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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

21
Jan21

Jovane, para seu pesar (*)


Pedro Azevedo

Há jogadores que caem no goto do adepto, outros são como patinhos feios sem que exista propriamente uma razão forte para tal. Geralmente, a coisa começa com um preconceito, algo a que Einstein, conhecido por não ser totalmente desprovido de intelecto, se referia como sendo mais difícil de desintegrar do que um átomo. 

 

No caso de Jovane Cabral, o facto de ter ajudado a resolver jogos partindo do banco criou a ideia pré-concebida (por falta de oportunidades de provar ter valor para ser um dos indiscutíveis da equipa) de ser uma "arma secreta", alguém que traria mais rendimento à equipa se utilizado mais tarde, uma espécie de Juary do Sporting. Entretanto, o cabo-verdiano lá foi provando a sua utilidade como titular na recepção aos turcos do Besaksehir e na visita a Famalicão. Até que chegou a deslocação a Guimarães e Jovane pintou a manta. 

 

Sejamos francos, o Sporting não tem nenhum jogador com a coragem de enfrentar o adversário nos olhos e partir para cima dele como Jovane. Ele traz velocidade, imprevisibilidade e golo ao jogo dos leões, algo que qualquer equipa grande não pode desprezar. Acresce que, cada vez que o campeonato retoma, Jovane apresenta-se num nível superlativo, uns bons furos acima dos colegas. Sinal de que se cuida e trabalha bem, com profissionalismo, e assim potencia as evidentes qualidades físicas que possui. 

 

Autofagia para mim é isto: tivesse Jovane nascido Jovanic, Jovanek ou Jovanowski e haveria toda uma outra tolerância consigo. De treinadores e adeptos. Não esquecer também o pouco destaque que vem merecendo da imprensa. Só isso, aliás, pode explicar que num jogo onde esteve a um nível altíssimo, diria até a léguas de todos os outros jogadores, não tenha obtido a unanimidade aquando do julgamento do melhor em campo. Não sei mesmo o que será preciso um jogador fazer a mais num campo de futebol, na medida em que uma assistência, três passes claros para golo - que culpa tem ele que Vietto, por duas vezes, e Sporar tenham falhado golos cantados? - , duas fintas de cabine telefónica, uma expulsão cavada, várias movimentações de ruptura e uma velocidade a mais que qualquer outro dos presentes não foram argumentos suficientes para o destacar dos restantes. Ah, falhou também ele um golo! (Pecado mortal entre tantos "matadores", ainda que tenha sido o único que, falhando, enquadrou o remate com a baliza.)

 

Cabe agora a Jovane provar, a cada nova oportunidade, a razão pela qual deve ser titular deste Sporting. Mas não deveria ser assim, poderia haver uma margem de erro que lhe transmitisse outra confiança. A verdade é que no passado um mau jogo foi suficiente para voltar a relegá-lo para o banco de suplentes, para gáudio de todos os Velhos do Restelo, que também os há em Alvalade, que nestas coisas estão sempre à espreita da oportunidade de provar um ponto, mesmo que olhando para as estatísticas não se compreenda como apenas 6 jogos a titular esta época permitiram sentenciar de forma tão definitiva que o jogador não merece alinhar de início. Outros jogadores há que nem de início nem no fim, mas isso já são contas de outro rosário. Afinal, o muro de lamentações mais à mão é sempre o da Formação. E o Jovane já tem 21 anos, o que pelo nosso calendário, pouco gregoriano, faz dele quase um veterano...

 

P.S. "Filomeno, para meu pesar", inspiração para o título do Post, é um grande romance de Gonzalo Torrente Ballester, autor também de "Don Juan" e do excelente "Crónica do Rei Pasmado". 

 

(*) Republicação. Texto originalmente apresentado neste blogue em 8 de Junho de 2020 (aquando da retoma do pretérito campeonato).

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