It’s SAD!
Pedro Azevedo
Uma pessoa nem tem tempo para saborear uma grande vitória europeia no andebol, pois logo de seguida é confrontada com os Resultados do primeiro semestre da Sporting SAD.
A primeira constatação que se pode fazer é que os Custos com Pessoal não baixaram na medida do que era suposto, situando-se nos 35,8M€ (37,6M€ no semestre homologo da época anterior). Ou seja, expurgando a diferença dos salários entre Jorge Jesus e José Peseiro, os Custos com Pessoal subiram. "Extraordinário", sabendo-se que o custo com William, Rui Patricio e Gelson, três dos jogadores que mais pesavam na folha salarial, já não entrou neste exercício. O facto de não se terem desalavancado os Custos desde o início do semestre, como deveria ter sido feito, estará indelevelmente ligado às saídas desordenadas de Nani e Montero, ocorridas já este ano.
Outros dois indicadores preocupantes relacionam-se com algo que vinha chamando à atenção há bastante tempo: as rubricas de Fornecimentos e Serviços Externos (FSE) e de Amortizações continuam a crescer - ambas com valores semestrais superiores a 10M€ - , tendo os FSEs subido 1,6M€ e as amortizações crescido 1,1M€. Aliás, no semestre, os Gastos Gerais Administrativos foram de 53,9M€ e o valor das amortizações de 12,4M€, o que somado dá o montante de 66,3M€.
A SAD apresentou um Resultado Líquido do exercício positivo em 6,4M€, essencialmente devido aos Proveitos inerentes â venda de Piccini e aos acordos alcançados pôs-rescisões de William e Rui Patrício. Expurgando estas vendas, e retirando as comissões pagas nessas operações, o Resultado antes de impostos teria sido negativo em 26,5M€.
Confirma-se a informação que eu já tinha dado anteriormente (decorrente da leitura do R&C referente a Setembro de 2018), de um valor em dívida, na rubrica Fornecedores, de cerca de 1,6 milhões de euros, à Positionumber ( empresa de agenciamento de Bruno Fernandes). O que o relatório semestral confirma taxativamente é que tal valor decorreu das negociações para a "reposicão do activo" (Bruno Fernandes), actualmente o jogador (por larga margem) com maior valor de mercado do plantel leonino.
Outros dados: a bilheteira caiu 23,6%, ou 2,2 milhões de euros, sendo que cerca de 1 milhão deveu-se á diferença de receita entre os jogos da Champions (época passada) e os da Liga Europa (esta época) e o restante prendeu-se com um decréscimo da venda de gameboxes (-16,2%), bilhetes para jogos nacionais (-47,7%) e venda de camarotes.
Chegados aqui, chega de demagogia. É preciso agir e depois explicá-lo aos sócios, falando a verdade. Enquanto as palavras de circunstância e as meias-verdades nada resolvem e só alimentam o circo que faz o gáudio dos nossos rivais e de quem não nos quer bem, as acções produzem efeito. É urgente baixar os Custos com Pessoal até aos 50 milhões de euros, eliminando desperdícios provenientes de redundâncias intoleráveis num clube com histórico de formação de jogadores. E isso deve ser feito com o maior critério, de forma a que não se percam alguns dos poucos jogadores com categoria extra, ou que se desbaratem activos. Por outro lado, num clube a atravessar este tipo de dificuldades, as contratações deveriam ser cirúrgicas e merecer um consenso alargado dentro de uma Estrutura. Gastar mais 14 milhões de euros em meia-dúzia de jogadores (onde só um ou outro mostrou até agora poder ter qualidade para um Sporting de topo), numa altura em que se diz não haver dinheiro, faz-me lembrar aquela máxima de que "quem cabritos vende e cabras não tem...".