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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

08
Mar19

Gente feliz com lágrimas


Pedro Azevedo

Nas grandes tormentas surgem por vezes homens providenciais. Homens aparentemente comuns, como nós, mas com um dom oculto que subitamente desabrocha. O Hugo é dessa cêpa de seres que andam por aí quase incógnitos, até que chega o dia em que são convocados para fazerem toda a diferença. Homem bondoso, tranquilo, humilde, com personalidade de anti-herói, a ele Deus (eu acredito!!) escolheu para estar no sítio certo na hora de maior borrasca, para que serenamente colasse as peças e, irónicamente, se tornasse o herói improvável de uma magnífica gesta. Foi assim há 2 anos quando lhe pediram para pegar na nossa desacreditada equipa de andebol e fazer o melhor possível. E o melhor possível para ele foi vencer um campeonato, dez anos depois do último, recuperando inúmeros pontos de atraso para o Porto numa emotiva fase final. A que juntou uma Taça Challenge, a segunda do nosso historial. Ainda assim, esteve para ser substituído por Carlos Resende. Mantendo-se no posto, o Hugo partiu para novas conquistas. A uma campanha acima do esperado na Champions juntou novo título de campeão nacional (a 3 jornadas do fim), desta vez com um record associado de 28 vitórias consecutivas na competição. O êxito não lhe alterou o carácter. Não tocou a atmosfera, não elevou o tom de voz, continuou a entregar-se a nós, naquele seu jeito tão singelo de deixar o tempo e os feitos falarem por si. Sempre com o sentido colectivo das coisas, sabendo valorizar os seus jogadores, os sócios e adeptos do clube e seus dirigentes, até outras modalidades, seus êxitos e respectivos atletas. A enxurrada de jogos europeus, que para tantos outros serviria logo antecipadamente de desculpa para justificar quaisquer fracassos, foi por ele aproveitada para melhorar os níveis de intensidade da equipa, torná-la mais competitiva. A velha história do copo meio vazio ou meio cheio. Ele escolheu o meio cheio e continuou a enchê-lo. Para ele, não há Cabo das Tormentas nem Adamastor, é tudo Boa Esperança e alento redentor. E assim, fazendo das fraquezas forças, transformando crises em oportunidades, lá foi serenamente ultrapassando vários portos. Já esta época conseguiu novo feito. E que feito: pela primeira vez, nos actuais moldes da Champions, uma equipa portuguesa conseguiu atingir os oitavos-de-final da prova. Notável!

Anteontem, cansado de uma eliminatória dupla com o Dínamo de Bucareste da poderosa Roménia, país que históricamente é a terceira potência da modalidade, com 4 títulos mundiais e duas medalhas de bronze, o Sporting defrontava o rejuvenescido Porto de Magnus Andersson. 

Os tempos andam cinzentos em Alvalade e os adeptos não têm tido muitos motivos para sorrir. O sportinguismo está lá, latente em todos os adeptos (já estou como o Padre Américo...), mas motivos diversos têm contribuído para alguma desagregação e desenfoque no essencial, o clube, no fundo a essência de todo o nosso amor. O pavilhão estava quase cheio, num tributo dos adeptos a uma equipa que faz por o merecer. O jogo nem começou especialmente bem para as nossas hostes. Os leões estavam nervosos, mais preocupados com a arbitragem - também aqui, Brutos? - do que com o adversário e este manteve-se, resiliente, na frente do marcador. Mas o Hugo tem o condão de nos fazer acreditar. Ele nunca entra em pânico e isso sossega-nos. E vai rodando a equipa, gerindo o desgaste, até chegar a hora da estocada final. E que estocada! A partir do momento em que nos apanhámos à frente no marcador não demos a mínima hipótese ao Porto. Carol, Edmilson, Valdés e Bosko formaram um muro e quando este cedeu estava lá uma parede eslovena (Skok). Na frente, Ruesga fazia todas as combinações possíveis e imaginárias, e mesmo não imaginadas, que a gama de truques do espanhol ultrapassa o reportório de um David Copperfield nos seus melhores dias. Algumas delas apanharam o Frade solto, como pivot, e este aplicou uns pastéis de feijão indigestos para o Gulliver cubano que defende a baliza portista. Pensando bem, os pastéis não seriam de feijão, mas sim de nata. Com Canela. Canela que anteontem uniu todos os adeptos, gente feliz com lágrimas, todos louvando em uníssono a vitória do enorme Sporting. E que bonito foi, que privilégio poder ter lá estado. Obrigado Hugo! Obrigado rapazes! Que orgulho eu tenho em Vós, que orgulho eu tenho em ser Sporting! E, desta vez, ganhámos todos.

hugo canela.jpg

(Foto: Record)

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