A insustentável leveza do ser
Pedro Azevedo
Quando já se julgava ter visto tudo, eis que o Sporting decide tomar uma decisão com o impacto político de protestar um jogo que perdeu justamente no campo contra uma equipa do Campeonato de Portugal (terceira divisão nacional), não cuidando de perceber que imediatamente se lhe colaria a ideia de querer ganhar na secretaria, devido a uma "necessidade de clarificação" (em caso de dúvida em relação a situações futuras não bastaria um pedido de esclarecimento por escrito endereçado aos serviços federativos?). Como resposta, o Conselho de Disciplina da FPF julgou a nossa acção improcedente. Do mal o menos, podemos ter perdido primeiro o jogo e depois a razão de ser da nossa tão apregoada nobreza de valores, mas pelo menos a Estrutura que lidera o nosso futebol ficou clarificada. Eu também!
P.S. O espírito do Regulamento da FPF é absolutamente claro: um jogador punido no decurso de uma competição deve cumprir a suspensão nessa mesma competição. O que houve foi uma tentativa de aproveitamento do Sporting devido a essencialmente dois factos: o facto de o Conselho de Disciplina, que aplica os castigos, nem sempre reunir com a periodicidade desejada; o facto de o Regulamento mencionar a possibilidade de, em alternativa a suspensão por números de jogos, haver um período de inactividade expresso em dias. Ora, como bem sabemos, um jogador que é expulso por acumulação de amarelos nunca sofre um castigo em dias, a jurisprudência diz-nos que esses castigos são essencialmente aplicados a treinadores ou, quando a jogadores, em casos de doping, agressão grave com período de inactividade por lesão de adversário, ou processos relacionados com "match fixing", entre outras situações não-correntes, razão mais do que suficiente, no meu entendimento, para a moral (ou ética) não ter estado do nosso lado.