Tempo útil de jogo
Pedro Azevedo
O Observatório do Futebol, fundado em 2005 por Raffaele Poli e Loic Ravanel, publica estatísticas sobre o desporto-rei baseadas na pesquisa desenvolvida por elementos do seu staff. Este Observatório, parte integrante do Centro Internacional de Estudos de Desporto (CIES), uma parceria entre a FIFA e a Universidade, cidade e estado de Neuchatel, publicou recentemente um estudo sobre o tempo útil de jogo em 37 competições europeias de futebol.
Nesse estudo, a liga sueca tem, em média, o jogo mais fluído da Europa, com 60,4% de tempo efectivo. Em segundo lugar está a Champions League, a principal prova de clubes da UEFA, com 60,2% de tempo útil. Por oposição, a 1ª Liga portuguesa encontra-se em último lugar, com meros 50,9%.
Entre as principais 5 ligas europeias, a Bundesliga alemã é a que tem o maior tempo útil de jogo, com 58,5%, enquanto a La Liga é a que tem mais paragens, com apenas 55.8% de fluidez de jogo.
De entre os clubes, o sueco Sundsvall encabeça o lote daqueles (competições nacionais) em que nos seus jogos a bola está mais em jogo (63,7%), enquanto o Feirense (Portugal) está nos antípodas com apenas 45,7% (os jogos da Belenenses SAD têm 55,2% de tempo útil, ou seja, o valor mais elevado da 1ª Liga portuguesa). Considerando só os clubes presentes na última edição da Champions/Liga Europa, o Clube Brugge (Bélgica) é o mais fluído (66,2%), seguido de Borussia Monchengladbach (62,5%), Liverpool (62,2%), AC Milan (61,2%), Barcelona (60,3%) e Paris SG (60,1%).
A amostra para este estudo foi realizada entre 1 de Julho e 28 de Novembro de 2018.
Enfim, "food for thought", sendo certo que quando se fala na necessidade de reformas do futebol português e das suas competições tendo em vista uma maior competitividade este parâmetro de análise não deve ser olvidado. De realçar o bom desempenho à escala nacional da Belenenses SAD, mérito certamente do treinador Jorge Silas, o tal que não tem o 4º nível e cuja chamada para treinador do Sporting foi apelidada de "ridícula" pelo senhor José Pereira, o presidente de uma associação que certifica treinadores cujas equipas são as que mais param o jogo na Europa. Imagino que tal deva ser ensinado nos excelsos e importantíssimos cursos...