One too many
Pedro Azevedo
"Dá-me um irreal, um imaginário...dá-me um irreal
Dá-me um irreal, um imaginário...dá-me um irreal
Dá-me um ideal, um ar ilusório...dá-me um ideal
Dá-me um ideal, um ar ilusório...dá-me um ideal
Popular, surrealizar por aí
Popular, surrealizar por aí
Popular
Não me dês moral...dá-me irreal ideal social popular avançado" - Ban
Michel Platini, numa derradeira tentativa de estancar o progresso tecnológico, criou aquela aberrante criatura posicionada atrás de uma baliza, um tipo de placebo que ninguém conseguiu descortinar exactamente para o que servia. Quer dizer, para além de conseguir "pintar" coisas tão surreais como uma mão em forma de rosto numa noite em Gelsenkirchen, ninguém percebeu a sua utilidade. Depois, com o inexorável progresso, chegou o VAR. Uma boa ideia, mas ainda a deixar margem para a natureza humana decidir, ou não decidir, ou indecisamente alegar uma neutralidade helvética. Agora, querem introduzir dois VARs (o BiVAR, de étimo lendário e nobre, a fazer lembrar El Cid, o Campeador). Dá um bom nome, mas faz lembrar aquele trocadilho do "1 ovários" (um ou VARios). Se a coisa der semente, cheira-me que o parto vai ser demorado e que a hora não vai ser pequenina. Árbitro, VAR1, VAR2: um é pouco, dois é bom, três é capaz de ser um bocadinho demais. É que isto pode vir a tornar-se numa conferência de advogados: em cada dois que se juntam, há pelos menos três opiniões. E tudo poderá acabar como na anedota do fanhoso e do coxo (ou na do corcunda). Por isso, ilustres senhores do Conselho de Arbitragem, se pensam que o problema do défice de qualidade pode ser resolvido pela quantidade, vão acabar por enfrentar perdas de produtividade. "Do you wanna bet?"