Melhorar a Organização Ofensiva
Pedro Azevedo
Olhando para o Sporting da era Silas, e independentemente dos múltiplos sistemas tácticos utilizados, nota-se um predomínio de oportunidades de golo criadas a partir da transição defensiva e até de bola parada. Foi aliás de uma recuperação de bola de Bruno Fernandes, seguida de um passe de Acuña, que Vietto se isolou pela esquerda e proporcionou a Luiz Phellype o golo inaugural nos Açores. De forma semelhante desbloqueou o Sporting o jogo contra o Vitória de Guimarães. Adicionalmente, os cantos de Bruno Fernandes têm proporcionado recentemente golos, contra o PSV ou Santa Clara. Na organização ofensiva a equipa encontra mais dificuldades, recorrendo mais a cruzamentos provenientes da ala do que a envolvimentos a partir de apoios frontais, sendo que Mathieu substitui muitas vezes Wendel e Doumbia no passe de ruptura a solicitar as alas, tal como foi evidenciado na abertura para Borja da qual resultou um golo anulado contra o Moreirense, ou no passe de 50 metros de onde surgiu o segundo golo dos leões na deslocação a São Miguel. Foi também dos pés do gaulês, mas nesse caso num estilo mais de jogo directo, que se materializou o único golo do Sporting na recepção à equipa de Moreira de Cónegos. O jogo interior é mais incipiente, não recorrendo tanto a equipa a Luiz Phellype, muitas vezes deslocando-se Vietto para o centro a fim de dar o apoio frontal. O risco é de a equipa de desposicionar aquando da transição ofensiva, com os alas por dentro e os laterais muito subidos, algo que por exemplo proporcionou uma grande oportunidade de golo ao Moreirense no final da primeira parte do jogo em Alvalade. Creio que a solução para que o Sporting seja mais forte nesse importante momento de jogo da organização ofensiva passa por uma melhor utilização do pivô atacante (Luiz Phellype) e pelas aproximações dos médios a essa referência. É que a tabela com LP arrastará marcações adversárias que assim abrirão espaço para o último passe de qualidade (essencialmente de Bruno Fernandes) a solicitar as diagonais interiores de Bolasie e Vietto, não desposicionando tão prematuramente a nossa equipa e não estereotipando tanto o ataque, criando assim maior incerteza no adversário.
P.S. Luiz Phellype não é uma fera na área como o eram Dost ou Jardel nem tem o rácio de concretização destes à frente da baliza, mas possui outras características importantes para a equipa, nomeadamente, fruto de uma técnica razoável, a capacidade de segurar a bola em zonas próximas da área. Pode e deve, na minha opinião, ser melhor rendibilizado com vantagens para toda a equipa, seja por via de um melhor posicionamento global dos jogadores aquando da perda de bola, ou por uma maior imprevisibilidade dos movimentos ofensivos.