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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

31
Mai19

A Revolução


Pedro Azevedo

Portugal é aquele país em que tudo vai acontecendo naquele jeito de que se não for exactamente assim não há problema, que isto de engendrar o acaso deve obedecer a imenso planeamento, parecendo sempre que o importante para os decisores(?) é que pareça que algo mude para que tudo fique mais ou menos da mesma forma. De vez em quando, surge alguém que vem abanar o status-quo" vigente. Em Portugal, a alguém assim chamam-no de revolucionário, no resto do mundo é um simples empreendedor. Foi mais ou menos assim, contra este estado de coisas, que desceu à capital o capitão Salgueiro Maia, ele próprio um herói com perfil de anti-herói, naquele jeito semi-inconsciente de quem, à despedida, diz "vou ali abaixo fazer a revolução", levando para o efeito consigo o chaimite como quem vai fazer a rodagem ao Hummer, coisita "discreta" e mal disfarçada só por obedecer às cores dos semáforos. Já muito consciente foi o seu regresso, que revelou o homem por detrás do soldado, o sentido de honra e espírito de missão de alguém que soube sempre qual o seu lugar na história e qual a janela de protagonismo a que se obrigava. Por isso voltou, como se nada fora, ao seu quartel, como puro e bom homem das casernas, imune ao xico-espertismo dos aproveitamentos pós-revolucionários e ao lambe-botismo tão nacional das honrarias e das comendas. 

 

Falo de Salgueiro Maia, por quem tenho profundo apreço, porque o futebol português necessita como nunca de um homem como ele, disposto a tudo arriscar para vir até Lisboa fazer a revolução. Quem já foi a um estádio de futebol sabe que o assobio é uma arte bem nacional. Mas o adepto assobia, dirigindo o seu silvo para alguém que está à sua frente. É o chamado assobiador amador, uma singular forma de AA que exige reuniões semanais a fim de sublimar o vício em vez de o reprimir. No entanto, à medida que se vai subindo na pirâmide do poder, vamos vendo assobiadores cada vez mais profissionais. Curiosamente, a direcção dos assobios vai-se desviando cada vez mais para os lados. Tanto para os lados que os potenciais alvos deixam de os ouvir, por também não ser esse o propósito do emitente. Este só pretende desviar as atenções e lateralizar para os portugueses. Sim, porque lateralizar é uma arte que os portugueses vêm desenvolvendo de há muitos anos a esta parte. Enquanto os anglo-saxónicos apressam-se a chegar ao âmago da questão, aquilo que no futebol é expresso pelo jargão do futebol-directo, os lusitanos vão percorrendo o algoritmo do caminho crítico, escondendo sempre a sua verdadeira intenção até ao último momento, não vá o conjuntural alvo aperceber-se de que também queremos ser felizes. Por isso, engonhamos. Engonhamos e lateralizamos até à exaustão, até o oponente cansar-se e baixar as suas protecções, para, depois sim, desferirmos o golpe mortal. Ou não, porque às vezes o "inconseguimento" está tanto no nosso sangue que ficamos presos nos meios e esquecemos os fins. Não foi mais ou menos assim, após elaborado planeamento do acaso, que nos sagrámos campeões europeus? Ou como o melhor coisa que os nossos briosos jogadores um dia fizeram por Portugal pode, simultaneamente, ter sido a senha para a legitimação do pior do futebol português...

31
Mai19

Uma época positiva!


Pedro Azevedo

Oiço e vejo por aí, em diversos fora de discussão, avaliações dissonantes em relação aos resultados desportivos da última época do futebol do Sporting. Mais do que fazer uma apreciação sobre as opiniões de outras pessoas, que têm todo o direito de as fazer independentemente das suas motivações, houve um aspecto que me chamou à atenção e que se relaciona com um determinado sentimento que depois não é bem expresso (ou fundamentado) nos motivos apontados como justificação para a tal avaliação. Nesse sentido, penso poder contribuir para essa discussão, estruturando ideias à volta daquilo que entendo serem os pilares estratégicos de um clube como o Sporting. Como em tempos aqui deixei, os pilares do Sporting deveriam ser a Sustentabilidade, a Cultura (corporativa/identidade) e os Princípios (ética). Ora, deixando de fora a questão dos Princípios, relacionado com aspectos qualitativos e não quantitativos, restam-nos a Sustentabilidade e a Cultura, sobre os quais tentarei aqui medir o impacto dos resultados desportivos. 

 

Cultura: do ponto-de-vista da identidade de um clube, vencer duas das três provas nacionais em que participou tem de ser considerado como bom. É certo que o campeonato, a competição mais importante, não foi ganho, mas dois títulos é mais do que os dois rivais somaram juntos (não estou a contar com a Supertaça que não disputámos), pelo que a época foi importante na afirmação de uma cultura vencedora. Avaliação: Bom

 

Sustentabilidade: do ponto-de-vista da sustentabilidade, os troféus ganhos nas taças têm impacto desprezível nas nossas finanças. Já um terceiro lugar no campeonato não pode ser considerado bom, porque não garante (nem remotamente) a Champions e isso permite antecipar um aumento do fosso face aos nossos concorrentes, dos quais um tem cerca de 50 milhões de euros garantidos na prova milionária e o outro pode atingi-los se ultrapassar duas pré-eliminatórias. Caso tivessemos ganho o campeonato, automaticamente garantiríamos 25 milhões (o nosso ranking é pior do que o dos outros dois grandes portugueses), mais o market pool e as receitas de bilheteira da Champions (conjugadamente, cerca de 4,5 milhões em 17/18), o que retiraria alguma pressão sobre a venda do nosso melhor jogador (Bruno Fernandes). Nesse sentido, a avaliação é negativa. Avaliação: Medíocre.

 

Avaliação Global: considero que a Cultura de um clube, a sua identidade e os seus valores e, no caso concreto, o espírito de conquista, é tão importante como a sustentabilidade, pelo que obtendo a média das avaliações de cada parcela chego à conclusão que a avaliação é positiva. Avaliação média: Suficiente (regular). (Esta é uma avaliação independente, porque independente é quem a profere, só estando alinhado com o Sporting, a razão da existência deste espaço.)

 

Reparem que estou só a avaliar os resultados, um aspecto puramente quantitativo. No entanto, se introduzisse aqui os constrangimentos inerentes à preparação da última época, adaptando assim aspectos qualitativos, tenderia a considerar a avaliação global dos resultados desportivos como boa. Esse talvez seja o aspecto qualitativo mais relevante a reter esta época, embora haja outros. Por exemplo, do ponto-de-vista de menores gastos com o plantel por via de uma aposta mais convicta na Formação, a época foi parcialmente falhada, tendo-se contratado jogadores mais em quantidade do que em qualidade, ou, pelo menos, não em qualidade que faça efectivamente a diferença. A esse nível, os melhores elementos continuaram a ser Bruno Fernandes, Acuña e Mathieu, e a segundo linha continuou a ser composta por Coates e Bas Dost (Battaglia lesionou-se), sendo de destacar a subida para este patamar de Wendel (aposta de Keizer, já cá estava), Raphinha e Renan (ambos contratações desta época). Um factor importante foi o crescimento de dois novos jogadores, recém-contratados, que subiram automaticamente para um terceiro patamar (positivo), deixando boas indicações de que poderão progredir ainda mais. São eles Luíz Phellype e Doumbia, conjuntamente com a promessa Matheus Nunes (sub-23) as melhores incursões no Mercado de Inverno. A aguardar confirmação em 2019/20. Jovens promessas como Jovane (muito influente com Peseiro) ou Miguel Luís (aposta não continuada de Keizer) ficaram aquém do que chegaram a prometer.

 

30
Mai19

Quiz32 - As melhores épocas


Pedro Azevedo

Hoje, peço aos Leitores que indiquem por ordem decrescente (da melhor para a menos boa), quais foram as 3 épocas em que o Sporting obteve a melhor média de pontos por jogo da sua história, considerando os campeonatos nacionais jogados a partir da época 1938/39. Para o efeito, façam o favor de considerar que todos os campeonatos foram disputados na actual modalidade de 3 pontos por vitória, 1 ponto por empate e 0 pontos por derrota. Então fico à espera das Vossas respostas. 

 

Resultado: a melhor época em termos de média de pontos do Sporting foi a de 1946/47, com uma média de 2,692 pontos por jogo (considerando a actual sistema de pontuação). Seguem-se as de 1939/40 (não fomos campeões), com 2,611pontos/jogo e, finalmente, a de 1969/70, com 2,577. Os treinadores foram, respectivamente Robert Kelly, Joseph Szabo (com Jeno Konrad) e Fernando Vaz. Fica a curiosidade para quem se interessar por estas coisas.

 

Vencedor: não houve. Para além de um anónimo, ninguém sequer tentou arriscar quais foram as melhores épocas do clube. Enfim, dá que pensar se este Quiz deve continuar.

29
Mai19

Ensaio sobre o Plantel de 2019/20


Pedro Azevedo

Ficando a aguardar as sugestões dos nossos Leitores, aqui fica o meu esboço de plantel para a temporada de 2019/20:

 

Guarda-redes - Renan é, provavelmente, um dos jogadores mais subvalorizados do campeonato português. Muito tempo tapado no São Paulo pelo ídolo Rogério Ceni, naturalmente o seu estatuto quando chegou à Europa não era impressionante. Vi-o, na época anterior, no famoso "jogo do vento", em que o Estoril bateu o Sporting, e gostei dos seus reflexos. Contratado por Sousa Cintra a título de empréstimo, mereceu amplamente a confiança nele depositada, tendo sido providencial na conquista das duas taças. Muito elástico entre os postes, viu sobre ele pairar o anátema de que geralmente tocava na bola antes desta entrar. Sempre vi nisso uma qualidade e não um defeito, na medida em que nunca dava uma bola perdida, inclusivé aquelas em que ficaria melhor na fotografia se não se mexesse. Deu vários pontos ao Sporting este ano com defesas incríveis em momentos decisivos do jogo. Assim de repente, recordo-me do jogo em casa contra o Portimonense, o de Chaves, entre outros. Deverá melhorar o seu jogo de pés e a antecipação de certos lances, nomeadamente cobrindo melhor o espaço deixado nas costas por uma defesa subida. Para mim, é um valor seguro. 

Salin não comprometeu quando chamado, com destaque para o jogo na Luz, e parece fazer um bom balneário. Deve melhorar a sua acção nos cruzamentos por alto. Max também é bastante elástico e deverá começar a ter minutos nas taças, alternando com Salin. A primeira regra da economia é a de que os recursos são escassos, pelo que para mudar teria de ser para fazer a diferença. Como tal, aplicaria o dinheiro no reforço de outras posições.

A minha opção: Renan, Salin, Max (promovido dos sub23)

 

Lateral Direito - Bruno Gaspar é curto para as ambições do Sporting e deve ser colocado no mercado (venda ou empréstimo com os ordenados pagos) e Ristovski é um touro a quem não se pode pedir números de primeira bailarina. Ainda assim, o macedónio é um daqueles carregadores de piano que misturados na dose certa com jogadores virtuosos e jovens da Formação podem produzir um bom cocktail, vidé a época de Allison, onde Barão, Marinho e Nogueira tiveram um papel determinante no sucesso. Assim sendo, promoveria definitivamente Thierry Correia e investiria noutras posições, a não ser que surgisse uma proposta muito boa pelo macedónio. Num sistema de 3 centrais, Mama Baldé (ou Raphinha) poderia até fazer toda a ala na maioria dos jogos em Alvalade.

A minha opção: Ristovski e Thierry Correia (promovido dos sub23)

 

Centrais - Mathieu é imprescindível. Coates tem dias, mas é jogador acima da média. Neto já foi confirmado. Faria regressar Domingos Duarte, que foi eleito para a melhor dupla de centrais da La Liga2, e manteria Borja, de forma a ter um canhoto como alternativa a Mathieu, se tivesse a certeza de que Keizer não apostaria nele como lateral esquerdo. Cinco centrais parece-me adequado para o sistema de 3 centrais que creio irmos ver mais vezes na próxima temporada. Ivanildo, central pela esquerda, ainda não me convenceu totalmente. Faz-me lembrar Ilori (vendê-lo-ia), com as suas frequentes distrações fatais, embora seja mais novo e ainda vá a tempo de corrigir esse aspecto.

A minha opção: Domingos Duarte (regresso de empréstimo), Coates, Neto, Mathieu, Borja

 

Lateral Esquerdo - Se a ideia de Keizer é Borja poder jogar como lateral, a minha recomendação seria que o vendessem já, aproveitando a valorização inerente às suas convocatórias para a selecção da Colômbia. Borja é um jogador hesitante, que estranhamente vai recolhendo comentários favoráveis de adeptos leoninos convencidos de que existe elevado potencial num jogador de 26 anos que ainda tem dificuldade em perceber os terrenos que pisa. A mim, faz lembrar um indíviduo que vai à caça e, a meio do caminho, se lembra de que deixou a arma em casa e volta para trás. Acuña é um dos três melhores jogadores do actual Sporting, conjuntamente com Bruno e Mathieu. A sua influência melhora bastante num sistema de 3 centrais, onde encontra maior liberdade para aplicar aqueles seus centros com curva que tão bons resultados vêm produzindo. Creio que a sua posição ideal é mesmo essa, pois assim vê o jogo de frente. Por não ser muito inventivo a nível de finta, como ala não é determinante, obrigando-o muitas vezes a jogar de costas para o adversário e a rodar para causar perigo. Nessa posição revela, no entanto, uma qualidade interessante: a sua leitura do jogo interior. Para o acompanhar, procuraria um lateral com outras características, mais rápido, com maior explosão e que jogasse mais por fora. Como não temos fornada imediata nas camadas jovens, procuraria um jogador jovem para desenvolver. Caso Acuña saia (não quero de todo), contrataria Angeliño (PSV Eindhoven).

A minha opção: Marcos Acuña e Gian-Luca Itter (alemão, Wolfsburgo, 20 anos, 2M€ Transfermarket) 

 

Médio Defensivo - Gudelj e Petrovic têm ordenados incomportáveis. Para além disso, não caminham para novos, pelo que entendo que não se justifica o custo, pese embora a excelente atitude demonstrada por Petrovic na Taça da Liga, ou o esforço de Gudelj. Comprámos em Janeiro dois jogadores que precisamos de desenvolver (Doumbia e Matheus Nunes) e Battaglia está de regresso. 

A minha opção: Doumbia, Matheus Nunes (promovido dos sub23), Battaglia

 

Médio "box-to-box" - Wendel cresceu muito na última temporada, Miguel Luís deu boas indicações até sair da equipa e Battaglia ou Matheus Nunes (até mesmo Doumbia) podem fazer a posição. Daria uma última oportunidade a Ryan Gauld, porque vejo nele um jogador capaz de dar geometria e dinâmica (fazendo a bola correr) ao jogo.

A minha opção: Wendel, Miguel Luís, Ryan Gauld

 

Médio de ataque - Fica Bruno é o sentimento na cabeça da esmagadora maioria dos adeptos. Alguns, poucos, vêm numa potencial venda uma oportunidade de sanear as finanças. Bruno tem 3 valências (pelo menos) a considerar: é o criativo da equipa, pode facilmente jogar a "8" e é o capitão por todos respeitado, conseguindo congregar à sua volta todo o plantel. A sua inteligência não é apenas demonstrada no campo, também fora dele dá cartas, parecendo sempre saber o que dizer e quando fazê-lo, não se coibindo de distribuir os louros por todos os colegas. Não o venderia e compraria Vlap, um jogador que transformaria facilmente o 4-3-3 num 4-4-2. Se Bruno sair, ficaria com Geraldes (por mim, ficaria sempre, mas Keizer não o utiliza, pelo que...). O ucraniano Malinovskyi, de quem se tem falado, é um jogador diferente do holandês aqui referido. Enquanto um procura mais as combinações para finalizar vindo de trás (Vlap), o outro é mais um organizador de jogo e tem no remate de meia distância (bola parada incluída) a sua principal virtude. Mas Ruslan Malivovskyi, actualmente no Genk, que marcou 16 golos e fez 16 assistências no campeão belga, já tem 26 anos, o que para um médio já reduz um pouco o seu valor de mercado numa futura venda (guarda-redes, centrais e pontas de lança mantêm mais o valor).

A minha opção: Bruno Fernandes (Francisco Geraldes) e Michel Vlap (holandês, Heerenveen, 21 anos, 17G e 6A em 18/19, 4M€ Transfermarket) 

 

Ala Direita - Raphinha ficou um pouco aquém das expectativas iniciais, nomeadamente mostrando dificuldades no 1x1. Mas é um jogador muito rápido, que cruza bem, tem golo e se mostra comprometido com a equipa. Mudá-lo-ia de flanco e daria uma oportunidade a Mama Baldé (pé direito). Faria regressar Matheus Pereira (pé esquerdo) para completar o leque de alas e manteria Jovane.

A minha opção: Mama Baldé (regresso de empréstimo), Matheus Pereira (regresso de empréstimo), Jovane   

 

Ala Esquerda - Raphinha continuaria, Diaby seria vendido. Contrataria mais alguém que adicionasse inequivocamente qualidade à equipa. A minha escolha seria Younes, um ala que joga preferencialmente com o pé direito, mas que se posiciona sobre a esquerda partindo em diagonais. Nas movimentações faz lembrar Nolito, mas possui mais recursos técnicos.

A minha opção: Raphinha e Amin Younes (alemão, 25 anos, ex-Ajax, Nápoles, 5M€ Transfermarket)

 

Ponta de Lança - O Sporting precisa de fazer algum dinheiro e admitiria vender Bas Dost caso surgisse alguma proposta à volta de 20M€. Manteria Luíz Phellype, teria Vietto e Gelson Dala como opções contrastantes (mais móveis, velozes e técnicos) e contrataria um outro ponta de lança que combinasse ambas as características.

A minha opção: Luíz Phellype, Gelson Dala, Vietto, Mbwana Samatta (tanzaniano, Genk, 26 anos, 9M€ Transfermarket) 

 

Vendas: Ilori, Misic, Diaby, Bas Dost, Bruno Gaspar, Jefferson, André Pinto, Mattheus Oliveira, Jonathan, Lumor, Iuri Medeiros, Borja (se surgir uma boa oferta), entre outros, com a expectativa de fazer um mínimo de 40M€ (+poupança de 8M€ em ordenados anuais) 

Dispensas: Petrovic e Gudelj (poupança conjunta de 5M€/ano)

Empréstimos: Ivanildo (fica, se Borja sair), Palhinha (tem +1 ano de contrato com o Braga), Alan Ruiz (ninguém nos vai dar nem perto do que pagámos por ele), Daniel Bragança.

 

Nº de jogadores da Formação: 8

Nº de jogadores até aos 23 anos: 14 (metade do plantel)

 

Conclusão: total de vendas de 40M€ e poupança anual em salários de 13M€, a que há que adicionar o global do negócio Gelson (15M€, admitindo que não há comissões), teriam um impacto positivo nos Resultados de 68M€, 53M€ dos quais já no exercício de 2019/20. As compras aqui sugeridas, no valor de 20M€, mais os ordenados desses jogadores (vamos admitir que seriam de 6M€), teriam um impacto negativo no mesmo período de cerca de 10M€ (as compras entram como amortização anual do valor e, para o efeito, admite-se contratos de 5 anos), o que daria um resultado Liquido nestas operações de 43M€.

 

P.S. Dos jogadores do actual plantel, em termos significativos há apenas que considerar a subida de ordenado de Bruno Fernandes (admitindo que fica). O meu pressuposto principal é que há 3 jogadores insubstituíveis, pelo seu patamar de qualidade: Bruno, Mathieu e Acuña. Se Younes chegasse, então teríamos um quarto jogador garantido a esse nível, havendo ainda a esperança que Raphinha, Wendel ou Matheus Pereira (jogadores ainda bastante jovens) venham a elevar as suas exibições para um nível de excelência. O plantel teria 28 jogadores.

 

Tem a palavra o Leitor...

 

Disclaimer: não tenho, obviamente, qualquer interesse económico nos jogadores referenciados, com quem aliás nunca falei e não conheço pessoalmente.

 

28
Mai19

Mathieu e o elixir da juventude


Pedro Azevedo

Em Outubro completará 36 anos este defesa oriundo de Luxeuil-les-Bains, uma cidade gaulesa conhecida pelas propriedades minerais das suas águas, as quais estiveram na origem da criação de umas termas romanas actualmente muito procuradas por quem sofre de reumatismo e outras maleitas do corpo. Talvez aí resida a chave que explique as invejáveis capacidades técnicas e físicas de Mathieu, que mantém intactas a qualidade do seu pé esquerdo, leitura de jogo, resistência e velocidade, factos que indiciam ter encontrado o elixir da juventude.    

 

Se Luxeuil, que deve o seu nome ao deus das águas Luxovios (venerado em toda a Gália), o viu nascer,  em boa hora os sportinguistas o viram aparecer em Alvalade. É que este Mathieu (Mateus, em português) faz jus ao seu nome e é um presente de Deus. Um luxo!

mathieu2.jpg

27
Mai19

Quiz31 - Pai e filho campeões


Pedro Azevedo

O pai foi Campeão de Portugal e recordista nacional pelo Sporting. O filho igualou o feito, mantendo até hoje o record nacional dessa disciplina do atletismo. Quem são eles e de que disciplina (prova) estamos a falar? 

 

Resposta: Pedro de Almeida e João Almeida, pai e filho, foram Campeões de Portugal e recordistas nacionais dos 110m barreiras. Aliás, o filho, João Almeida, ainda ostenta o record obtido em 8 de Julho de 2012, com a marca de 13 segundos e 47 centésimos. Uma nota: vários Leitores responderam Arnaldo Abrantes (pai e filho), mas a resposta não está correcta. Embora ambos tenham sido Campeões de Portugal e recordistas nacionais dos 4x100m, o actual record em vigor da disciplina foi obtido em Rieti, em 2015, ano em que Arnaldo Abrantes (filho) já não representava o Sporting (atleta do Benfica).

 

Vencedor: O Leitor Leão de Quiosque foi o único a acertar. É ele o vencedor deste Quiz31. Os meus parabéns e um obrigado a todos os que participaram.

JoãoAlmeida_Atletismo.jpg

27
Mai19

Notas soltas sobre a Final


Pedro Azevedo

  1. Durante a primeira parte foi testada uma alteração revolucionária das regras de jogo, que consiste na abolição do fora-de-jogo. Infelizmente, os espectadores não foram avisados previamente e o teste ocorreu apenas em metade do campo, pelo que a reacção dos sportinguistas não foi positiva.
  2. O único amarelo visto pelos portistas em 90 minutos de jogo foi o do sorriso de Sérgio Conceição.   
  3. O facto que causou maior surpresa, quiçá indignação, junto da falange de apoio sportinguista sentada na Central do Estádio Nacional foi Sérgio Conceição não ter arremessado a medalha de finalista.
  4.  Está decidido: em próximas finais contra o Sporting, os portistas trocarão os penáltis por pontapés de canto.
  5. O Soares quis homenagear Casillas num jogo impróprio para cardíacos. Com amigos destes...
  6. Na natureza, nada se perde, tudo se transforma: o Herrera diminuiu as orelhas, mas aumentou os ombros.
  7. Por ironia, um Andrade (Fernando) entregou a Taça ao Sporting. 
  8. Jefferson apresentou-se na Tribuna de Honra com uma boina vermelha/grená do Grupo Especial de Paraquedistas. Eu bem que suspeitava que ele tinha caído em Alvalade de Pára-quedas...

 

P.S. Casillas, por quem tenho enorme apreço como jogador (excelente) e cidadão (um senhor!), que me desculpe a blague. Desde a sua estadia no nosso país que fiquei seu fã incondicional. Infelizmente, ninguém está livre de lhe acontecer algo similar. A Casillas, bem como à sua família, desejo o melhor que a vida possa dar. Ele bem merece!

26
Mai19

Tudo ao molho e fé em Deus - Gente feliz com lágrimas


Pedro Azevedo

No Jamor, o pré-jogo é tão ou mais importante do que o próprio jogo. Desde o meio-dia reunidos à volta da mesa, os convivas começam por atacar umas entraditas, assim a jeito de quem vai ao relvado fazer um aquecimento. Seguem-se umas gambitas, como quem estuda o adversário e esconde algumas energias para a batalha decisiva que far-se-á mais lá para a frente. Quando chega o leitão, a coisa fica mais séria, o confronto endurece e as armas estão todas presentes em cima da mesa. As pernas começam a fraquejar e a hidratação torna-se fundamental. Produz-se o oximoro: a mini maximiza a resistência ao calor. Vencido este jogo de parábolas, os convivas vão então ao verdadeiro jogo. E que jogo!

 

Anos e anos de desilusões tornaram o sportinguista prudente. Se o resultado é sempre incerto, o sofrimento é mais do que certo. Penso até que, futuramente, o kit para novos sócios deveria incluir um desfibrilador. (Just in case...) Nesse espírito, como quem tenta conter a projecção da felicidade, lá rumámos aos nossos lugares na bancada, descendo dos courts de ténis e passando a Porta da Maratona, tudo presságios daquilo que estará para acontecer mais adiante: um jogo com prolongamento e decidido num tie-break de penalidades. 

 

Devo dizer que a entrada em campo do Sporting foi surpreendente. Os leões rapidamente assumiram o jogo e remeteram os dragões para o seu meio-campo defensivo. Mas alguns handicaps cedo ficam a nu: um alívio despropositado de Bruno Gaspar oferece a Otávio a primeira grande oportunidade do jogo. O remate sai forte e colocado, mas Renan diz presente e resolve com uma grande defesa. O brasileiro abriu em grande e em grande viria a fechar o jogo. Bom, mas isso foi mais para a frente. Rebobinando, o Sporting respondeu de pronto e Bruno Fernandes obriga Vaná a uma boa parada. Até aos 20 minutos, o Sporting tem o controlo das acções, mas após esse período o Porto equilibra e até ganha algum ascendente. Raphinha tira tinta ao poste e, na resposta, Marega marca, mas está fora-de-jogo. Já perto do intervalo, Herrera recepciona a bola com o ombro(?), centra e Soares, de cabeça, coloca os pupilos de Sérgio Conceição na frente do marcador. O jogo está bom e agora é o Sporting que ataca: Bruno Fernandes recebe um passe de Acuña, remata, a bola ainda bate em Danilo e entra. Está reposta a igualdade, mesmo ao soar do gongo para o descanso.

 

Já na etapa complementar, o Porto é agora dominador. Logo de início, Soares acerta no poste direito de Renan, mais tarde Danilo visa o outro poste. Wendel ainda ameaça, mas o Sporting não consegue fluir o seu jogo. Keizer tenta brevemente implementar uma linha defensiva de 3 centrais, retirando Bruno Gaspar, fazendo entrar Ilori e avançando ligeiramente Acuña. Raphinha é agora lateral direito, com Diaby (mudou de flanco) à sua frente. O Sporting parece crescer com a nova táctica e leva perigo por duas vezes ao último reduto portista, mas a entrada de Dost para o lugar do maliano produz nova alteração no xadrez das peças, jogando agora o Sporting num 4-4-2, com Bruno Fernandes encostado à esquerda e Ilori e Acuña a preencherem as laterais. A custo, e com um SuperMat (a versão super-herói de Mathieu), o Sporting leva o jogo para prolongamento.

 

A primeira parte da prorrogação vê o Sporting a dar a volta ao marcador: uma bola perdida na área é aproveitada por Dost para rematar cruzado e sem hipótese de defesa para o guardião dos dragões. Mais uma vez, Acuña está na origem da jogada. O cansaço já é muito, o Porto ameaça, mas o público leonino embala a equipa com os seus cânticos. A vitória parece possível, vai ser possível, mas eis que o fado do leão se volta a manifestar e o Porto empata já depois da hora. 

 

Mais uma cambalhota no jogo e esta com marcas profundas na montanha russa de emoções vivida pelos adeptos sportinguistas. Do outro lado, os Super Dragões rejubilam, conscientes de que a vantagem psicológica passou para o seu lado. Nesse transe, o jogo vai para penáltis. Os leões confiam em Renan, o herói da Taça da Liga, a fé dos adeptos portistas reside na "igreja" Vaná. O início das penalidades confirma que o ascendente passou para os dragões e Dost falha ao tentar estrear uma nova forma de marcar a partir dos 11 metros. Parece que o Porto vai ganhar, mas Pepe acerta também na barra. Nada está perdido, mas também nada está ganho no momento em que os sportinguistas roem as unhas enquanto Coates se prepara para marcar o último penálti da série regular. O uruguaio tem um histórico de falhanços que não abona e muitos viram as costas à finalização. A coisa acaba por correr bem aos leões. Com 4-4, entramos naquela fase mata-mata. Fernando é o homem chamado por Conceição para bater. Renan voa e voa e voa e, num instante, abre asas aos sonhos dos sportinguistas. Agora, "só" falta o Felipe das Consoantes meter a bola lá dentro. Há quem chore, quem não queira ver, quem ganhe força agarrando-se frenéticamente a quem está mais à mão. Um estádio inteiro suspenso de um pontapé na bola. E é a redenção! O toque de Deus! Uma época que tinha tudo para correr mal, acaba em glória com a conquista de duas taças. Confesso que as lágrimas me escorreram pelos olhos no preciso momento em que vi a bola anichar-se no fundo das redes portistas. Feliz por mim, pelos meus companheiros de aventura epicurista, pelos milhares de sportinguistas presentes no estádio, pelos milhões espalhados pelo país e no estrangeiro. Gente feliz com lágrimas, título roubado a João Melo, será porventura a melhor forma de definir a catarse que os sportinguistas ontem viveram. Na hora H, o trauma por todos vivido há 1 ano esvaiu-se naquelas lágrimas e ficou para trás, e os sportinguistas reconciliaram-se consigo próprios e com o clube. Sim, o clube, a razão de ser de tudo isto. Não precisamos de mais nada. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Jeremy Mathieu, o SuperMat. Tal como indica a publicidade, ele é rápido, versátil e seguro. Destaques também para Renan (eu bem ia dizendo que ele estava muito sub-valorizado) e para o inevitável Acuña. 

final taça portugal.jpg

(fotografia: O Jogo)

25
Mai19

... E o Sporting é o nosso grande amor!


Pedro Azevedo

Inesquecíveis momentos vividos hoje no Jamor. Desde logo, o pré-jogo, a celebração da vida, da amizade, do sportinguismo. Depois, o jogo, impróprio para cardíacos, onde estivemos à beira do k.o., mas nunca chegámos a ir ao tapete. Pelo contrário, impulsionados por dezenas de milhares de vozes de gente que queria, diria precisava, ser feliz, a equipa ficou por cima no marcador e viu o adversário salvar-se da derrota em cima do gongo. Quis o destino (e Renan) que a vitória viesse por pontos, mais concretamente do ponto que dista 11 metros da linha de baliza. Não poderia ter havido melhor e mais electrizante final para recompensar os melhores adeptos do mundo, aqueles que continuam a encher Alvalade após longo jejum do principal título nacional. No final, as lágrimas corriam nos rostos dos leões. Lágrimas de alegria, por certo, uma forma de o corpo exteriorizar a tensão acumulada internamente. Que orgulho eu tenho em pertencer a esta gesta. Spoooooorting!!!

24
Mai19

O (J)amor acontece!


Pedro Azevedo

Num futebol português em que quase tudo é, pardon my french (ou melhor, my italian, com a devida vénia a Ettore Scola), feio, porco e mau, a festa do Jamor é a nossa reconciliação com o que o desporto-rei tem de belo, nobre e bom. 

 

Embora últimamente tenha deixado de ser um momento de reunião das famílias à volta de um campo de futebol (como um jogo da selecção o é), fruto de umas regras de distribuição de bilhetes que fomentam exclusivamente a fidelidade ao clube expressa através da compra de uma gamebox, a final da Taça de Portugal é uma celebração epicurista da vida e da amizade.

 

Pelas matas adjacentes ao Estádio Nacional inúmeros pontos de convívio são antecipadamente estabelecidos, por vezes com dias de antecedência, porque na Taça o pré-jogo é tão ou mais importante do que o próprio jogo. Como tal, não poderiam faltar o leitão, as febras ou as gambas. Tudo regado com umas tantas minis, que ajudam a vencer a canícula habitual nesta altura da época e convidam à manutenção da boa disposição. 

 

Infelizmente, a festa da Taça marca o encerramento da época, pelo que todo o espírito positivo à sua volta se perde ao longo do defeso. Quando a pré-época se inicia, logo regressa a sua antítese: o ódio, a intolerância, o facciosismo exacerbado, a perfídia, o desejo de ganhar a todo o custo. Se o futebol é o circo romano dos nossos dias, todas as frustrações são descarregadas em cima do jogo. Acresce que, numa sociedade onde há tantos perdedores e excluídos, a vontade de estar associado a um projecto vencedor sobrepõe-se à racionalidade do ser, o que vai alimentando o "status-quo" vigente. 

 

É por tudo isto acima descrito que eu gosto muito da final da Taça. Que tal como a pescada, antes de o ser (apito inicial do árbitro) já o era. 

 

Um dia bem passado para todos!

 

23
Mai19

anedota.com


Pedro Azevedo

A redacção portuguesa do uefa.com elegeu Pizzi como o melhor jogador da Liga portuguesa na época 2018/19. Para o "site" foi determinante a preponderância do médio no título benfiquista, permitindo-lhe assim superar a "feroz concorrência" de Bruno Fernandes. [Nota do autor: tão, tão feroz que qualquer pessoa veria que foi melhor por uma milha de diferença.]

 

Algumas sugestões para serem acolhidas pela redacção portuguesa do uefa.com:

 

Fraternidade: Charles Manson (com a "feroz concorrência" de Madre Teresa de Calcutá);

Político pós-25 de Abril: José Sócrates (com a "feroz concorrência" de Sá Carneiro);

Filantropia: Joe Berardo (com a "feroz concorrência" de Bill Gates);

Banqueiro: Ricardo Salgado (com a "feroz concorrência" de Horta Osório).

 

O resultado seria tão óbvio que até dava nas vistas não ressalvar a "feroz concorrência" daquele que, ao longo da época, foi merecendo, consecutivamente, o voto dos seus colegas de profissão e a admiração e apreço de todos os amantes de futebol, independentemente do clube do seu afecto. Como diria o Miguel Esteves Cardoso, a causa das coisas em Portugal não deixa de nos pasmar...

 

P.S. A sátira, qual lente de aumentar, destina-se apenas a realçar o absurdo desta escolha face à percepção pública generalizada sobre o concorrente que ficou para trás, não se traduzindo, obviamente, em qualquer juízo de valor comparativo entre cada um dos "vencedores" por categoria, que nada têm a ver entre si.  

 

22
Mai19

Um dos Mosqueteiros assegurado


Pedro Azevedo

Mathieu, o nosso Athos, o mais velho, cerebral e espiritual dos Mosqueteiros, defensor intransigente do Reino de Alvalade, renovou por mais uma época, esperando-se que no seu decurso possa também ajudar a completar a formação de jovens cadetes produto da nossa Academia que andam por aí a ganhar experiência. Resta saber o que acontecerá a Acuña (Porthos) - homem bom, simples e directo, embora rude - e a Bruno Fernandes (o grande capitão D`Artagnan), desejando-se ardentemente que fiquem. Ideal seria ainda descobrir um Aramis, alguém jovem, intrépido e aventureiro, um romântico que fosse fiél à arte de bem esgrimir argumentos num campo de futebol. Com os 3 Mosqueteiros reunidos à volta do seu capitão, a próxima temporada poderia ser de sonho.

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22
Mai19

De pequenino se distorce o menino


Pedro Azevedo

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Nota: Texto retirado do Caderno de Avaliação de Matemática dos alunos do 2º ano.

 

Este tipo de coisas, vistas isoladamente, têm a dimensão que cada um quiser dar, embora me recorde de algo semelhante trazido por um autor de um outro blogue onde colaboro. "Fait-divers", ou não, a ideia que fica é que a expressão "de pequenino se torce o pepino" tem aqui uma aplicação prática à moda do Norte. Só que em vez de se dar a melhor forma aos pepinos (origem da expressão), trata-se de moldar as crianças o mais cedo possível. (A minha "leoa" mais pequenina é que não gostou nada de vêr isto e veio mostrar-me.)

 

P.S. Nenhum do Braga? Que raio de Voluntariado é este?

21
Mai19

O Sporting e o futuro


Pedro Azevedo

A pressão dos grandes clubes europeus sobre a UEFA, no sentido da criação de uma Superliga, originou as recentes alterações de distribuição de dinheiros da Champions, os quais prometem aumentar ainda mais as assimetrias entre os maiores clubes e os outros.

 

A resposta da UEFA foi uma habilidosa manobra tendente a dissuadir a cisão de uma série de importantes clubes, os quais poderiam criar uma associação de futebol, ou liga, própria, mas constitui uma óbvia ameaça para os clubes dos países periféricos europeus onde Portugal está incluído. 

 

Estou absolutamente convicto de que isto não ficará por aqui, pelo que é importante que haja uma estratégia do Sporting perante esta e futura conjuntura. A própria geografia europeia promete alterar-se, com destaque para a possibilidade de virmos a ter uma Catalunha independente. Ora, a saída de um clube importante como o Barcelona da La Liga seria uma grande machadada no prestígio dessa competição, para não falar das consequências económicas que tal provocaria.

 

Portugal pode ter aqui um papel relevante, no sentido de inspirar a criação da Liga Ibérica, que poderia ser o ovo de colombo que permitiria conciliar clubes espanhóis e catalães (além dos portugueses) num mesmo torneio. Acresce que tal também seria positivo para os catalães, garantindo-lhes por certo mais receitas do que as que eventualmente adviriam de uma Liga Catalã ou mesmo da hipotética incorporação do Barcelona numa Liga Francesa. 

 

Perante o cenário que está montado em Portugal, o Sporting é quem tem menos a perder, razão pela qual deve imperiosamente procurar alternativas. Não conseguimos alterar um conjunto de regras tendentes a adicionar transparência ao formato da nossa competição, porque muitas vezes os outros clubes votam contra nós. Então, talvez valha a pena pôr as coisas de outra forma: o que seria esta Liga sem o Sporting? É do interesse do Benfica e do Porto que o Sporting saia? E dos clubes pequenos? O Sporting tem muito mais poder do que aquilo que a resignação por vezes nos faz crêr. Há que procurar sempre o melhor para o nosso clube, dentro do espírito de integridade e idoneidade que nos caracteriza. Nada é inevitável. Se a Liga Portuguesa não quer entender a força de 3/3,5 milhões de adeptos, então talvez seja a hora de ir jogar para a Liga Espanhola, em trânsito para uma futura Liga Ibérica. Se é para não ganhar nada relevante desportivamente falando, então que se resolva o problema financeiro definitivamente. A esse respeito, aqui deixo os dinheiros anuais dos Direitos TV em Espanha, contrato celebrado na temporada de 2016/17 e válido por três temporadas: Barcelona 146m€, Real Madrid 140 M€, Atlético de Madrid 99M€, Atlético de Bilbau 71M€, Valência 67M€...

 

P.S. Se UEFA e FIFA não vêem incompatibilidade em haver, respectivamente, dois (Leipzig e Salzburg, que quase se encontraram na época passada nas "meias" da Liga Europa) e quatro (além dos dois citados, Toro Loko Brasil e NY) clubes Red Bull na Europa e no mundo, decerto também não seria um problema a inscrição de uma SAD numa competição fora de Portugal, podendo o Sporting clube, se assim o entendesse, continuar a disputar a maior prova nacional (usando a equipa B).  

21
Mai19

A vida de Ryan


Pedro Azevedo

Após mais um empréstimo, Ryan Gauld está de regresso ao Sporting. Para fazer a pré-época? Não se sabe. O que é certo é que o escocês termina contrato em 30 de Junho de 2020. 

 

Há quem o considere um "flop" e quem veja nele muita qualidade, mas o que o seu caso revela é uma gestão desportiva desastrosa. Gauld nunca teve uma verdadeira oportunidade em Alvalade, andou de empréstimo em empréstimo com passagens pela equipa B pelo meio e quando, finalmente, encontrou um treinador que nele apostou e que o fez crescer a olhos vistos, a má relação entre clubes colocou a sua carreira de novo num limbo, remetendo-o para um circuito onde alguém achou que de Mota ganharia asas. Não ganhou, como seria fácil de perceber à priori, e nem uma passagem pela terra natal, marcada por inúmeras lesões, o fez renascer para o futebol.

 

Vivemos numa sociedade de consumo imediato, onde há muito pouca paciência para o erro e estrelas cintilantes de capa de jornal são de um dia para o outro estrelas cadentes de nota de rodapé. O povo gosta de novidades e todos os anos há um carrossel de entradas e saídas de jogadores. Isso anima os entusiastas do Football Manager e enche os bolsos aos empresários.

 

A Gauld nunca foram dadas reais oportunidades. Tivesse ele tido a possibilidade de jogar mais de 40 partidas como Gudelj e seria hoje um jogador diferente e muito útil ao Sporting. Quando olho para ele e para a forma como se liga ao jogo e o entende, percebo que há ali qualquer coisa que nunca veremos num Borja, por exemplo, esse misterioso projecto de jogador de futebol encontrado no México aos 26 anos de idade. Há quem diga que ao escocês falta intensidade, como se não fosse mais importante fazer correr a bola do que andar a correr, tipo barata tonta, com ela. Para infelicidade sua, por um ano perdeu a oportunidade de ser visto por Leonardo Jardim. Também nunca teve um Guardiola, treinador a quem nunca incomodou ter ao seu dispôr jogadores franzinos como Xavi, Iniesta ou a dupla de Silvas. No fundo, o seu problema foi ter encontrado uma equipa sem um modelo de jogo base enraizado, dependente daquilo que cada novo treinador pensa, algo dificilmente compaginável com uma política de aposta na Formação, desenvolvimento de jogadores.

 

Aos 23 anos, olhar para Gauld é vêr todo um paradigma de erros de gestão de carreira de jogadores do Sporting. Compreendemos isso quando vemos um capa de A Bola mencionando a intenção leonina de comprar um médio defensivo (Eduardo). Não sei se virá esse - indiscutivelmente bom jogador -, mas outro qualquer acabará por chegar e no final não se compreenderá por que é que no ano anterior se foi buscar Idrissa Doumbia e Matheus Nunes para a mesma posição, havendo ainda Daniel Bragança. É desta vida que não nos libertamos, é esta também a vida de Ryan. Por isso, talvez seja melhor deixarem-no sair e ir provar para outro lado o seu valor. Sem empréstimos sem cláusula de opção de compra, sem alugueres a treinadores de futebol de meia bola e força e canela até ao pescoço.

 

P.S. Não será coincidência que apenas Couceiro, Inácio e Luis Castro tenham desenvolvido jogadores made-in Sporting (emprestados) nos últimos anos. A eles deveremos agradecer a imposição de João Mário, Ruben Semedo, Podence, Geraldes ou Matheus Pereira. 

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19
Mai19

Tudo ao molho e fé em Deus - Cantos do cisne


Pedro Azevedo

No futebol português, os árbitros parecem nutrir especial simpatia por quem os intimida. Não há revolta nem indignação perante a opressão, apenas afecto e compaixão, um estado psicológico vulgarmente denominado de Síndrome de Estocolmo, em alusão à reacção dos reféns sequestrados no Kreditbanken daquela cidade em 1973. Nesse transe, qualquer tipo de possibilidade de libertação é vista como uma ameaça, ou não estivesse ainda bem presente na mente dos árbitros a invasão ao Centro de Treinos da Maia, ou pedidos presidenciais de veto a um certo árbitro. Isto não é verdade, é veríssimo. Aliás, Veríssimo. Talvez por isso, uma falta duríssima de Felipe sobre Bruno Fernandes, a qual, para além do mais, evitou um promissor contra-ataque leonino, pôde passar em claro sem admoestação, mas a contenção digna de elogio de Acuña perante múltiplas agressões consecutivas acabou "premiada" com um cartão amarelo. Toda uma quantidade de decisões aberrantes que atingiram uma proporção tão inimaginável este ano quanto a outrora remota possibilidade deste Vosso escriba pensar em recomendar aos dirigentes do seu clube que comecem a estudar a possibilidade de integrarem a La Liga. 

 

Por um lado, se calhar até devemos estar agradecidos a Fábio Veríssimo por ter expulso Borja, um ilusionista da bola, evitando assim um bem possível Jamor de perdição para o colombiano sob a forma de um daqueles lances fatais (3 nos últimos 3 jogos) em que ele está lá mas a culpa parece sempre ser exclusiva de outrém. Por outro, aproveitando a maré, penso que é de repreendê-lo por nada ter feito para evitar que Bruno Gaspar tenha ido a jogo. Se lhe tivesse dado um cartão vermelho antes da partida ter começado, talvez Keizer se visse obrigado a ir ao estágio da selecção de sub-20 resgatar Thierry Correia. Também se teria evitado aquele passe despropositado do lateral direito que nos fez ficar a jogar com 10 elementos desde os 17 minutos, embora Borja não tenha ficado isento de culpas, ele que pareceu ter engatado mal a mudança e assim permitiu a Corona, que partiu uns bons 3 metros atrás, ganhar-lhe a dianteira. Em todo o caso, como atenuante para o árbitro, é de destacar o facto de desta vez Petrovic e André Pinto terem mantido a integridade dos seus narizes, algo que a dado momento pareceu pouco plausível perante a impetuosidade dos "sarrafeiros" (que o diga Felipe) jogadores portistas.

 

Já a Keizer não podemos estar muito agradecidos: aquela sua obstinação em manter Bruno Fernandes deverá ter provocado alguns AVCs entre os mais fervorosos adeptos dos leões e poderia ter custado a ausência do nosso capitão no Jamor. É que a partir de certo momento tornou-se claro para todos menos para o holandês que Bruno e Acuña estavam marcados pelos portistas, facto evidenciado em todo o seu esplendor na confusão criada à volta do argentino no lance do qual, ironia do destino, resultou a expulsão de Corona. 

 

Apesar da inferioridade numérica, o Sporting até se colocou em vantagem: Acuña fez barba e cabelo, primeiro num corte a um adversário com pêlo na venta, depois a assistir Luíz Phellype, dando pelo meio um bigode a uns opositores cheios de vontade de lhe retribuirem com uma "pêra". O Felipe das Consoantes também não se fez rogado e marcou o seu oitavo golo em outros tantos jogos. Pena que a equipa tenha estado desastrada nos cantos, perdendo diversos duelos com os seus adversários, deles resultando os dois golos portistas marcados no limite do fora-de-jogo. Mathieu, Renan, Acuña e Luíz Phellype, os melhores leões nesta noite, não mereciam tamanha traição de uma marcação tipo Zona J, que nos deixou socialmente excluídos dos três pontos.  

 

Tenor "Tudo ao molho...": Marcos Acuña

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18
Mai19

Ristovski não vai ao Jamor


Pedro Azevedo

Dedicado a todos aqueles senhores que, dotados de excelente visão, foram capazes de receber aquelas imagens que a SportTV filmou a partir de Marte e, nas televisões ou nos jornais, vieram afirmar parentoriamente que houve agressão do macedónio. São os mesmos que não necessitariam das transmissões da NASA, nem de televisões, para ver Neil Armstrong pisar a Lua. Bastar-lhes-ia ir à varanda...

 

Proponho que passem a integrar o painel de analistas do VAR e que a carrinha técnica dos especialistas deixe a Cidade do Futebol e se instale na Serra da Malcata. Afinal, é tudo uma questão de olho de lince... 

17
Mai19

Improcedente, disse ele


Pedro Azevedo

O título, rebuscado de uma série televisiva que tinha Angela Lansbury como protagonista, vem a propósito da decisão do Conselho de Disciplina de considerar improcedente o recurso apresentado pelo Sporting sobre a penalização aplicado ao jogador Ristovski.

 

Castigado com 2 jogos de suspensão na sequência da sua expulsão contra o Tondela, o macedónio está definitivamente fora da final da Taça de Portugal.

 

Recorde-se que Ristovski foi três vezes sancionado com a amostragem do cartão vermelho esta época, curiosamente todas antes de jogos contra equipas "grandes". De todos os recursos apresentados pelo Sporting, apenas 1 mereceu um aligeirar de sanção por parte do CD. Irónicamente, tal não se traduziu em nenhuma vantagem para os leões, por não se ter produzido o efeito, dado que a comunicação oficial da decisão chegou praticamente em cima da hora de início do jogo, já não tendo sido possível ao macedónio nele participar. 

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