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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

27
Fev20

Tudo ao molho e fé em Deus - E tudo o vento levou


Pedro Azevedo

Campeonato Nacional... check!, Taça de Portugal... check!, Taça da Liga... check!, Liga Europa... check! Tudo conferido, deve ser a melhor época dos últimos 114 anos. De quem jogue contra nós, bem entendido. Algo que promete piorar sem Bruno Fernandes. É caso para dizer que o nosso Brexit (venda de Bruno) em termos práticos se materializou numa saída da Europa ainda mais rápida que a dos ingleses. 

 

Nem os turcos acreditavam, pelo menos a julgar pelo aspecto despido das bancadas, mas o Sporting conseguiu ser eliminado por uma equipa onde constam vários jogadores que segundo datações realizadas com Carbono-14 ainda são do tempo do império bizantino. É verdade, sob chuva e vento, os leões deslocaram-se a um parque geriátrico de Istambul e cedo começaram a ceder a vantagem que traziam da primeira mão. A tal ponto que ao intervalo a eliminatória estava perdida, cortesia de um golo de cabeça de Skrtel na sequência de um canto e de um livre directo batido por Aleksic cuja trajectória foi mal calculada por Max. 

 

Na antevisão do jogo, Silas dizia que ia surpreender os turcos. A coisa soou-me apocalíptica. Confesso que este desejo do treinador leonino de espantar cada novo adversário sempre me assustou, principalmente porque quem geralmente acaba por ser surpreendido sou eu (e todos os adeptos leoninos). É que a continuar assim, de experimentalismo em experimentalismo, arriscamo-nos a experimentar ficar fora da Europa também em 2020/21, um tipo de Experiência Sporting que certamente não estaria nos planos de Miguel Cal quando aceitou juntar o seu projecto comercial ao projecto(?) desportivo desta Direcção. Todavia, sendo camaleónico, Silas tem pelo menos a vantagem de se poder confundir com o verde, camuflando-se aos olhos dos adeptos leoninos perante os enormes erros de preparação e gestão de temporada da Estrutura liderada por Frederico Varandas que dirige o futebol do clube. 

 

O Sporting começou com Jovane como médio deslocado sobre a esquerda e Vietto no lugar de ponta de lança. Sporar estranhamente posicionava-se na ala canhota, a recrear o que Silas já tinha feito com igual inêxito com Pedro Mendes na Áustria. Porém, alguém ter-se-á esquecido de dizer a Bolasie para fechar um corredor direito leonino que se tornou uma via verde de fácil acesso para os jogadores do Basaksehir. Nesse transe, Battaglia desgastava-se em compensações a Ristovski e faltava num miolo do terreno onde Wendel voltou a adoptar o modo de samba carnavalesco. O intervalo chegou sem que o resultado pudesse ser considerado surpreendente. No segundo tempo o Sporting surgiu mais organizado, trocando mais a bola no meio campo turco e explorando as óbvias debilidades defensivas da equipa de Istambul. Assim, após um excelente centro de Acuña, Vietto surgiu no centro da área e repôs o Sporting dentro da eliminatória. Os leões tiveram então um período em que poderiam ter sentenciado a qualificação para a próxima fase, mas a deficiente qualidade da definição manteve tudo em aberto. Entretanto, Silas abriu nova autoestrada, agora no nosso flanco esquerdo, movendo para aí um inadapado Vietto (estava a ser influente ao centro) e deixando desamparado Acuña. Até que, já em tempo de compensação, novamente na sequência de uma bola parada, um golo de Visca obrigaria o jogo a ir para prolongamento, uma velha sina leonina já vivida no passado contra o Rapid de Viena ou o Casino Salzburgo. Com o prolongamento, o jogo partiu-se definitivamente. Ainda assim o Sporting foi sempre mais perigoso, muitas vezes faltando qualidade técnica de passe (Battaglia), remate (Vietto, Plata e Doumbia) ou recepção (Eduardo) para tirar partido de uma condição física melhor que a da veterana equipa turca. Até que um erro infantil de Vietto acabou por deitar tudo a perder, pois Visca não desperdiçou, de penálti, a oportunidade de bisar na partida e sentenciar a eliminatória a favor dos turcos, conseguindo assim estes cumprir o pleno de quatro golos marcados através de bola parada. E assim Basaksehir tornou-se "Basakseguir". Já nós, ficámos (por aqui). Acabou a "digressão europeia". E tudo o vento levou...

 

Crónica difícil. Agora é tempo de fechar o computador rapidamente e ir dormir, não vá o Silas me surpreender por aí e pregar-me mais um susto. Por falar em susto, talvez não fosse mau que quem tem a incumbência de zelar pelo futebol nacional pensasse na competitividade do campeonato português, seu número de equipas e condições mínimas, organização da competição e seu (bizarro) calendário. É só uma ideia... 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Acuña. Battaglia foi o segundo melhor (ou menos mau).

basaksport1.jpg

23
Fev20

Isto não é o Sporting!


Pedro Azevedo

Vencido um jogo europeu, Silas rapidamente entrou no modo-desculpa tão comum ao povo português. Quando já julgávamos ter ouvido tudo, eis que segundo o treinador leonino Janeiro correu mal porque o Bruno Fernandes não estava com a cabeça aqui. Como se já não bastasse ver Varandas desculpar o mau planeamento da época com a continuidade de Bruno, agora é Silas que se sente no direito de também sacudir a água do capote despejando-a nos ombros do antigo capitão dos leões, ele que foi sempre o Atlas do Sporting que vai a campo. Tudo isto não só é inaceitável como é elucidativo de uma Cultura Sporting que não respeita aqueles que se transcendem e dão tudo de cada vez que envergam a nossa camisola. No caso concreto, quando os jornais davam como iminente a sua saída para Inglaterra, Bruno ainda resolveu um jogo em Setúbal contra um misto de doentes e convalescentes em que os seus dois golos foram decisivos para a vitória, totalizando 15 golos, 14 assistências e participação importante em 2 outros golos em meia-época, números que juntou a 48 golos, 36 assistências e 36 participações importantes nas duas épocas anteriores. Esmagador!

 

Neste estranho mundo actual do Sporting estamos permanentemente a ouvir coisas contra-natura como o "zero ídolos", que nos querem fazer crer que a relação com o clube não se confunde com os grandes atletas que o representaram. É imperioso remar contra isto, sob pena de um dia acordarmos para a realidade e percebermos que não temos referências, sem as quais enfrentaremos definitivamente o vazio. Nesse sentido, as palavras de Silas não são respeitadoras para com quem em inúmeras circunstâncias levou a equipa ao colo, resgatando-a das profundezas do Inferno e dando-lhe o Céu, como atesta o seu contributo decisivo para a conquista da Taça de Portugal do ano transacto, troféu que juntou a uma Taça da Liga onde também teve um comportamento meritório. Esse é o Bruno Fernandes que merece ser recordado por todos, aquele deus dos estádios que soube adquirir uma forma humana para se adequar à equipa que tinha. Pelo menos enquanto teve equipa e alguém à sua volta que compreendesse a sua música: como o menor número de participações importantes em golos nesta temporada comprova, a perda sucessiva de jogadores como Nani, Raphinha ou Dost acabou por fazer muitos passes de ruptura seus, no início da construção de jogadas, perderem-se ingloriamente. Além disso, se Bruno desceu de rendimento assim tão visivelmente, conviria perguntar a Silas porque não o tirou da equipa. Mas isso já não interessaria à narrativa desculpabilizante.

 

Um dia, Silas será uma nota de rodapé na história do enorme Sporting Clube de Portugal. Já Bruno Fernandes, por muito que alguns não lhe perdoem a rescisão, constará dela a letras de ouro por aquilo que nos deu no campo de jogo. Além disso, a cada sua entrevista descobrimos um homem inteligente, capaz de ver para além da linha do horizonte, muitas vezes apontando auspiciosos caminhos que esta Direcção e seu quinteto de treinadores nunca ousaram percorrer. Por isso, Bruno, obrigado por tudo e desculpa estas infelizes declarações do teu outrora treinador. Isto não é o Sporting!

bruno silas.jpg

21
Jan20

O melhor e o pior de Silas


Pedro Azevedo

Numa época desportiva em que estamos confinados a uma tacinha e  ("wishful thinking" no topo) a uma participação mais ou menos relevante na Liga Europa é natural que a insatisfação dos sócios e adeptos leoninos aponte em todas as direcções. Evidentemente, Silas, como treinador do Sporting, também não está fora do ponto de mira. No entanto, serão justas essas críticas? Na minha opinião, sim e não. Sim, porque entendo que Silas nem sempre faz as escolhas certas, ou, pelo menos, as escolhas adequadas à nossa realidade. Nesse aspecto, nota-se demasiado conservadorismo, insistência em jogadores que se desconcentram e falham em momentos decisivos das partidas, falta de aposta consistente em jovens que objectivamente não são piores que muitas das contratações do último ano e sistemáticas substituições durante o jogo que não têm beneficiado a equipa (pese embora a condicionante da falta de profundidade de soluções). Esses são pontos negativos. Por outro lado, após algumas experiências, o treinador conseguiu estabilizar um sistema táctico e organizar um modelo de jogo que disfarça as evidentes lacunas do plantel como foi visível no Derby e Clássico, para além de comunicar e fazer-se entender melhor a sócios e adeptos que qualquer elemento da Estrutura. Esses são pontos positivos, que até poderão vir a ser potenciados por um pouco mais de golpe de asa. Acresce que Silas, apesar de estar consciente disso quando aceitou o irrecusável repto da SAD leonina, não escolheu o plantel nem teve ainda oportunidade de pôr o seu cunho pessoal nos remendos que serão necessários fazer. A verdade é que estamos a dia 20 de Janeiro e a poucos dias do fecho de Mercado de Inverno nada se alterou, "está tudo como dantes no quartel de Abrantes". É certo que quando a imprensa dá a entender que Silas pretende mais um defesa eu fico confuso e irritado. Confuso, porque um profissional deve entender as condicionantes da entidade que lhe paga, irritado porque provavelmente ninguém lhe transmite uma das marcas identitárias do clube (conjuntamente com o ecletismo), a Formação. Já perdemos Demiral e Domingos Duarte porque sucessivos treinadores e direcções entenderam que ainda não estavam prontos. Em vez deles escolhemos Marcelo, Ilori ou Neto. Depois, imediatamente antes de se lesionar com gravidade, o turco já tinha mandado para o banco um craque holandês contratado pela Juventus por 70 milhões de euros e Domingos foi escolhido para o Onze Revelação da Liga espanhola. Podia dar outros exemplos, mas a falta de estratégia de uma Direcção a meu ver pesa mais do que os apetites de ocasião de um treinador, pelo que a ordem para apostar na prata da casa deve sempre vir de cima. A não ser que, numa lógica "bottom-up", por um bambúrrio de sorte aterrasse em Alvalade um novo Malcolm Allison, um Big Mal que exterminasse o "big" mal do Sporting actual: a falta de convicções e a obstinação em não fazer o que tem de ser feito. Infelizmente, Silas não é Allison. As suas apostas em jovens são tímidas e enfermam da mesma falta de convicção que também se sente em cima. Por isso, Rodrigo foi sempre substituído até ao intervalo e desapareceu, Matheus Nunes está próximo "ma non troppo", Pedro Mendes entra sempre como pronto-socorro como se fosse legítimo pedir a um jovem que seja bombeiro e salvador da pátria ao mesmo tempo e Quaresma é preterido por Ilori de forma a que os sportinguistas sejam "queimados" em vez dele. Se para alguns isto é aposta na Formação, o que dizer do inglês que deu um total de 187 jogos a um misto de 6 jogadores jovens formado por Carlos Xavier, Mário Jorge, Virgílio (totalista, com 45 jogos), Ademar, Freire e Alberto? Pois é... Narrativas...

 

Posto isto, desde que Frederico Varandas entrou em funções já tivemos 5 treinadores. Desde Peseiro, Tiago Fernandes, Marcel Keizer, até Leonel "sem prazo e com uma missão" Pontes todos sentiram o chicote. Inclusivé Keizer, vendido anteriormente aos sócios e adeptos como um treinador de projecto, a decisão até hoje mais coerente desta Direcção, na medida em que não havendo qualquer projecto não se justificaria que um treinador personificasse o vazio. Adicionalmente, olhando para o R&C do 1ºTrimestre desta época de 19/20 pode verificar-se que o Sporting pagou 5.4M€ em indemnizações a treinadores e jogadores. Deste modo, defendo que Silas fique até ao final da temporada ou, pelo menos, enquanto esta Direcção continue em funções. Primeiro, porque o histórico da Estrutura encabeçada por Varandas e Viana não recomenda que acertasse em nova escolha, depois porque com este plantel até Jesus Cristo teria dificuldade em replicar o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes aplicado aos jogadores de futebol. E ainda há Bruno, Acuña e Mathieu...

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