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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

17
Ago19

A razão do Sporting


Pedro Azevedo

Cada Sportinguista deve começar a pensar que mais importante do que ter razão é a razão assistir ao clube. Vou dar um exemplo: uma política de aposta na Formação é a única capaz de garantir a sustentabilidade do clube, isso deve ser entendido como um axioma. Como tal, e de uma vez por todas, é preciso dizer que quem estiver contra isto, está contra o Sporting e o seu futuro. Não basta dizer que a Formação não tem qualidade, há que perceber se quem chega tem mais qualidade do que os jogadores da nossa Formação. Auguste Comte, pai da corrente do Humanismo, dizia que tudo na vida é relativo, sendo esse o único valor absoluto das coisas. Ora, não podemos, ano após ano, desbaratar recursos que andámos a desenvolver para depois se contratar igual ou pior. Porque é que somos tão taxativos na qualificação negativa da nossa Formação e tão evasivos na avaliação de quem vem de fora? É essencialmente devido a isso que chegámos a este ponto de sufoco financeiro e de míngua de títulos. O que deveremos fazer, isso sim, é ir ao mercado apenas para buscar aquela qualidade-extra que nos faltar. E isso tem de ser feito de uma forma absolutamente criteriosa e em pequena escala e não nos actuais termos, em que vamos comprando mais de uma dezena de jogadores por época. O Ajax não deixa de promover miúdos aos séniores e hoje em dia não tem Cruijff, Van Basten ou Bergkamp. (Aliás, apesar de terem tido grandes gerações, os holandeses nunca foram campeões europeus de juniores e a última vez que foram finalistas foi em 1970, sinal de que os seus jogadores vão amadurecendo com o tempo e as oportunidades dadas nas equipas principais dos clubes.) Por isso lançou De Ligt, o qual curiosamente hoje em dia é colega no centro da defesa de Demiral, um jovem turco (literalmente) que em Alvalade nunca encontrou ninguém que apostasse nele. No entanto, a Juventus não hesitou em adquiri-lo, um ano apenas após ter abandonado o Sporting. Outros há que andaram a perder tempo connosco, chamados de volta muitas vezes para encobrir o fracasso da política de contratações. Aliás, foi por essa razão que Palhinha, Podence e Geraldes (os dois últimos acabados de ganhar a Taça da Liga pelo Moreirense) foram chamados a Alvalade no decorrer da temporada de 16/17. Geraldes que ainda voltou em Janeiro de 2019 para novamente não ter uma oportunidade, mesmo que Keizer fosse dizendo que trabalhava bem e que apenas não jogava porque o lugar era de Bruno Fernandes. Curiosamente, pouco depois, havendo indefinição à volta da permanência de Bruno, já não houve hesitações em colocar Geraldes no AEK da Grécia, certamente porque Diaby (Keizer em entrevista admitiu poder jogar a "10") e Vietto davam mais garantias. A continuarmos assim, acabaremos por ter de vender apressadamente a qualidade (os Acuña, Coates, Dost, mesmo o Mathieu para pagar salários) que conseguimos adquirir ao mercado (admitindo que Bruno não sai), ficando com uma equipa enfraquecida e cheia de jogadores de classe média-baixa que as nossas saudades dos "descobrimentos" nos trouxeram. 

Também não basta bater no peito e dizermo-nos Sportinguistas e depois andarmos a brincar aos "sportingados", "brunistas", "letais", "leais", "croquetes", etc. Onde está a razão do Sporting nisso tudo? Essa multiplicidade de conceitos gera dispersão e é na verdade um atentado à Cultura do clube e à sua identidade, criando confusão nas mentes das pessoas e não apelando à união. Para além de que é puramente ruído. Tudo isto parte de um princípio totalmente errado: não são os homens que têm de ser combatidos, mas sim os seus actos ou as suas ideias (se for caso disso). A discussão e crítica "ad-hominem" é pobre e completamente descentrada do essencial que é o clube. Disse-o na passado quando as críticas a Bruno Carvalho ultrapassaram a linha da sua gestão e digo-o agora em relação a Frederico Varandas. No dia em que permitirmos, porque conjunturalmente nos possa agradar, que a discussão à volta do clube seja tomada por radicais, então estaremos mais perto do fim. E creio, infelizmente, que esse fim estará mais próximo. Com muita dor e pesar o digo. E não me venham falar em "too big to fail" e em preconceitos desse género, que disso eu e os portugueses (e não só) já temos a nossa dose.

 

Não se pode alterar o passado, mas pode-se agir no sentido de haver um futuro. Nos dois casos enunciados, a sobreposição das razões individuais de cada um às do clube só tem contribuído para a alienação da nossa sustentabilidade e Cultura corporativa. É por demais evidente que se isto continuar o clube irá definhar até à morte. Morte, sim, pelo menos do clube como sempre o conhecemos, pois poderá sempre advir a possibilidade de um investidor comprar a SAD, naquilo que, a acontecer, terá de ser visto como o maior atestado de incompetência a todos nós, sócios do Sporting Clube de Portugal.  

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