Monsieur Mathieu
Pedro Azevedo
Se Bruno Fernandes é o agitador de serviço, Jeremy Mathieu é a elegância serena. Não se fique com a ideia que dessa tranquilidade resulte uma menor eficácia. Não, pelo contrário, na visão deste Sportinguista que Vos escreve o mundo divide-se em dois: a leste, a Muralha da China; a oeste, Monsieur Mathieu.
Um incêndio numa sala de cinema? Ele já estaria lá fora. Um eléctrico com o freio desgovernado? Idém. Imperturbável, na maioria das situações Mathieu aproveita a sua experiência para antecipar os lances. Outras vezes especula descaradamente com o seu oponente directo: fazendo-se valer do seu ar de simpático ancião, convida o adversário a procurar a profundidade para no último momento mostrar-lhe uma velocidade incomum e desarmá-lo. Essa sua faceta hitchcockiana, de Mestre do Suspense, também pode ser vista quando avança resoluta e destemidamente pelo terreno, bola colada ao pé e face bem levantada. Aí torna-se um Mustang, um cavalo à solta, como se dentro dele ainda houvesse aquele menino traquina a impeli-lo a retornar à juventude. Só por isso já valeria o preço do bilhete (e os seus médios defensivos sempre aprendem alguma coisita). Un Grand Seigneur!