... E o Sporting é o nosso grande amor
Pedro Azevedo
O Sporting perfaz hoje 114 anos de existência. Cento e catorze anos é muito tempo, tanto que só 8 pessoas actualmente entre nós, por sinal senhoras, já eram nascidas quando o Sporting foi fundado. São elas as nipónicas Kane Tanaka, Shigeyo Nakachi e Mina Kitagawa, as gaulesas Lucile Randon e Jeanne Bot, as americanas Hester Ford e Iris Westman e a polaca Tekla Juniewicz.
Também não há muitos países cuja criação/independência sejam anteriores ao Sporting. Por exemplo, em África, só o Egipto, a Etiópia, a Libéria e Marrocos têm mais anos que o nosso clube. Na Oceania, apenas a Austrália precede o Sporting e por apenas 5 anos.
Perante estes contextos é fácil perceber o quão importante é preservar algo com tanta riqueza histórica e tão precioso e invulgar como o Sporting Clube de Portugal.
O Sporting está muito bem acompanhado no que respeita ao dia da fundação, pois a 1 de Julho nasceram também a diva Amália Rodrigues (1920) e o Capitão de Abril Salgueiro Maia (1944). Lá fora, o multi-campeão olímpico Carl Lewis (1961). E faz sentido, independentemente dos seus amores clubísticos! É que, se por um lado somos a voz de revolta de um certo (en)fado português, por outro a nossa visão do desporto sempre procurou promover a liberdade de decisão de todos os clubes e apelar à nobreza de carácter dos seus dirigentes. E temos para apresentar a grandiosidade de um ecletismo que também marca a nossa riquíssima história.
Em 1906, o índice Dow Jones superou pela primeira vez os 100 pontos (25 812 actualmente), as regras do futebol passaram a contemplar o passe para a frente, Ascetic's Silver venceu o mítico Grand National com uma probabilidade de 20/1, o rei D. Carlos I nomeou João Franco como primeiro-ministro, os irmãos Wright conseguiram patentear a sua "máquina voadora", Santos-Dumont voou pela primeira vez, César e Cleópatra (George Bernard Shaw) estreou em NY, a China proibiu o comércio de ópio, o 1º cinema (Omnia Pathe) no mundo abriu em Paris, Reginald Fessenden tornou-se o primeiro radialista a transmitir música e o Irão passou a ser uma monarquia constitucional.
E foi neste contexto muito marcado pelo pioneirismo um pouco por todo o mundo que José Alvalade fundou o Sporting Clube de Portugal em 1 de Julho de 1906, dando-lhe logo o objectivo de ser tão grande como os maiores clubes da Europa.
Muitos parabéns Sporting! Obrigado pela companhia de todos os dias, por toda a glória e pelo privilégio de me poder associar a algo tão grandioso. Por isso, a dívida que tenho para contigo será algo que jamais poderei pagar em vida. Na alegria ou na tristeza, ser do Sporting sempre foi, é e será especial para mim. Muito mais do que um clube, ser do Sporting é idealmente uma forma única de estar na vida e por consequência também no desporto. No respeito pelos nossos concorrentes, na inovação e contributo para um desporto melhor, no saber ganhar e perder (dando sempre tudo para vencer), os alicerces do Sportinguismo. Mas, para nos abrigarmos dos dias tempestuosos, sempre precisámos de um tecto. E o que nos dá cobertura é a esperança inquebrantável que tanto intriga os nossos adversários e a resiliência indelével que nos une. Havemos de voltar a ser muito felizes juntos! Um bom dia para todos os Sportinguistas espalhados pelos 5 continentes. (E venham mais 114, a caminho da eternidade.)