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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

24
Out19

Entre o Céu e o Inferno


Pedro Azevedo

O Sporting sempre teve muito talento nas suas camadas jovens. Evidentemente, não se forma o tipo de jogadores que foram/são Paulo Futre, Luís Figo ou Cristiano Ronaldo todos os anos, mas também não me lembro de termos contratado Deco, Gullit ou Messi, ou seja, alguém que tivessemos ido buscar ao mercado e um dia viesse a ser um Bola de Ouro, ou mesmo um Bola de Prata, pelo que entre apostar na nossa Formação ou no Scouting prefiro naturalmente a primeira. 

 

Infelizmente, sobram sempre argumentos para desvalorizar o que é nosso. Um dos mais correntes é que não se ganham campeonatos só com a Formação, argumento correcto mas que, à boa maneira do 8 e do 80 que tanto nos caracteriza enquanto portugueses, coloca as coisas de uma forma extremista. A aposta na Formação não significa que joguemos só com formandos, apenas implica que não se necessite de ir buscar números pornográficos de jogadores ao mercado que ajudem a delapidar os nossos cofres. Desmontando o argumento, também é claro que não se ganha só com o Scouting. Aliás, analisando esta época, poucos ou nenhuns jogadores da nossa Formação (ou mesmo portugueses) têm jogado, estando até esse número nos níveis mais baixos das últimas décadas, mas nem por isso os resultados têm aparecido, encontrando-se o Sporting a fazer provavelmente o pior início de temporada da sua existência. Portanto, extremismo por extremismo, a expressão "não se ganham campeonatos só com o Scouting" deveria ser muitíssimo mais apregoada do que "não se ganham campeonatos só com a Formação". Já a expressão "só se assegura a sustentabilidade financeira com a Formação integrada no plantel principal" (isso é que é a "aposta na Formação") deveria ser um axioma. Para reflexão...

 

A questão não é não surgir um Futre, um Figo ou um Ronaldo, jogadores "top-class", a questão é podermos aproveitar jogadores de nível muito bom, ou mesmo apenas bom, produzidos em Alcochete. E isto nem sempre é possível porque parece dar mais garantias ir buscar um jogador ao mercado do que apostar no que é nosso. Assim se perdeu recentemente um Demiral para a Juventus, um Domingos Duarte para o Granada ou um Matheus Pereira para o West Bromwich. Para os lugares dos quais vieram um Marcelo (onde anda?), um Ilori ou um Jesé (este, como é "avançado centro", tem mais valências...). Auguste Comte dizia que "na vida tudo é relativo, e esse é o único valor absoluto", pelo que, fazendo fé nestas palavras do pai do Humanismo, não basta dizer que a Formação não tem qualidade - argumento que não colhe - , é preciso mostrar que quem vem de fora, e custa dinheiro, é melhor do que os que cá estão. Ora, a história das últimas décadas do Sporting é feita deste tipo de equívocos. Com consequências desportivas e financeiras. E mesmo assim, ainda há quem defenda e privilegie a aposta no Scouting em detrimento da Formação...

 

Frederico Varandas comprou 14 jogadores desde Janeiro. Deste lote sempre vi em Matheus Nunes um jogador diferenciado (Vietto é bom de bola, mas é uma sobreposição inferior a Bruno Fernandes e sem golo), os outros não me parecem jogadores para um Sporting campeão. Todos juntos impactaram 40 milhões de euros de investimento, um valor significativo para um Sporting que se dizia passar por um má situação financeira. Eu pergunto: destes jogadores contratados, quais serão aqueles que o Sporting venderá com lucro? Luíz Phellype, muito provavelmente, o Matheus se o puserem a jogar, talvez o Doumbia se evoluir porque como está não dá. Entretanto, Varandas tem vivido da venda de jogadores que já eram do Sporting, tais como Raphinha, Bas Dost, Thierry Correia, entre vários jovens da nossa Formação, alguns que nunca chegaram (ou mal chegaram) a pisar o relvado de Alvalade. Ufanando-se de que fez 60 milhões em vendas. O problema é que no futuro próximo, para além de Bruno Fernandes, Acuña e Wendel (outros que já cá estavam) ficou muito dependente do que comprou para realizar algum dinheiro. E se vender Bruno e o dúo sul-americano irá enfraquecer ainda mais o plantel, até porque esses 3 (com Wendel em forma), mais Mathieu, são provavelmente os únicos jogadores que qualquer adepto colocaria de caras no Onze do Sporting. 

 

Não sou fã de quotas, mas quando aquilo que é vital à nossa sustentabilidade, dir-se-ia à nossa sobrevivência, tarda em ser realizado, então algo tem de ser feito de forma a que a gestão adquira alguma racionalidade. Nesse sentido, proponho que exista um tecto máximo de 23 jogadores no plantel principal - obrigatoriedade de se ter de recorrer à equipa de Sub-23 em caso de necessidade - , bem como que seja atribuído um número mínimo de jogadores oriundos da Formação na nossa equipa A. Adicionalmente, gostaria que ficasse limitado a 3 ou 4 o número de contratações por época, privilegiando-se assim qualidade em detrimento de quantidade. Pode ser limitativo, não ser o sistema ideal, mas só assim se realizará aquilo que muitos vêm clamando há muito tempo. E que isso venha a constar de uma alteração estatutária, caso tal seja necessário. Assim é que não podemos continuar. No papel (programas eleitorais), no Excel (Dr Zenha e as suas considerações sobre o mercado) tudo é de sonho, o pesadelo é quando a bola começa a rolar, é Faro/Loulé, é a dupla derrota caseira com o Rio Ave, é o recém-promovido Famalicão, é o... Alverca. Ou nos libertamos desta forma de estar e mudamos de vida, ou o clube vai continuar neste inferno (o purgatório só existe para quem se arrependa em vida dos pecados cometidos) que vem marcando as últimas décadas da nossa existência e que o torna a Divina Comédia do futebol português. Pensando bem, é melhor não ir por aí e terminar já, não vá alguém do Scouting vasculhar o "Calcio" à procura de um tal de Dante Alighieri...  

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