Sobre a intensidade de um “6”
Pedro Azevedo
Existem várias opiniões, todas elas válidas, sobre o que é necessário a um jogador da posição "6". Na verdade essas opiniões não estão necessariamente certas ou erradas, o que é importante é saber-se o que se quer do jogo. Imagine-se que eu, para este exercício académico investido de treinador, pretendo praticar um jogo posicional, então eu vou querer um "6" forte na construção, com qualidade de passe e capaz de por a bola redonda e entre-linhas em 1-2 toques. Nessa situação, como o meu jogo privilegiará a posse, eu não precisarei de um "bicho" que lute pela bola, apenas necessitarei de alguém que em postura defensiva saiba preencher correctamente os espaços, fechando nomeadamente as linhas de passe mais comprometedoras. Todavia, se eu for um treinador com outro entendimento do jogo, que privilegie a organização defensiva e não queira investir muito em posicionamentos complexos requeridos à transição defensiva, então eu vou querer um "6" essencialmente repressor, que mais do que defender o espaço ataque o portador de bola. Assim, qualquer uma das tipologias de jogador é válida, o que varia é o meu entendimento do jogo e o futebol que quero praticar. Se no caso da escola do Ajax um jogador como Daniel Bragança calharia muito bem, para outro tipo de filosofia de jogo Palhinha seria fundamental. O que têm em comum Frenkie de Jong (Barcelona, ex-Ajax) e Danilo (Porto)? Apenas saber interpretar o que lhes é pedido. No entanto ambos podem ser extremamente eficazes dentro de princípios que os favorecem. Porém, se pedirmos a de Jong para fazer o trabalho de Danilo, e vice-versa, os resultados dificilmente serão os melhores.
PS: no caso particular do Sporting, do que tenho observado creio que Ruben Amorim pretende dois "8" à frente do trio de centrais.