200 milhões de ilusões
Pedro Azevedo
Na vida há que aprender com os erros. As dificuldades financeiras que o Sporting vive resultam de uma política desportiva desastrosa que faz com que o modelo económico da SAD não seja sustentável.
Ora, isto não só não se resolverá deitando 200 milhões para cima do problema como provavelmente se agravará para o ponto de não retorno, ou seja, o fim do clube pelo menos como o conhecemos.
Tão importante como sabermos por onde não ir e para onde não ir é termos um caminho. A sua ausência, ou pelo menos, a incapacidade de o comunicar, cria um vazio. A natureza, na sua forma de o preencher (não é assim, Luís Lisboa?), muitas vezes fá-lo de uma forma desordenada. Esse é o terreno fértil para o populismo, o "soundbite" apelativo que entra fácilmente na cabeça do sócio cansado de tanto inêxito.
Na minha opinião, não é desinformando as pessoas que se constrói algo. O verdadeiro problema do Sporting reside na falta de firmeza e/ou convicção em trilhar o caminho certo. Que passa por não ter de seguir outros modelos igualmente não sustentáveis. Já vimos isso e em outros sectores de actividade: a corrida ao crédito à habitação e sobresequente empacotamento, em Portugal e no mundo, produziu uma arma de destruição massiva de riqueza.
Por tudo isto, sendo certo de que o que é relativo importa, temos de nos concentrar no valor absoluto das coisas e na nossa realidade. E esta passará por eliminar deficiências, entropias, e fazer melhor com menos. É sustentável termos custos com pessoal a orlar os 50 milhões de euros e sermos competitivos. Basta, para isso, eliminar "gorduras" e apostar num misto de qualidade importada cirurgicamente e na pesquisa/desenvolvimento/afirmação de talentos da nossa Academia.