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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

17
Mai19

Bruno e o paradigma do interesse comum


Pedro Azevedo

Antigamente, para um jogador, proveniente da Formação ou recrutado em outro clube, chegar à equipa principal do Sporting era o suprassumo de uma carreira. Esse tempo mudou, ao ponto de um ex-salgueirista, modesto defesa, na sua primeira conferência de imprensa no José Alvalade, ter dito que via o Sporting como um trampolim para o Inter de Milão. O tiro acabaria por lhe sair pela culatra e o coice da arma levá-lo-ia até Leiria para jogar no União, clube mais à escala (mas não Scala) do seu escasso talento futebolistico.

 

É perfeitamente natural que um jogador aspire a resolver rapidamente a sua situação financeira. A não-harmonização da carga fiscal a nível europeu provoca desigualdades que fazem com que mesmo clubes fora do primeiro mundo do futebol possam ser competitivos face aos portugueses, o que vem somar ao menor Produto da economia nacional face aos países europeus mais desenvolvidos. Por isso, os jogadores querem sair. Muitas vezes desordenadamente, sem cuidar de olhar para a sua carreira. Apenas os mais inteligentes são capazes de resistir ao primeiro impulso. Será o caso de Bruno Fernandes, que recentemente reconheceu ter tido dúvidas no ano passado se estaria preparado para uma grande equipa europeia. Por isso, preferiu ficar, ganhar mais maturidade, investir no seu currículo, consolidar as suas estatísticas de jogo, assumindo a batuta de uma equipa da qual é maestro incontestado. O prémio está aí a bater-lhe à porta.

 

Muitos outros não sabem esperar. Mesmo quando a isso obrigados por questões contratuais, desesperam. Querem sair e acabam por Investir menos na qualidade do seu jogo. Perdem valor. Terá sido o caso recente de William Carvalho, um jogador que, na minha opinião, não se voltou a exibir ao nível de 2013/14, a sua época de estreia numa equipa, há época, liderada por Leonardo Jardim. É certo que manter durante muito tempo um jogador contrariado também não é bom para o clube, mas acredito que todas as partes ganhariam se houvesse um plano conjunto de carreira, com objectivos claros para todos. William saiu para o modesto Bétis, emblema com história mas com um presente de clube periférico face à elite do futebol espanhol, actualmente 10º classificado da La Liga. 

 

A carreira de um jogador é curta e sujeita a muitos imponderáveis. A mudança de treinador, de modelo de jogo, uma lesão incapacitante de médio-longo prazo, a qualidade do plantel são tudo constrangimentos a pesar sobre o valor de um atleta. Isso, obviamente, gera ansiedade, que é preciso saber gerir com sobriedade e equilíbrio. Visando o essencial: o jogador querer continuar a melhorar todos os dias. Algo visível nos últimos anos no Sporting foi a incapacidade sentida em vários atletas, época após época, em darem um salto qualitativo. Tirando o caso de Rui Patrício, que foi acumulando a experiência essencial à sua posição no terreno, a maioria dos jogadores estabilizou ou regrediu. Para além de William, Gelson foi incapaz de encontrar o fim do labirinto de chicuelinas em que se tornou o seu futebol, Podence não melhorou a sua relação com o golo. Talvez por isso, apenas Adrien, Slimani ou João Mário encontraram por parte do clube comprador a recompensa devida para alegria de todas as partes. Essencialmente, porque elevaram o nível do seu futebol, à semelhança do que Bruno Fernandes (em todo o seu esplendor) e Wendel fizeram este ano.

 

A saída prematura de vários atletas muitas vezes constitui um tampão à progressão da sua carreira. Nem sempre a escolha de um clube grande europeu se revela compensadora, principalmente quando o jogador é muito jovem. Será o caso de Renato Sanches, o qual pouco jogou nos seus dois anos de Bayern. Outros há, como Bernardo Silva, que foram dando passos em crescendo, de um Mónaco para um Manchester City, e assim consolidando a sua carreira. Tendo a sorte de, pelo caminho, encontrar um Jardim ou um Guardiola, tal como Ronaldo teve em Ferguson um trampolim para o sucesso. Dos mais maduros, custa vêr Patrício num Wolves de ambições limitadas (pese embora o excelente trabalho de Nuno), ele que mereceria um clube mais à altura da sua qualidade. Apesar disso, pegou de estaca.

 

Este arrazoado serve para expressar a ideia de que muitas vezes a articulação entre os interesses do jogador e do clube é boa para o futebolista. Quando este pretende sobrepôr a sua vontade pessoal, embalado pelo canto das sereias (que na vida real tomam a forma de alguns empresários), e deixa de pôr o foco na progressão do seu jogo geralmente as coisas correm mal. Nesse sentido, o exemplo de Bruno Fernandes deveria ser utilizado pelo Sporting para demonstrar o caminho correcto. Que, lugares comuns à parte, se faz caminhando. Preferencialmente, no sentido certo. Caso contrário, de que serviria caminhar?

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