o sucesso. Dos mais maduros, custa vêr Patrício num Wolves de ambições limitadas (pese embora o excelente trabalho de Nuno), ele que mereceria um clube mais à altura da sua qualidade. Apesar disso, pegou de estaca.

 

Este arrazoado serve para expressar a ideia de que muitas vezes a articulação entre os interesses do jogador e do clube é boa para o futebolista. Quando este pretende sobrepôr a sua vontade pessoal, embalado pelo canto das sereias (que na vida real tomam a forma de alguns empresários), e deixa de pôr o foco na progressão do seu jogo geralmente as coisas correm mal. Nesse sentido, o exemplo de Bruno Fernandes deveria ser utilizado pelo Sporting para demonstrar o caminho correcto. Que, lugares comuns à parte, se faz caminhando. Preferencialmente, no sentido certo. Caso contrário, de que serviria caminhar?

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15
Mai19

No dia 15 de Maio... ganhámos a Taça dos Vencedores das Taças


Pedro Azevedo

Não pretendo branquear o passado recente, mas há um pretérito bastante mais antigo que tem muito mais a vêr com o que é o Sporting e os princípios enunciados pelo nosso fundador, o Visconde de Alvalade. Foi há 55 anos, em Antuérpia, que o Sporting bateu os húngaros do MTK, na finalíssima da Taça dos Vencedores das Taças, arrebatando assim o troféu. Para ainda ser mais épico, nada melhor do que o golo da vitória ter sido obtido de canto directo, o chamado "golo olímpico", designação dada pelos argentinos depois de com um golo assim terem batido o campeão olímpico da época, o Uruguai. Autor da proeza: João Morais. Aqui ficam as imagens dessa gesta gloriosa de 64:

Sporting - esforço, dedicação, devoção e... GLÓRIA!

14
Mai19

O negócio Gelson


Pedro Azevedo

A Sporting SAD anunciou um acordo global com o Atlético Madrid, em que:

1) o clube espanhol compromete-se a pagar a quantia de 22,5M€, renunciando Sporting e jogador a quaisquer direitos inerentes a, respectivamente, contrato de trabalho e rescisão unilateral;

2) na prática, a Sporting SAD compra 100% dos direitos desportivos e 50% dos direitos económicos de Luciano Vietto (últimamente emprestado ao Fulham), por 7,5M€.

 

Algumas coisas a destacar:

1) segundo a imprensa, Sousa Cintra recusou no passado uma oferta de 22M€, mais 10M€ em variáveis, por uma percentagem a definir entre 60 a 70 dos direitos económicos de Gelson;

2) o Director Desportivo do Atlético de Madrid, Gil Marin, chegou a anunciar, em Dezembro de 2017 (mandato de Bruno de Carvalho), o empréstimo de Vietto por 2 M€, com uma cláusula de opção de compra de 10M€, negócio que abortou devido à recusa do jogador em vir para o Sporting, ou seja, a tentativa de negócio é antiga e vem de outra Administração, mas os valores de transferência na altura eram inferiores (a avaliação em 15 M€ dos direitos económicos de Vietto parece-me manifestamente exagerada neste momento);

3) Desde Janeiro de 2018, Vietto representou o Valência e os ingleses do Fulham. Somado, realizou 41 jogos, com 6 golos marcados e 5 assistências;

4) Gelson Martins e Vietto estão, respectivamente, avaliados em 28 M€ e 6 M€ pelo site Transfermarket, sendo que o primeiro valorizou-se de 20 para 28 M€ desde que foi para o Mónaco e o segundo depreciou de 10 para 6M desde Janeiro de 2018 (dados Transfermarket de Valor de Mercado);

5) o Mónaco, clube que recebeu Gelson por empréstimo e que alegadamente estará interessado na sua compra, ainda não assegurou a permanência na Ligue 1, pormenor que poderá fazer toda a diferença na sua disponibilidade efectiva para comprar o jogador, o que indelevelmente aumenta a incerteza do lado do Atlético (mau à partida para as pretensões do Sporting) na realização de uma boa venda. Adicionalmente, será difícil alguém comprar o jogador sem acautelar o ónus potencialmente superveniente de uma decisão hipotéticamente desfavorável para o jogador  em sede de Tribunal (bom à partida para as pretensões do Sporting, na medida em que impele à abertura para negociar);

6) não se sabe se os valores anunciados são liquidos de comissões e outros encargos;

7) não conhecendo a opinião do experiente advogado contratado pelo Sporting para dirimir o caso, não sei se está mais ou menos confiante na decisão do Tribunal. Nestas coisas há sempre algum "bluff", e muitas vezes o que se diz publicamente não encontra correspondência no que se pensa. Em traços gerais, seria sempre mais interessante a questão ficar resolvida fora do Tribunal, dado que se eliminaria a incerteza. Mas isto é válido para todas as partes: Sporting, Atlético de Madrid e jogador.  

13
Mai19

Cenas eventualmente chocantes


Pedro Azevedo

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Destas e doutras cenas eventualmente chocantes se fez a deslocação do Benfica a Vila do Conde, onde um equívoco ou desconhecimento profundo das regras da arbitragem, por parte de Hugo Miguel (e do VAR), ficou ainda mais a nu (em cima do intervalo, validação do golo de Felix) do que o Samaris. Assim vai o pouco recomendável futebol português. 

 

P.S. Fora das minudências do futebol português, o Sporting obteve ontem o seu 35º troféu europeu, consolidando-se como a maior potência desportiva nacional, isso sim uma "cena" digna de registo. 

12
Mai19

42 anos depois... Sporting Campeão Europeu


Pedro Azevedo

Ao bater o FC Porto por 5-2, em partida disputada num Pavilhão João Rocha ao rubro, o Sporting sagrou-se vencedor da Liga Europeia de hóquei em patins. Uma enorme exibição defensiva de toda a equipa, com destaque natural para André Girão (excepcional), Henrique Magalhães e Gonzalo Romero. O argentino também marcou, em brilhante lance individual de costa a costa. No ataque, Ferran Font marcou dois belos golos. Os outros tentos leoninos foram apontados por Vitor Hugo (desvio oportuno na área) e Toni Pérez (brilhante execução, de costas, por entre as pernas). SPOOOOOORTING!!!

 

Os 12 campeões (inclui os 2 que hoje não se equiparam): André Girão, Zé Diogo, Henrique Magalhães, Martin Platero, Gonzalo Romero, Ferran Font, Toni Pérez, Vitor Hugo, Pedro Gil, Raul Marin e Caio e João Pinto.

 

Neste dia de alegria, evoco aqui os heróis de 1977: Ramalhete, Carmelino, Júlio Rendeiro, João Sobrinho, Garrido, Jorge, Carlos Alberto, Chana e António Livramento.

 

Uns e outros com direito a imortalidade na história de ouro do Sporting Clube de Portugal. 

 

 

 

Foto: A Bola    

12
Mai19

Final da Liga Europeia


Pedro Azevedo

Faltam poucas horas para mais uma final europeia do Sporting, um confronto que se prevê emotivo até ao fim. Nos momentos decisivos, a categoria individual dos jogadores geralmente faz a diferença. Nesse capítulo, o FC Porto levará vantagem: Hélder Nunes e Gonçalo Alves aliam virtuosismo técnico com consistência e nunca se escondem nestes momentos. É certo que o Sporting também tem os seus trunfos: Pedro Gil e Ferran Font são homens capazes de tirar um coelho da cartola. Ligeiramente menos consistentes que os seus rivais, vamos precisar deles ao seu mais alto nível. Por outro lado, costuma dizer-se que uma boa defesa ganha os encontros. Aqui, o Sporting estará na dianteira: André Girão, Platero, Magalhães ou Romero são homens confiáveis quando se trata de defender o forte. Com tanto equilíbrio de forças, o Pavilhão João Rocha poderá ser o factor decisivo. A cumplicidade entre bancadas e jogadores tem levado a equipa do Sporting a virar alguns resultados. Logo, ao fim da tarde, espera-se um vulcão de apoio aos nossos. Força Sporting! 

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12
Mai19

Tudo ao molho e fé em Deus - Adeus à Champions


Pedro Azevedo

O jogo começou com os acordes de "O mundo sabe que..." ainda a serem entoados, algo infelizmente tão comum como o Ristovski ser expulso na véspera de uma partida contra outro grande do futebol português.  

 

Logo de início, o Borja atrasou uma bola à balda. Mathieu ainda tentou estorvar o mais que pôde, mas já não conseguiu evitar que frente a frente ficassem os dois jogadores mais subvalorizados desta Liga: Tomané e Renan. Venceu o duelo o nosso guarda-redes, tocando a bola miraculosamente para canto. 

 

Aos 4 minutos, o Ristovski apareceu solto na direita do ataque e centrou para o Acuña rematar. A bola saiu meio prensada, mas o Luíz Phellype, na pequena área e de costas para a baliza, conseguiu dominá-la. Quando se ia virar, o Ricardo Costa puxou-o e Tiago Martins assinalou o castigo máximo. Chamado a converter, Bruno Fernandes marcou como de costume, o 32º golo da sua conta pessoal esta época.

 

Um jogador do Sporting foi apanhado em fora de jogo e, seguindo as recomendações, o auxiliar deixou seguir. O comentador da SportTV, um tal de João Aroso, ficou incomodado. Segundo ele, o adiantamento era tão evidente que deveria ter sido logo levantada a bandeirola. Tendi a concordar. [O pior veio depois: já na segunda parte, um jogador do Sporting foi apanhado milimétricamente em fora de jogo e o auxiliar prontamente sancionou. João Aroso voltou a aplaudir e eu fiquei de pé atrás. Foi só esperar mais um pouco para que a cena se repetisse, só que agora estando Wendel perfeitamente em jogo. Desta vez, Aroso não falou.]

 

O jogo ia caminhando para o intervalo. Borja acumulava faltas e ofensivamente mantinha-se fiél ao "inconseguimento" da Assunção Esteves. Eis então que Ristovski aparentemente dá um pisão a um tondelense. (Um indivíduo subscreve um canal pago para depois ter acesso a umas imagens que mais parece terem sido filmadas de Marte.) Ora, como toda a gente sabe, o pisão tem uma medida de intensidade variável, com uma força aplicada máxima em Alvalade e mínima no Dragão e na Luz. Vai daí, o Tiago Martins expulsou o (C)risto, o qual chegou assim à terceira estação da sua Via Crúcis. E só não foi penálti porque o Tomané antes tinha ajeitado a bola com o braço, pelo que o jogo estava interrompido. Com 10 em campo, o Keizer decidiu mandar o Borja continuar a fazer miséria, mas agora na lateral direita. Recuou o santo do Acuña para a lateral esquerda...

 

A etapa complementar começou com o Tondela mais afoito e, lançado por Tomané, Delgado falhou escandalosamente o cabeceamento. O mesmo jogador, logo de seguida, agarra Acuña e impede-o de progredir rapidamente para o ataque. Já com um amarelo, Tiago Martins perdoa-lhe a expulsão. Junto à linha, com um sorriso irónico e braços abertos, não é difícil imaginar o que vai no pensamento de Keizer: "this s**t is a joke (part II)". O Sporting está na sua melhor fase do jogo e Bruno Fernandes (lançado por Raphinha), primeiro, Luíz Phellype (assistência de Acuña), depois, e Mathieu (outra vez Raphinha) perdem o duelo contra Cláudio Ramos, o guardião tondelense. O jogo está partido, Borja não acerta uma, Gudelj está desgastado, mas o Tondela, nervoso, não consegue ligar o jogo, pese embora a entrada de Xavier tenha melhorado a equipa.

 

O Tondela deposita esperança num canto e acaba por ser feliz: num duelo aéreo de Brunos, o Monteiro bate o Fernandes e toca a bola para a entrada da pequena área onde aparece Tomané a desviar para a baliza. Keizer decide mexer, trocando Borja por Ilori, mas nada de substancial se altera. Manda então Bas Dost - amarelado no banco na sequência de uma simulação de um jogador do Tondela não sancionada disciplinarmente pelo árbitro - para o campo, por troca com Wendel. Com Bruno à direita, Raphinha à esquerda, Luíz Phellype e Dost no centro do ataque, o Sporting cria novamente perigo, mas eis que o treinador holandês volta a mexer, tirando o ponta de lança brasileiro e colocando Diaby. Foi o canto do cisne! Se o meio-campo já não tinha tracção, pior ficou. Em vez da troca de Gudelj por um fresco Doumbia, a entrada do maliano acentuou a clareira na nossa zona defensiva. Malgrado o esforço de Mathieu, obrigado aos 35 anos a fazer piscinas acima e abaixo de forma a ligar o jogo dos leões, o Tondela pôde então encontrar espaços para circular a bola e só por ansiedade não causou mais perigo. Ainda assim, num livre soberbamente executado por Xavier, Renan brilhou com uma das melhores defesas deste campeonato. Noutra ocasião, um desvio milagroso em Acuña evitou o pior.

 

E assim, ingloriamente, o Sporting despediu-se pelo seu próprio pé da edição da Champions de 2019/20. O bom senso recomendaria poupar alguns jogadores nucleares (Bruno, Acuña, Mathieu, Raphinha) na última partida do campeonato, guardando-os para a final da Taça e evitando aquelas contrariedades que se costumam abater sobre nós antes dos jogos decisivos. Enfim, pode ser que chegue finalmente a oportunidade de Francisco Geraldes.

 

Meus caros, é tudo por hoje. Vou imediatamente deitar-me, antes que o Piscarreta me entre pelo ecrã da televisão adentro e me provoque uma insónia daquelas...

 

P.S. Uma pergunta: o que é que os sapientíssimos "Scouters" do futebol português, que substituiram os antigos Olheiros, não vêem em Tomané?

 

Tenor "Tudo ao molho...": Acuña. Boas exibições também de Raphinha e Mathieu. Entrevistado no final do jogo, o francês disse que queria "seguir" por cá. Nós, adeptos, também queremos seguir com ele.

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11
Mai19

Sporting na final da Liga Europa (hóquei)


Pedro Azevedo

O Sporting está na final da Liga Europa de hóquei em patins, ao bater hoje o Benfica por 5-4, num jogo em que dominou desde o início, mas que acabou por complicar ao permitir aos "encarnados" recuperarem de uma desvantagem de 1-4 para a igualdade em pouco mais de 3 minutos. Gonzalo Romero acabou por ser providencial, marcando o golo da vitória quando já faltavam menos de dois minutos para o final da partida. Os restantes golos foram apontados por Platero (2), Gil e Magalhães. Amanhã, na decisão, os leões defrontarão o FC Porto, que na outra meia-final venceu o Barcelona nas grandes penalidades. 

10
Mai19

O Grande Tinô


Pedro Azevedo

Faz hoje 35 anos que morreu Joaquim Agostinho, o maior ciclista português de todos os tempos. Descoberto pelo também ciclista João Roque numa prova popular disputada em Barro, que venceu com 1 volta de avanço sobre o segundo classificado, foi imediatamente convidado para ingressar no Sporting. Já tinha 25 anos e ele próprio não tinha grandes ambições, mas logo na sua 1ª Volta a Portugal (1968) acabou em segundo lugar, compensando a falta de tecnica em cima da bicicleta com uma potência (força multiplicada pela velocidade) de pedalada incrível. Não era chefe-de-fila e a aposta da sua equipa era em Leonel Miranda, o qual acabaria por não ganhar (3º). Esta indefinição terá custado a Agostinho a sua primeira vitória na prova máxima do ciclismo nacional. Nos 5 anos seguintes, entre 1969 e 1973, venceu todas as edições da Volta a Portugal. Desclassificado, já depois de terminadas as provas, em 69 e 73, reteve os triunfos nos outros anos. Na primeira vitória que lhe foi homologada, em 1970, bateu a concorrência por mais de 7 minutos de diferença.  

 

 

Mas foi na Volta a França que o seu nome se tornou maior. Logo na estreia, emprestado pelo Sporting à Frimatic, de Jean de Gribaldy, obteve um oitavo lugar final, cometendo ainda a proeza de vencer duas etapas, a primeira com chegada a Mulhouse, a segunda em Ravel. No total, viria a atingir por oito vezes uma posição entre os 10 primeiros da melhor volta do mundo, tendo terminado no pódio (3º lugar) em dois anos consecutivos (1978 e 1979). Nesse último ano ganhou a mítica etapa do Alpe D`Huez que pode vêr no vídeo abaixo, com 3 minutos e 17 segundos de diferença para Bernardo Hinault e Joop Zoetemelk, os ases do pelotão na época. Ciclista muito popular, carinhosamente tratado por Tinô pelos gauleses, destacava-se pelas suas prestações na montanha e nos contra-relógios. Fora da estrada, as suas conversas de rescaldo de cada etapa com Carlos Miranda do jornal "A Bola" faziam as delícias dos amantes do ciclismo e do bem escrever em português (em rodapé, a conversa com o referido jornalista após a vitória em Ravel, 1969).

 

Também viria a brilhar na Volta a Espanha, tendo-se classificado em 2º lugar na Vuelta de 74, a escassos 11 segundos de José Manuel Fuente, algo que na época motivou grande controvérsia, com acusações de que os cronometristas teriam ajudado o espanhol a triunfar.

 

Regressado a Portugal, com o intuito de levar o Sporting a correr a Volta a França de 84, acabaria por falecer na sequência de um acidente causado por um cão que atravessou a estrada durante a realização da Volta ao Algarve. Por ironia do destino, morreu da mesma forma que viveu a maioria do seu tempo no Sporting: de amarelo vestido, pois liderava a volta algarvia naquele momento fatídico.

 

Joaquim Agostinho, "O Maior", morreu há 35 anos. Mas continuará a viver entre nós como um dos maiores símbolos de sempre do Sporting Clube de Portugal.

À conversa com Carlos Miranda (notável noção do "tempo" certo deste jornalista, que nos envolvia na narrativa como se estivessemos dentro da corrida):

- Aquilo vinha tudo a passo de caracol...

- E o Agostinho resolveu fugir?

- Não, senhor. Nunca me passou tal coisa pela cabeça. Eu vinha muito bem dentro do pelotão, vinha sossegado. Queria sossego, estava tudo dito...

- Mas, afinal...

- Ainda havia outro motivo para que não pensasse em fugir... Dentro daqueles primeiros quilómetros da etapa. tinham-se registado várias tentativas, vários ataques, haviam fulanos que queriam sair. Pois logo que isso acontecia, os belgas da equipa de Eddy Merckx [5 vezes vencedor do Tour] iam buscá-los. Pensei cá para comigo: isto hoje está mau. Ninguém tem ordem para fugir.

- Mas acabaram por sair...

- Claro, houve uma altura em que o grupo atacou. Como aconteceu estar bem colocado, fui com eles.

- Era o princípio...

- A fuga, no entanto, estava condenada a não dar nada. Porque andámos uns seis ou sete quilómetros com o pelotão sempre à vista. Sabe como são estas coisas... Quando um fulano não consegue, logo de entrada, distanciar-se, quando o pelotão se conserva sempre à vista, não há nada a fazer...

- Nesse caso...

- Os sujeitos que iam comigo resolveram abrandar e esperar pelo pelotão. Mas houve uma coincidência...

- Qual foi?

- Isso aconteceu precisamente na altura em que era a minha vez de ir para a frente marcar o passo... E eu impus um andamento forte, bastante forte. Nessa altura, não sei o que sucedeu...

- ...

- Das duas uma: ou os outros fulanos não aguentaram o andamento que eu impus ou o pelotão estava a menos de trezentos metros e eles resolveram não prosseguir no esforço...

- Fosse como fosse...

- Fosse como fosse, quando olhei para trás, estava sózinho. Então, ainda carreguei mais nos pedais. Dei tudo o que podia, mas a verdade é que o pelotão continuava à distância. Tive a sorte, então, de apanhar umas curvas. Empreguei-me a fundo, no sentido de me distanciar do pelotão. A coisa correu-me bem. Porque, cinco quilómetros depois, eu já tinha cerca de dois minutos de avanço.

- Surgia a perspectiva de ganhar a etapa...

- Bem, nessa altura pensei que a coisa podia suceder.

- Tinha conhecimento de que tinham saído mais dois ciclistas atrás de si?

- Pois sabia. Mas ia calmo, sabe?

- Porquê?

- Ora, porque aquele desejo de ganhar uma etapa já tinha passado. Quando foi em Mulhouse é que sofri que me fartei com a ideia que me podiam apanhar. Agora as coisas eram diferentes: eu só tinha que dar tudo o que podia, andar para a frente. Se visse que eles vinham em cima de mim, que estavam quase a apanhar-me, aguentava e esperava por eles.

- Esta vitória acabou por ser mais fácil do que a primeira...

- Claro. Não tive, como da outra vez, aquela perseguição movida pelo Merckx e pelo Gimondi [campeão italiano, ganhou as 3 voltas mais importantes], mas isso não quer dizer que não tenha tido dificuldades...

- A principal...

- O vento. Um fulano andar sózinho, açoitado pelo vento, é qualquer coisa de deixar um homem bem atrapalhado. Foi o diabo... [Nos derradeiros quilómetros, Agostinho ainda conseguiria aumentar o seu avanço, demonstrando ser um corredor com muita força.]

 

E assim, naquele seu jeito de quem não quer a coisa, Agostinho lá ganhou mais uma etapa de uma das maiores competições desportivas do Universo. Na sua estreia!

09
Mai19

Um abraço a Hugo Canela


Pedro Azevedo

Nas horas difíceis é importante que não nos esqueçamos de quem já nos fez felizes. Não podemos andar sempre num "rollercoaster", de oito e de oitenta, que nos tem caracterizado, e devemos continuar a dar mérito a quem o tem. Hugo Canela venceu os dois campeonatos anteriores e, já esta época, conseguiu uma qualificação inédita (nos actuais moldes) para os oitavos-de-final da Champions de andebol. A sua equipa atravessa agora uma fase de menos fulgor. A vitórias tangenciais, contra Águas Santas e Madeira SAD, seguiram-se duas derrotas nos recintos dos principais rivais de sempre. O título esta temporada parece uma miragem, mas a competição ainda não acabou. Tivemos diversas contrariedades, desde lesões até à ausência de um bom lateral direito e, eventualmente, algumas integrações de novos elementos, como é o caso do francês Arnaud Bingo, estarão a levar mais tempo que o previsto. Para além disso, os nossos adversários têm procurado reforçar-se constantemente, nomeadamente o FC Porto que detém a coluna vertebral da selecção nacional.

 

Devemos lutar sempre pelas vitórias, embora nem sempre seja possível ganhar. É importante que os sócios e adeptos leoninos compreendam isto e continuem a apoiar o treinador e os atletas do andebol. Canela já mostrou competência na forma de lidar com um grupo de jogadores muito experiente. E obteve resultados. Percalços existem sempre no nosso caminho. Bem absorvidos, tornam-nos muito mais fortes. Estou convencido que assim acontecerá com Hugo Canela, a quem daqui (extensível a todo o grupo) envolvo num abraço. Força Canela! 

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08
Mai19

Formar... para os outros


Pedro Azevedo

Pedro Mendes (Montpellier) e José Fonte (Lille), dois defesas centrais formados no Sporting Clube de Portugal, constam da lista de nomeados para o "onze ideal" da Ligue 1, o principal campeonato francês, segundo avança "O Jogo".

 

Pelo Sporting, Mendes jogou só 224 minutos na 1ª Liga, Fonte nunca actuou. Acabaram por sair sem qualquer ganho financeiro para o clube: Mendes andou de empréstimo em empréstimo - Real Massamá, Servette, Castilla - até que quando deram por ele o contrato estava a terminar e foi para o Parma a custo zero, Fonte foi dispensado a custo zero para o... Felgueiras. Trago isto à colação porque quando subiram à primeira equipa muita gente, treinadores e adeptos, duvidou que tivessem a qualidade suficiente para jogarem de leão rampante ao peito. Enfim, mentalidades. (Relembro que Fonte é campeão europeu e 36 vezes internacional pela selecção das quinas.) 

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08
Mai19

Sinais encorajadores


Pedro Azevedo

1) A possível final Liverpool X Ajax seria uma vitória, um grito de revolta dos clubes com história, patine, alma ("you will never walk alone") face à ditadura dos milhões do novo-riquismo do actual futebol mundial. Mais no caso dos "lanceiros" do que nos "reds", embora seja digna de admiração a forma como o clube de Liverpool passou a integrar um conglomerado de investimentos - Fenway Sports Group, grupo americano também proprietário dos Boston Red Sox e com interesses na Nascar - sem perder a sua identidade, aliás bem visível na forma como os seus adeptos cantam a plenos pulmões durante todo o jogo.

 

2) A homenagem prestada pelo Sporting ao Dr Domingos Gomes traz à evidência uma salutar forma de entender o desporto e a rivalidade entre clubes.

 

3) Acontecimentos aparentemente desconexos, acabam por ter em comum o regresso dos valores antigos.

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07
Mai19

O Leitor como Gestor do Futebol


Pedro Azevedo

Cinco perguntas aos Leitor:

1) Venderia Bruno Fernandes este ano por um valor abaixo da cláusula de rescisão?

2) Se sim, por que valor? Se não, indique as razões.

3) Consumada a transferência, que % da mesma gastaria em contratações?

4) Que posições reforçaria? 

5) Que jogadores contrataria para essas posições?

 

PS: Caso Bruno Fernandes não seja vendido, qual seria a sua estratégia (de vendas) para equilibrar o orçamento e, eventualmente, permitir uma aquisição cirúrgica?

07
Mai19

Bruno e a essência da paixão


Pedro Azevedo

Por algo que só mais tarde vim a compreender, a minha ligação ao Sporting nunca foi alimentado pela rivalidade com outros clubes. Na minha meninice, bem tentei odiar o Humberto Coelho ou o Chalana mas falhei por completo, não resistindo a admirar a liderança serena de um ou o génio exuberante do outro no terreno de jogo. Da mesma forma, aprendi a gostar da postura do treinador Toni, um homem sem fanatismos esdrúxulos e que, no meu entendimento, nunca fez mal ao futebol.

 

Não, não foi pelos piores motivos que alimentei o meu amor ao Sporting. A minha paixão pelo clube começou ao ouvir na telefonia os golos improváveis do Yazalde, as fintas desconcertantes do Dinis, as arrancadas do Marinho e as defesas impossíveis do Damas, e foi reforçada pelo sortilégio de pisar pela primeira vez o solo sagrado do antigo José de Alvalade. Aí, primeiro na Superior, depois na Bancada Nova, até me fixar na Bancada da Tribuna de Honra encostado ao varandim, fui tendo a minha vivência de Sporting. 

 

Ao longo dos anos vi passar grandes jogadores pelo nosso Sporting. Desde o Manuel Fernandes ao Oliveira, passando pelo Jordão, Fraguito ou Futre, do Figo ao Balakov, não ignorando o Paulo Sousa ou o Cherbakov, estes últimos, por motivos diferentes, em passagem meteórica pelo leão rampante. Mais tarde, vi nascer o Quaresma e o Ronaldo, e com eles a consolidação de mais uma bandeira da nossa Cultura, a aposta na Formação, que passámos orgulhosamente a ostentar de mão dada com o ecletismo.

 

Com o passar do tempo, o futebol-negócio foi tomando o lugar do futebol-espectáculo. A abertura das fronteiras europeias e o fim das restrições em certos países à aquisição de jogadores estrangeiros, tornou mais difícil a vida dos grandes clubes dos pequenos países periféricos e afectou a sua competitividade extramuros. Pensei, por isso, que não os formando em nossa casa, jamais conseguiríamos ter acesso a um desses craques do passado.

 

Eis então que vi pela primeira vez jogar Bruno Fernandes. E fiquei maravilhado. Quem me segue certamente não olvidará que sempre o considerei, por larga margem, o melhor jogador do Sporting. Mesmo quando sondagens de opinião entre adeptos não o colocavam entre os 3 melhores do plantel na época passada. Mas não é para mostrar razões que escrevo este texto, mas sim para partilhar uma reflexão que adiante desenvolverei.

 

É mentira que não haja jogadores insubstituíveis: Eusébio, Cruijff, Di Stefano, Pelé, Beckenbauer, Maradona, Messi ou Ronaldo foram ou são insubstituíveis. Pelo menos durante décadas, e mesmo assim nenhum adepto quer ter de esperar 50 anos para por fim vêr um Cristiano se equiparar ao outrora esplendor da "seta rúbia", Don Alfredo.

 

Enfrentemos a realidade: Bruno Fernandes é hoje insubstituível. Nenhum médio do Sporting conseguirá nos próximos tempos ter uma influência de cerca de 60% nos golos do clube. Uma barbaridade! Por outro lado, exibe uma liderança pelo exemplo que serve de inspiração a todo o plantel. Um jogador com esta relevância deveria sair com o título de campeão nacional. Por isso, dever-se-ia aumentá-lo e convencê-lo a ficar connosco mais uma temporada. Por ele e por nós. Assim, teria a motivação extra de deixar a sua marca para sempre no futebol do clube, vencendo o desígnio de outros craques como Balakov e Figo (para não falar de Futre)  que saíram de Alvalade sem coroa nem glória. E, aos 25 anos, ainda estará muito a tempo de deixar o seu nome gravado no futebol internacional. 

 

P.S. Se ninguém pagar a cláusula de opção, dêem-lhe os 5 milhões. Se um Kepa, guarda-redes, também ele não titular da sua selecção e oriundo do Atlético de Bilbau, vale 80 milhões para um Chelsea, porque é que nos havemos de contentar com pouco no que respeita a Bruno Fernandes, o médio mais goleador da Europa? Assim, repito o pedido/apelo que hoje Ristovski lhe formulou (a julgar pela imagem pode ser que esteja a ouvir): FICA!!!

brunofernandes10.jpg

06
Mai19

Onze de sempre do Sporting


Pedro Azevedo

Entre 81 jogadores intemporais nomeados, os Leitores de "Castigo Máximo" votaram e o melhor onze de sempre do Sporting é: 

 

Damas; César Prates, Luisinho, André Cruz e Hilário; "Manecas", Fernando Mendes e Travassos; Jesus Correia, Peyroteo e Albano.

 

Treinador: Josef Szabo

 

2º melhor onze votado pelos nossos Leitores:

 

Peter Schmeichel; Pedro Gomes, Valckx, Mathieu e Inácio; Oceano, Fraguito e Vasques; Figo, Yazalde e Seminário.

 

Treinador: Malcolm Allison

 

3º melhor onze votado pelos nossos Leitores:

 

Rui Patrício; Artur Correia, Eurico, José Carlos e Rui Jorge; Douglas, Canário e Balakov; Nani, Manuel Fernandes e João Morais.

 

Treinador: Randolph Galloway

 

Melhor Jogador de sempre da Formação:

 

Cristiano Ronaldo

 

Obrigado a todos os Leitores pela participação!

06
Mai19

Tudo ao molho e fé em Deus - Killer Instinct


Pedro Azevedo

Em Manhattan, as ruas não têm nomes mas sim números. No Jamor, a equipa da casa também não tem nome. E hoje o Sporting deixou-a feita num oito. É o que geralmente acontece no futebol quando, de um lado, se reúne uma equipa com tendências suicidas e, do outro, uma (finalmente!!!) com "killer instinct".

 

Silas será, porventura, um treinador para equipa "grande", com guarda-redes, defesas e médios com qualidade técnica superior que garanta alta eficácia de passe perante o risco iminente. Numa equipa média, tal ambição assemelha-se a praticar trapézio sem rede e a queda pode ser bem dolorosa. Ainda assim, os azuis estão fora de perigo, no nono lugar da tabela classificativa, sinal de que a estratégia serviu para o nosso campeonato, facto digno de realce num clube (SAD?) com as dificuldades por todos conhecidas.

 

Num final de tarde triste para Muriel, acabou por ser Guilherme, o seu substituto, a "pagar as favas" (são verdes...). Tudo começou quando aos 4 minutos o guarda-redes brasileiro arriscou um passe para Eduardo, que estava pressionado por dois adversários. Da perda de bola subsequente resultou, primeiro, um remate de Raphinha que encontrou Luíz Phellype (deitado) no caminho da baliza e, depois, um chuto de Bruno Fernandes salvo sobre o risco por Cleylton. Em condições normais, tal seria considerado um aviso. Acontece que, 6 minutos depois, Muriel repetiu a gracinha e agora com consequências bem mais gravosas para a sua equipa: Raphinha interceptou a bola, iludiu um defensor contrário e rematou de pé direito para o primeiro golo do jogo. (Ou como uma ideia de sair a jogar se transforma em hara-kiri.) 

 

Se as coisas já não estavam a correr bem a Muriel, ainda viriam a piorar: Bruno Fernandes e Raphinha combinaram para aplicar na prática o enunciado da Lei de Murphy e o guarda-redes acabou expulso. Silas alterou o seu 3-5-2 para um 4-4-1, fazendo sair um dos centrais e baixando os alas para posições defensivas, a fim de que pudesse entrar alguém para a baliza. Em cima do intervalo, Bruno Fernandes, com um toque de magia (calcanhar), serviu Luíz Phellype para o segundo golo dos leões, o sétimo do brasileiro em seis jogos consecutivos a marcar.  

 

No início da etapa complementar, o Sporting abrandou um pouco o ritmo. Os azuis ameaçaram e à segunda tentativa reduziram o marcador. Mas estava escrito que o dia não seria bom para os pupilos de Silas e, para prová-lo, nada como Gudelj finalmente mostrar a sua lendária, dir-se-ia até hoje mitológica, meia distância, ainda que para tal tenha beneficiado de uma carambola digna do Mundial de Snooker que se está a disputar em Sheffield, Inglaterra. Com o golo sofrido, os azuis definitivamente baixaram os braços. Já desorientados, de uma bola perdida na sua área viria a resultar um penálti desnecessariamente cometido sobre Luíz Phellype. Na conversão, Bruno Fernandes marcou o seu primeiro da tarde. Com 20 minutos ainda para jogar, o Sporting manteve a pressão, revitalizando o miolo do terreno com a entrada de Idrissa Doumbia para o lugar de um pouco intenso Wendel. Bas Dost preparava-se para ir a jogo, mas o Felipe das Consoantes não abandonaria o campo sem deixar pela terceira vez a sua marca no jogo, interpondo-se entre um defesa e o guarda-redes adversário e servindo em bandeja de prata Bruno Fernandes para novo golo. Mal entrou, o holandês marcou: nova bola perdida pelos azuis no seu meio-campo e Bruno Fernandes a servir Dost, o qual marcou à segunda. Depois, Acuña centrou da esquerda e Bruno Fernandes, sem deixar a bola cair, completou o hat-trick, obtendo o seu 31º golo da época, um record europeu para um médio. A partida não terminaria sem que Doumbia se estreasse a marcar - aventurou-se em caminhos que para o colega sérvio seriam o Cabo das Tormentas -, após assistência de Diaby (e belíssima simulação de Dost), na sequência de um passe de ruptura de (quem mais?) Bruno Fernandes (31 golos, 18 assistências, participação importante em outros 16 golos, ou seja, influência em 59,6% dos golos do Sporting). Foi o 109º golo da temporada, marca que suplanta os 108 golos da última temporada de Jorge Jesus, quando ainda faltam 3 jogos para terminar esta época.

 

Em conclusão, na jornada em que deixou de ter hipóteses matemáticas de ganhar o campeonato, o Sporting registou a sua vitória mais robusta da época. O "killer instinct" tão arredio ao leão rampante - na década de 90 já Bobby Robson se queixava da sua ausência - acabou por se manifestar de forma exuberante, algo inimaginável num campo onde o mais que provável futuro campeão nacional perdeu por dois golos de diferença (na Luz, o Benfica também não bateu o Belenenses SAD). Uma pequena compensação e mais uma demonstração do sortilégio do futebol, a fazer-me lembrar um outro 8-1, ao Braga, que há 35 anos atrás presenciei no antigo José de Alvalade. Dia 25 voltaremos ao Estádio Nacional, na esperança de que desta vez não haja um (J)amor de perdição que tudo deite a perder. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes. Menções honrosas para Luíz Phellype e Raphinha. Destaque especial para o regresso de Bas Dost (1 golo). 

BrunoFernandesBelenenses.jpg

05
Mai19

O melhor Treinador de sempre


Pedro Azevedo

Elencados os jogadores que mais brilharam de verde-e-branco vestidos, cumpre agora destacar os treinadores que os orientaram. Se não há treinador sem equipa, também não é menos verdade que há casos em que o "dedo" do treinador é mais evidente.

Os nomeados, por ordem cronológica, são:

1) Josef Szabo (13 temporadas, entre 36 e 45, entre 52 e 55, em 64/65);

2) Randolph Galloway (Tri-campeão);

3) Anselmo Fernandez (Vencedor da Taça das Taças);

4) Fernando Vaz (Campeão em 1970, vencedor da Taça em 1971);

5) Mário Lino (Dobradinha de 74, só foi treinador principal do clube nesse ano);

6) Malcolm Allison (Dobradinha em 82 com forte aposta na Formação);

7) Augusto Inácio (Campeão em 2000, matou o jejum de 18 anos).

 

Participem! Adicionalmente, pedia que ordenassem decrescentemente, do melhor para o menos bom, os sete treinadores nomeados. Agradecia apenas que, conjuntamente com o voto, indicassem o nome ou pseudónimo com que habitualmente aqui assinam. Então, está aberto o inquérito (até às 23h59 de hoje). O resultado será apresentado às primeiras horas de amanhã. Muito obrigado e viva o Sporting!

 

P.S. Houve apenas 1 pedido para nomeação de Bobby Robson, o mesmo para Mirko Jozic, números insuficientes para os incluir na lista de nomeados. 

 

Resultados - "Melhor Treinador de sempre": Josef Szabo (97 pontos). Completam o pódio Malcolm Allison (52) e Randolph Galloway (46).

josef szabo.png

Jozef Szabo, o melhor Treinador de sempre para os leitores de "Castigo Máximo"

04
Mai19

O melhor jogador produzido pela Formação de sempre


Pedro Azevedo

Elencados aqueles que mais brilharam de verde-e-branco vestidos, cumpre agora destacar os que, trabalhados nos nossos escalões de Formação, tiveram uma grande carreira, seja ao serviço do Sporting ou de clubes nacionais ou internacionais. Assim, pretende-se apurar o melhor jogador de sempre produzido no Sporting.

Os nomeados, por ordem cronológica, são:

1) Jorge Mendonça (Sporting, Deportivo Coruña, Atlético Madrid, Barcelona, Mallorca);

2) Vítor Damas (Sporting, Santander, Guimarães, Portimonense);

3) Paulo Futre (Sporting, Porto, Atlético Madrid, Benfica, Milan);

4) Luís Figo (Sporting, Barcelona, Real Madrid, Inter);

5) Simão Sabrosa (Sporting, Barcelona, Atlético Madrid, Benfica);

6) Cristiano Ronaldo (Sporting, Manchester United, Real Madrid, Juventus);

7) Nani (Sporting, Manchester United, Fenerbahçe, Valência, Lazio).

 

Participem! Adicionalmente, pedia que ordenassem decrescentemente, do melhor para o menos bom, os sete jogadores nomeados. Agradecia apenas que, conjuntamente com o voto, indicassem o nome ou pseudónimo com que habitualmente aqui assinam. Então, está aberto o inquérito (até às 23h59 de hoje). O resultado será apresentado às primeiras horas de amanhã. Muito obrigado e viva o Sporting!

 

P.S. Amanhã o desafio para os Leitores será escolher o "Melhor Treinador de sempre". Estamos sempre a aprender e, como tal, vou promover aqui uma inovação e sugerir aos nossos Leitores que nomeiem durante o dia de hoje, conjuntamente com a votação da Formação, o nome de um treinador que não conste da minha lista e que gostassem de ver incluído na lista que irá a votação. O nome mais votado constará da lista final de nomeados, amanhã. As minhas nomeações, por ordem cronológica, são: Szabo, Galloway, Anselmo Fernandez, Fernando Vaz, Mário Lino, Malcolm Allison e Inácio. As escolhas tiveram a ver não só com o número de títulos, mas também com o carácter simbólico de algumas dessas conquistas e com a importância de certos treinadores no desenvolvimento de ideias positivas de ver o jogo, aposta na formação de jogadores, etc. Fico então à Vossa espera para obtermos o 8º nomeado.

 

Resultados - "Melhor jogador produzido pela Formação": Cristiano Ronaldo (132 pontos). Completam o pódio Figo (88) e Vítor Damas (63).

cristiano ronaldo sporting.jpg

Cristiano Ronaldo, o melhor jogador formado pelo Sporting para os leitores de "Castigo Máximo"

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