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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

06
Jan20

Tudo ao molho e fé em Deus - Dias inglórios


Pedro Azevedo

Consta numa certa mitologia encarnada que Prometeu roubou o fogo a Zeus para o entregar aos No Name Boys. Deste modo, o grupo desorganizado de adeptos benfiquistas deslocou-se a Guimarães para proceder à passagem de testemunho da tocha olímpica. O Barão de Coubertin deve ter ficado embevecido. Já Varandas, olimpicamente, ignorou o acontecimento, perdendo a oportunidade de alertar publicamente o governo que isto da necessária repressão às atitudes anti-desportivas e ao vandalismo associado ao futebol não é um assunto que diga só respeito ao seu clube. 

 

Enquanto uns veem glória em criar desumanidade, outros não verão glória nenhuma em viver o Sportinguismo com paixão. Não deverá ter sido com este sem-vontade que um dia José Alvalade fez nascer o Sporting Clube de Portugal, mas hoje o hino "O mundo sabe que..." voltou a ser entoado já com o jogo a decorrer, assim a modos como para cumprimento de uma mera formalidade protocolar e como tal destituído de alma ou identidade. 

 

Nunca é fácil ao Sporting deslocar-se ao Dragão e ter que levar com o vibrante apoio dos portistas à sua equipa. Tal reflectiu-se essencialmente nos primeiros 45 minutos, período em que o Porto dominou as operações a meio-campo. Não que os pupilos de Sérgio Conceição tenham criado grandes oportunidades de golo, pois apenas procuraram controlar os acontecimentos após o seu golo madrugador, mas com Doumbia e Wendel sempre atrasados a chegar à bola e as alas sem dinâmica pode considerar-se que o empate no marcador por via de um golo de Acuña em cima do intervalo era lisonjeiro para os leões. É verdade, o Acuña é que repôs a igualdade! O trauliteiro, irascível, louco mesmo, aquele que devíamos vender o quanto antes, o mal-amado em Alvalade que seria herói na Luz ou no Dragão. Aquele tipo de jogador com quem se ganha campeonatos, luxo a que devemos estar tão habituados que quaisquer 20 milhões no último Inverno (e menos actualmente, a fazer fé nos jornais) teriam sido suficientes para o levar com o consentimento e anuência de alguns dos nossos adeptos.  

 

No segundo tempo tudo mudou. O Sporting finalmente teve algum apoio proveniente das bancadas e Acuña, que já tinha marcado, desatou agora a assistir. Primeiro para Luíz Phellype, depois para Bruno Fernandes, finalmente para Vietto. Tudo desperdiçado ingloriamente. Pelo meio, assistido respectivamente por Bruno e Luíz Phellype, Vietto teve outras duas oportunidades igualmente não concretizadas, uma das quais com a bola a esbarrar no poste. Tanta falta de eficácia não augurava nada de bom e o Porto adiantar-se-ia de novo no marcador na sequência de um canto, com Soares a superiorizar-se nas alturas a Doumbia e a bater sem apelo nem agravo Max. Nada voltaria a ser igual. É certo que Coates ainda atiraria à barra, mas o Sporting já não mostraria mais a mesma clarividência e agressividade no desenvolvimento das jogadas, tendo até Max evitado o pior em duas ocasiões. Assim, o resultado já não seria alterado.

 

Silas fez o melhor que pôde com a matéria-prima que lhe ouseram à disposição. A equipa bateu-se com brio e foi abnegada, nunca se poupando a esforços. Mas é facilmente constatável que falta qualidade global. É certo que Mathieu, Bruno Fernandes e Acuña mostram ter muita qualidade, mas falta quem os acompanhe ao mesmo nível: Vietto é um jogador de espaços curtos, com boa técnica, mas mais uma vez mostrou não ter golo, Bolasie é tão esforçado como tosco, Doumbia não tem tempo adequado de entrada aos lances, Wendel é muitas vezes inconsequente, Luíz Phellype passa muito tempo sem bola porque a equipa não privilegia os seus apoios frontais (isolou Vietto numa das poucas ocasiões em que a equipa o serviu desse modo) e Ristovski e Coates têm uma atitude muito profissional, mas não são excelentes. Max, apesar dos muito bons sinais, ainda é só uma promessa. 

No entanto, faz sentido questionar a razão pela qual Pedro Mendes não foi convocado. Não havendo outro ponta de lança para além de Luíz Phellype, Silas preferiu incluir um "avançado centro" como Jesé em detrimento do jovem que viria na véspera a confirmar nos sub-23 os seus dotes de goleador. Evidentemente, o espanhol viria a ser a nulidade do costume, desta vez procurando mais o confronto com os adversários do que com a bola. Também não se compreendeu muito bem porque é que Plata se foi posicionar atrás do ponta de lança, permanecendo Vietto na ala, quando as características de ambos recomendariam o inverso. Até a obstinação em subvalorizar Matheus Nunes face a Wendel, Miguel Luis e até Eduardo pode e deve ser chamada à colação, pelo que Silas ainda tem muito a experimentar antes de dizer que precisa de mais gente para ajudar. O que não invalida que escasseiem opções de qualidade para fazer muito melhor com o plantel que tem. Como Keizer não tinha, aliás. E disso, um e outro não serão certamente os responsáveis, 40 milhões de investimento depois. 

 

Voltámos ao quarto lugar no campeonato e estamos a mais pontos do primeiro (16) do que da zona de despromoção (13). Em condições normais tal seria considerado alarmante. Mas nós estamos concentrados em limpezas. É o que nos dizem: é preciso limpar. Eu entendo. O problema é que, aparentemente, a limpeza está a tornar-se inconciliável com a boa gestão desportiva, o que é pena não ter sido compreendido pelos sócios aquando do acto eleitoral. É que bastaria terem escolhido a Servilimpa e a coisa naturalmente teria saído mais barata. E surgem receios de que a limpeza não fique pela curva sul, temendo-se que não mudando a gestão do futebol cada ocupante das restantes bancadas se comece a limpar a si próprio até ao ponto em que Varandas já não tenha ninguém para limpar. Nesse momento terá de chamar alguém de fora para o limpar a ele e a limpeza ficará concluída. A maçada é que o Sporting, como o conhecemos desde sempre, também. Entretanto, o Rabbani não ficou sequer para as rabanadas, o Raul José mandou uns avisos à navegação e o projecto desportivo dá efusivos sinais de não se estar a sentir nada bem, o que é uma prosopopeia que se calhar não tem o estilo suficiente num clube onde o projecto desportivo é uma figura da mitologia que geralmente precede uma tragédia grega com peripécias tão devastadoras que transformam aquelas que Eurípedes, Ésquilo ou Sófocles mostraram ao mundo em inócuos contos para meninos. Agora só falta vender o Acuña e o Bruno, reformar o Mathieu e investir num satélite do Manchester City. Aí, sim, estarão alinhados os planetas e o Sporting não voltará a macular ninguém.

 

Entrementes, algures no espaço:

"This is Major Tom to Ground Control, I'm feeling very still" - Space Oddity

 

Tenor "Tudo ao molho...": Marcos Acuña (enorme!!!)

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04
Jan20

"Seven" - 7 Desejos para o Clássico


Pedro Azevedo

Domingo teremos Clássico em Alvalade, com a visita do FC Porto. Eis os meus desejos para o jogo:

 

  1. Ambiente no estádio: que seja audível e visível para todos que o Sporting joga em casa e não no Dragão;
  2. Respeito pelos símbolos leoninos: tal como a "Marcha do Sporting", cantada pela Mª José Valério, espero ouvir entoar "O Mundo sabe que..." antes de a bola começar a rolar, à semelhança aliás do que acontece em Anfield com "You`ll never walk alone", ou em Camp Nou com "Cant del Barça". Os hinos são para serem sentidos, interiorizados no seu "tempo" perfeito, pelo que a sua exibição não deve corresponder ao cumprimento de uma mera formalidade burocrática desprovida de alma e identidade;
  3. Fair-play: no relvado, nas bancadas, à entrada e saída do estádio deve imperar o respeito entre os intervenientes, nunca se confundindo a sã rivalidade com a guerra;
  4. Comunhão dos Sportinguistas: por muito que existam diferenças entre todos (e as há), cada Sportinguista presente no estádio tem o dever de apoiar o Sporting. E o Sporting, no caso, será representado por aqueles 11 que irão a campo mais os 7 suplentes e equipa técnica, razão suficiente para não se esperar menos do que o apoio incondicional à nossa equipa durante os 90 minutos do jogo;
  5. Invencibilidade leonina em Alvalade: o Porto não vence em Alvalade desde Outubro de 2008. Que assim continue(!), mas com a vitória do Sporting no final;
  6. Ovo de Colombo: ovo de Colombo, ou de Fernandes, em Bruno depositamos a esperança de tornar possível aquilo que para muitos opinadores se afigura difícil e assim fazer a diferença final no marcador. De Silas não esperamos nenhuma invenção, apenas que coloque os melhores jogadores em campo e mantenha o 4-3-3 que melhores resultados vem apresentando;
  7. Trio Maravilha e fato-macaco: Que a qualidade de Jeremy Mathieu, Marcos Acuña e Bruno Fernandes e o compromisso de Ristovski, Coates e Bolasie contagiem positivamente os seus companheiros. Só assim será possível a tão desejada vitória.

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16
Dez19

Tudo ao molho e fé em Deus - Póquer nos Açores


Pedro Azevedo

Apesar de ter visitado São Miguel para jogar com (o) Santa Clara não foi preciso rezar a todos os santinhos para o Sporting sair dos Açores com uma vitória. É que independentemente do estado da relva, frio, chuva, neve ou calor, vento e humidade relativa, trocas e baldrocas tácticas, o futebol é um jogo fácil, fácil em que habitualmente ganha quem tem os melhores jogadores. Basta não complicar, colocando os ingredientes certos em campo. Com Ristovski em detrimento de Rosier, Mathieu em vez de Ilori, Acuña no lugar de Borja e Wendel a substituir um (até agora) holograma proveniente de um clube que também é um holograma de um outro que ainda é um grande em palmarés do futebol português (ufa!!!), os leões foram buscar aquele gostinho de Savora que, já se sabe, toda a comida melhora. E, ao contrário da pedagogia da comunidade médica, sem que com o recurso às especiarias o batimento cardíaco do adepto leonino saísse dos níveis de normalidade. Aliás, pelo contrário, já não tinha uma pulsação tão baixa e via um jogo do Sporting por puro entretenimento desde a penúltima vez que visitámos o Jamor.

 

O Sporting dominou o jogo de princípio ao fim, chegando ao intervalo a dever alguns golos à sua exibição após falhanços de Luiz Phellype e Bolasie. Bruno Fernandes e o surpreendente Ristovski destacavam-se na criação de oportunidades, mas seria o argentino Vietto, já a primeira parte caminhava para o seu termo, a proporcionar ao Felipe das Consoantes inaugurar o marcador. A marcar começaríamos também o segundo tempo quando Mathieu mostrou aos médios defensivos como sair a jogar e com um passe de 50 metros rasgou a defesa açoriana e isolou Ristovski no flanco oposto. O macedónio aproveitou e assistiu LP para o segundo da noite. De seguida, Bruno executou um canto e Bolasie, de cabeça, fez o terceiro. Inspirado pelo golo, o congolês teve o momento Messi do jogo, driblando quem lhe apareceu pela frente até ser derrubado já dentro da área. Na conversão, o inevitável Bruno Fernandes fechou o activo. Estava jogada uma hora de jogo e ainda havia mais meia-hora para disputar. Tempo então para Silas (bem) dar minutos a Batman, o vigilante hoje reaparecido em Ponta Delgada City, super-herói da intensidade defensiva a quem o "Tudo ao molho..." deseja as maiores felicidades.

 

Tenor "Tudo ao molho...": Stefan Ristovski. Boas exibições igualmente de Bolasie, Bruno Fernandes, Luiz Phellype, Vietto (falta-lhe golo e consistência para acompanhar a qualidade técnica que evidencia), Acuña e Mathieu. Os restantes titulares estiveram num plano aceitável.

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08
Dez19

Tudo ao molho e fé em Deus - Ter ou não ter um ponta de lança


Pedro Azevedo

O fim de semana tinha começado bem. Com efeito, no andebol, o Sporting havia vencido confortavelmente um Benfica que quase 30 anos depois ainda não mostra sinais de ter recuperado do trauma da perda do angolano Vata, o mais marcante andebolista da sua história. Desta forma, terminaram o jogo com um(a) grande Carol(a). O Domingo também abriu da melhor maneira, com o triunfo do basquetebol no Dragão Caixa, 24 anos após o último clássico que a nossa equipa da bola ao cesto aí havia disputado, numa partida em que se produziu um oxímoro. É que quem acelerou mais o marcador foi um... Travante! (E Williams, como na F1...)

 

Embalados pelos êxitos das modalidades, os leões foram a jogo no futebol contra o Moreirense. O momento da equipa não era o melhor. Adicionalmente, em tempos dominados pelos "padres" uma visita de cónegos constitui sempre alguma apreensão. Ainda assim, atendendo à cotação do adversario, o meu prognóstico na antecâmara do jogo era moderadamente optimista. A coisa piorou quando vi que na frente do ataque estava um "avençado centro" (emprestado) com um estilo à "pintas" de lança. Susti a respiração. A inspiração parece ter contagiado Borja, o qual hoje conseguiu ir mais vezes à linha do que em toda a sua carreira por cá. E logo da primeira vez deu golo! Golo esse que viria a ser anulado por 14 cm, uma grande medida para um vídeo-árbitro, um mero detalhe para o John Holmes. Já se sabe que à menor adversidade a equipa desconjunta-se e assim voltou a acontecer. Bolasie e Jesé (por duas vezes) ainda visaram a baliza moreirense, mas seriam os cónegos a ter a melhor oportunidade da primeira parte quando Luther apareceu isolado mas não conseguiu desfeitear o Super Max da nossa Formação, em lance onde, parabolicamente falando, de uma costela de  Neto os deuses do futebol fizeram um Coates.

 

Na etapa complementar a toada morna mantinha-se. Aqui e ali entrecortada pela classe individual dos nossos melhores jogadores, como quando Mathieu fez estrelar a bola no poste da baliza de Pasinato na conversão de um livre directo. Borja procurava centrar para a área, simplesmente a inferioridade numérica sportinguista na área do Moreirense era da razão de 1 para 5 pelo que as jogadas acabavam por não dar nada de relevante. Os minhotos ameaçaram, mas Max desviou com a luva para canto. Eis então que Silas decide jogar futebol com um ponta de lança a sério. E, se 14 cm fizeram toda a diferença, 6 minutos ainda o fizeram mais. Esse foi pelo menos o tempo que Luíz Phellype demorou a marcar, respondendo com uma forte e colocadíssima cabeçada (até parecia o Jardel...) a um cruzamento de Mathieu, um sub-37 que é uma das maiores promessas em Alvalade. Até ao fim o Sporting conseguiu controlar o jogo, com Bolasie muito dinâmico a arrancar a expulsão de Iago e a colocar assim o Sporting em vantagem também no número de jogadores em campo pese embora a entrada de Camacho. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Jeremy Mathieu. Destaques pela positiva para Max, Bolasie e Luíz Phellype. Borja fez o seu melhor jogo de leão ao peito, mas peca por muitas vezes nos cruzamentos a bola ficar no primeiro homem da defesa contrária. Bruno, sempre esforçado, esteve abaixo do normal, Ristovski substituiu Rosier com vantagem para a equipa. Coates, que entrou para o lugar de Neto, não comprometeu. Os outros estiveram num plano inferior aos citados. Azar para Neto, com uma costela partida e perfuração do tórax. Rápidas melhoras para ele!

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01
Dez19

Tudo ao molho e fé em Deus - A Restauração


Pedro Azevedo

O Sporting vinha da melhor exibição da época e de uma vitória retumbante sobre o PSV Eindhoven. As condições estavam criadas para um desanuviamento. Mas isso é não conhecer o nosso clube. Um Tribunal Arbitral condenou o Sporting a pagar a título de indemnização o valor de 3 milhões de euros a Sinisa Mihajlovic e logo alguém vislumbrou a oportunidade de "matar" não 1, mas 2 ou 3 coelhos de uma só cajadada. É verdade, a procura de bodes expiatórios é uma actividade vista com muitos bons olhos no futebol, mas eu cá penso que a culpa é toda do tal tribunal. Então não foi o TAS que também nos condenou a comprar o Ilori, o Eduardo, o Camacho, o Rosier (mais o Mama Baldé) e a pedir emprestado o Jesé, o Bolasie e o Fernando?

 

Antes do jogo começar a Liga expôs uns painéis que pediam uma descida do IVA aplicado ao futebol. Nós, consumidores do espectáculo, estamos de acordo com os 6%. Agora só falta no Sporting reduzirem-se as contratações e as comissões pagas para essa mesma bitola...

 

Durante a tarde passei os olhos pela visita do Ajax a Enschede para defrontar o Twente. E reparei que os lanceiros estrearam mais um menino da sua Formação. Chama-se Noa Lang e fez um hat-trick. Fiquei a pensar que de todos os clubes que se intitulam formadores, o Sporting deverá ser o único onde existem mil e um impedimentos a lançar jovens jogadores. Por isso, o Pedro Mendes, o Matheus Nunes, o Daniel Bragança, o Matheus Pereira e outros desesperam por uma oportunidade facilmente concedível a uma estrela do raggaeton ou a um moço colombiano que aos 26 anos ainda está a aprender as regras do jogo, nomeadamente que se pode entrar na área do adversário no decurso de um jogo de futebol.

 

É claro que há razões ponderosas que justificam que Domingos Duarte ou Demiral nunca tenham feito 1 jogo para o campeonato. Não esquecer que tal é geralmente definido por dirigentes que percebem muito de futebol. Como tal, se algo correr mal só pode ser atribuído ao "azar". Como hoje em Barcelos. O Sporting teve "galo" e isso resultou da conjugação da impreparação com a oportunidade certa, leia-se o não se ter perdido o ensejo de contratar na janela de Inverno um Ilori vindo das profundezas da segunda divisão inglesa. Ilori que é um desastre à beira de acontecer no relvado e no coração dos adeptos. Não sei como isto acabará, mas estou desconfiado que será com uma ala inteira no Hospital de Santa Cruz reservada para adeptos Sportinguistas...  

 

Depois de sofrer um golo numa perda de bola de Ilori, o Sporting fez o seu primeiro remate no jogo aos 42 minutos(!). Seguiu-se uma perdida de Jesé após assistência de Bruno Fernandes e o golo do empate da autoria de Wendel (de novo Bruno no passe) com a cumplicidade involuntária do guardião gilista. No intervalo disto tudo o craque Vietto perdeu bolas sobre bolas, nunca lutando para as recuperar. Aliás, a mentalidade de alguns jogadores do Sporting deixa muito a desejar, o que aliado a um défice notório de qualidade acima da média do plantel não deixa qualquer margem para o sucesso. 

 

A etapa complementar foi ainda pior. O contraste entre os jogadores do Sporting tornou-se evidente. A título de exemplo observe-se o seguinte: Bruno lançou duas vezes a esquerda do nosso ataque com critério; em compensação, o Eduardo, nas duas primeiras posses de bola, fez dois passes para o apanha-bolas.

Doumbia e Wendel falharam a pressão sobre o portador da bola este pô-la nas costas da nossa defesa. Acuña tentou o corte em desespero e fez penalty. Na conversão, o Gil não perdoou e colocou-se em vantagem no marcador. Perto do fim poderia ter havido outro penalty. Depois de vistas as imagens, observou-se que havia um prévio fora-de-jogo. Pelo meio Doumbia havia recebido um segundo amarelo, o qual foi mais tarde despenalizado por intervenção do "árbitro" Bruno Fernandes que explicou ao "jogador" Hugo Miguel que o vídeo-árbitro não pode intervir em lances de cartão amarelo (protocolo), para além de que tinha havido uma infracção anterior. Confusos? É o futebol português no seu melhor. O Gil ainda haveria de voltar a marcar, mas por essa altura já o Sporting jogava num 3-3-4, ou 3-2-5, ou, se quiserem, num tudo ao molho e fé em Bruno... 

 

Do Céu ao Inferno em 72 horas, haveria melhor dia que o 1 de Dezembro para mostrar à saciedade que a restauração daquilo que tem sido o nosso status-quo desta época está em progresso? Venha pelo menos a aposta na Formação, a fórmula utilizada somente em desespero de causa para tapar o sol com a peneira... 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes

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10
Nov19

Tudo ao molho e fé em Deus - O codecity para o golo na bota de Vietto


Pedro Azevedo

O Sporting tinha jogado no sistema de 3-4-3 na Noruega. Hoje, contra o Codecity, começou o encontro num 3-5-2, melhorou após a meia hora quando mudou para 4-3-3 e marcou dois golos no momento em que já jogava em 4-2-4, significando isso que foi crescendo no jogo à medida que ia diminuindo o congestionamento de tráfego a meio campo. Ao tentar inicialmente conciliar três centrais com dois trincos (mais 2 laterais/alas que não davam profundidade), Silas acabou por involuntariamente recrear o Largo do Rato às 7 da tarde em dia de semana, provocando um engarrafamento que retirou fluidez à circulação pelo centro. Com tanta gente próxima e a colidir uma com a outra, o trânsito produzia-se num constante arranca-e-para que demorava uma eternidade até chegar a Bruno Fernandes. Com o seu médio de ataque e jogador mais criativo bloqueado, Vietto e Bolasie não tinham bola. Não se estranhou assim que nesse primeiro terço do jogo o Sporting não tivesse rematado uma única vez à baliza. O treinador leonino mexeu na equipa, trocando Neto pelo ala direito Rafael Camacho, descaindo Bolasie para a esquerda e ficando Vietto fixo no centro do ataque. Apesar das melhorias, só através de Eduardo e na sequência de uma bola parada é que o Sporting conseguiu executar um remate enquadrado na primeira parte, sendo que Bruno também causou perigo num livre directo que saiu rente ao poste. Um primeiro tempo paupérrimo!

 

Ao intervalo, o jovem Rodrigo Fernandes, que se estreou a titular aos 18 anos, foi sacrificado. Já tinha um amarelo e a equipa precisava de pressionar mais alto. Para o seu lugar entrou Doumbia. Com o ligeiro adiantamento no terreno de Eduardo começaram a ver-se 3 linhas no meio campo e a circulação tornou-se mais rápida. Mas o antigo jogador do Codecity continua a não dar à equipa aquilo que ela precisa, na medida em que não arrasta a bola com critério como um "8" deve fazer, perdendo-se assim inúmeras bolas pelo centro do terreno. Silas trocá-lo-ia por Luíz Phellype, mudando de novo o sistema de jogo. 

 

Com maior presença na área e Doumbia mais afoito do que vem sendo hábito, o Sporting acabou por resolver o jogo em dois lances insólitos. No primeiro, um jogador do Codecity evitou um pontapé de baliza a favor da sua equipa (remate torto de Luíz Phellype) e deu a possibilidade a Vietto de, num pontapé acrobático, abrir o marcador com um golo de belo efeito. No segundo, com 3 defensores azuis perto de si, o guarda-redes do emblema da Torre de Belém sacudiu a bola para o bis de Vietto, o argentino que foi o herói esta noite em Alvalade. Em ambos os golos, o desequilíbrio partiu da direita por via de Bolasie. 

 

O futebol é o circo romano dos nossos dias. Nesse sentido, o adepto vai à bola para se libertar das tensões acumuladas do dia-a-dia. Isso caso não seja do Sporting, porque um adepto leonino faz o contrário: discute com o cônjuge e embrenha-se no trabalho para se libertar da tensão acumulada nos jogos da sua equipa. É toda uma outra realidade, um outro mundo. Por exemplo: Javier Marias diz que o futebol é a recreação semanal da infância. Para um Sportinguista, é a projecção semanal da velhice. Duvidam? Um sócio ao meu lado hoje teve um esgotamento nervoso enquanto tentava assimilar o nosso momentâneo sistema de jogo. Outro entrou em hiperventilação. Um terceiro, um adolescente, ficou todo grisalho. No final, vários jovens mostravam preocupantes sinais de alopécia avançada. Não se faz. Silas diz que treina os jogadores em vários sistemas. Provavelmente fa-lo-á em quartos de hotel, dado que a proximidade dos jogos pouco tempo dará para os experimentar no campo de treino. Sugiro assim que se passem a fazer estágios só para adeptos. Sempre sairá mais barato do que andar a distribuir desfibriladores pelas bancadas dos estádios onde o Sporting joga. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": "Duetto", o novo Vietto. 

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03
Nov19

Tudo ao molho e fé em Deus - Ter ou não ter


Pedro Azevedo

Esta noite o Sporting teve dois terços de posse de bola. No primeiro terço clamaram-se os Mistérios Gozosos e rezaram-se 50 Avé Marias, no segundo invocaram-se os Mistérios Dolorosos e oraram-se outras 50 Avé Marias. Para completar o Rosário só faltou um terço, o correspondente aos Mistérios Gloriosos...

 

Para o Sporting, ter a bola é o contrário de não a ter, filosofia herdada dessa grande educadora das massas que dá pelo nome de  Lili Caneças. É um "statement"!  Não existe propriamente uma ideia sobre onde ter a bola e como levá-la até lá, apenas a sensação de bem-estar de a ter. Deste modo dificilmente poderíamos derrotar alguém. Assim, a ideia é valorizar itens que inacreditavelmente ainda não são bem aceites pela comunidade futebolística. Somos uns visionários! Como não podemos ganhar ao adversário, pelo menos goleamo-lo nas estatísticas. Por exemplo, hoje o Coates e o Ilori devem ter batido todos os recordes de passes executados num jogo de futebol. E com uma percentagem de acerto muito perto dos 100%. Uma grande vitória! Eu creio que entendo a ideia: enquanto os nossos centrais vão passando a bola um ao outro num metro quadrado de terreno pode ser que os adversários adormeçam e nós possamos desferir um golpe mortal. (Se calhar é por isso que o consumo de cafeína na nossa Liga costuma ser tão elevado.) Simultaneamente, em casa e nas bancadas, os adeptos também fecham os olhos, mas para pedir a Nª Senhora que aconteça qualquer coisa. E às vezes até acontece, nomeadamente quando o Bolasie remata e a bola entra às três tabelas na baliza, ou quando uns austríacos falham um conjunto de oportunidades num só jogo que dava para vencer a Liga Europa. Também pode ser que tanto foco na posse apenas signifique que queremos levar a bola para casa. Na escola, quando jogávamos ao berlinde, havia um menino que trazia sempre um abafador. O seu objectivo não era jogar e ganhar ao berlinde, preencher as 3 covinhas e tal. Não, ele apenas queria levar para casa todos os berlindes que pudesse...

 

Pouco mais há a dizer. Goleámos no jogo da posse de bola e no dos cantos, este último com um saboroso 7-1 a fazer lembrar tempos de glória. Também ganhámos em ataques. Uma maravilha! Já em remates enquadrados à baliza, empatámos. Se calhar, podíamos começar a análise por aí, não fora isso não interessar para nada. Mesmo que para além de Bruno Fernandes não haja ninguém que acerte naquela moldura com 7,32mx2,44m. Para dizer a verdade, geralmente não há sequer quem tente, pese embora desta vez Miguel Luís ter ousado por duas vezes (Vietto limitou-se a assistir o guarda-redes). Mas, se um dia nos voltarmos a preocupar com uma visão não pós-modernista de um jogo de futebol, então talvez desse jeito haver médios com velocidade, recepção, habilidade e qualidade de passe que permitissem sair com bola rapidamente da zona de pressão. Como o Matheus Nunes, por exemplo, aquele carioca que treina com a equipa principal apenas para poupar os relvados atribuídos às equipas jovens em Alcochete. Parece que estes têm buracos e buracos é coisa com que não pactuamos no futebol do Sporting. Nem com buracos nem com jovens. Por isso têm de ir procurar a sua sorte noutros lados. Como bem fez o Bruno Wilson, produto da nossa Academia. "Veni, vidi, vici" exibia ele tatuado abaixo da nuca. Como Júlio César após a Batalha de Zela (rima com Tondela), uma mensagem para os senadores (de Alvalade) sobre o poder da nossa Formação. Amén!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Não aplicável  

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31
Out19

Tudo ao molho e fé em Deus - Shark Tanque


Pedro Azevedo

Um grupo de empreendedores leões liderado por Silas deslocou-se para um "pitch" na Capital do Móvel. O objectivo era promover as possibilidades do Sporting no jogo. Poucos tubarões estiveram presentes, nem sequer uns cações que a terra é sim de capões e estes não cantam de galo. Ainda assim houve Shark Tanque, embora este tenha tentado empatar o mais possível a apresentação leonina enquanto lhe descobria as vulnerabilidades. 

 

Nos primeiros 30 minutos os apresentadores mostraram-se muito confiantes. Não se estranhou portanto que rapidamente tenham atingido o seu primeiro objectivo: captar a atenção dos seus interlocutores. Consoante Felipe usava da palavra, Bruno preparava-lhe o terreno. A audiência não ficou indiferente. No entanto, com o passar do tempo começaram a escassear fôlego e ideias. A possibilidade de rejeição aumentou significativamente na segunda parte quando o tubarão Douglas sentenciou brutalmente o guardião e restantes defensores da nossa proposta.

 

A atmosfera ficou pesada, a tensão pairou sobre a arena. Tudo parecia perdido. Eis senão quando reparo num pequeno pormenor: todos os membros do júri usavam meias rosa, a cor nossa talismã (4 vitórias em outros tantos "pitches"). E assim, num último rasgo, aproveitando uma mãozinha de um elemento do painel, lá selámos o nosso grande objectivo com um aperto de mão.

 

Se bem que tenha funcionado desta vez, o conceito, o produto e, mais importante, o modelo de negócio não pareceram totalmente satisfatórios. Teme-se, portanto, que à medida que vão surgindo concorrentes mais apetrechados não consigamos ter sucesso. Mas isso teremos de ver num futuro mais longínquo, para já há que lidar com o curto-prazo. E este, passo a Paços, lá se vai construindo. Esta noite até aconteceram duas coisas curiosas com a nossa delegação: incorporou-se um colaborador macedónio que trouxe mais argumentos à discussão e um par de funcionários médios finalmente abriu a boca. Ainda não é muito, mas pelo menos já é um princípio de alguma coisa.

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes. De destacar também o mérito de Mathieu e Acuña, a reintegração de Ristovski e a melhoria da dupla Doumbia/Eduardo. Uma última nota: fiél à noite de bruxas, Silas não desperdiçou a oportunidade de assombrar os adeptos da causa do leão com as entradas em cena de Borja e Ilori. Só foi pena não irem de volta com a vassoura... Feliz Halloween para todos!   

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28
Out19

Tudo ao molho e fé em Deus - Dolores contra Murphy


Pedro Azevedo

Sob o signo do rosa, o Sporting voltou a ganhar. Desta vez com a égide de Dª Dolores, a feliz porta-estandarte deste excepcional talismã contra a Lei de Murphy que já tinha igualmente dado sorte nos jogos com Linz e Rosenborg. Bem sei, é comum dizer-se que a sorte dá muito trabalho. E eu concordo, a sorte deu muito trabalho... a Mathieu. Observem a primeira parte: enquanto o Sporting tirou partido de duas transições ofensivas para marcar dois golos, o gaulês aproveitou os múltiplos ataques do Vitória para cortar cerce as aspirações dos minhotos. Foram tantas, tantas vezes que lhes perdi a conta, mérito do óptimo posicionamento do experiente central francês, o homem sem idade que bem pode ser um viajante do tempo de glória do futebol do Sporting para os nossos dias. 

 

A noite foi de tal sortilégio que até o avançado centro marcou. E com uma bela chicuelina! Agora só faltam 29. Aviso já o estimado Leitor que da mesma forma que ninguém se importa que Tarantino seja excêntrico desde que realize filmes como Pulp Fiction, também não vou eu ser eu a preocupar-me com aventuras de raggaeton se o Jesé marcar tanto como o Dost. Quem também facturou foi o diletante Acuña, algo fora do alcance do bem comportado Borja. É que o argentino teve o desplante de entrar na área adversária para o fazer e isso para o colombiano ainda é um desafio tão complexo como dobrar o Cabo das Tormentas. 

 

O segundo tempo foi todo do Vitória. Mas podia não ter sido assim. Bastaria Artur Soares Dias ter visto um penalty do tamanho do Castelo de Guimarães, só que o árbitro do Porto deve ser fã daquela frase da Clarice Lispector - "se eu errar que seja por muito" - e deixou seguir, não aceitando a sugestão do VAR (e de mais 11 milhões de potenciais VARs que esta noite não consumiram cogumelos alucinógenios). Tantas vezes o cântaro foi à fonte que os pupilos de Ivo Vieira lá marcaram. Valeu então ao Sporting a conjugação de um sortilégio com a ocorrência de um factor paranormal. É que se o primeiro justifica o facto de Davidson se ter esmerado durante todo o jogo na enigmática arte de falhar por pouco, só o segundo explica que Coates tenha marcado um golo na baliza certa, facto antecedido por um apesar de tudo mais prosaico frango de Miguel Silva, um guarda-redes que costuma brilhar contra as nossas cores (recordam-se de 2015/16?).  

 

Para a noite acabar em beleza, nada como dar a alegria aos presentes de ver um jovem da nossa Formação a ser lançado pela primeira vez. Graças a Silas, a honra coube a Rodrigo Fernandes. E consta que Matheus Nunes, um brasileiro bom de bola, será o próximo. Está-se mesmo a ver que um homem que comete esta ignomínia de dar oportunidades aos jovens da nossa Academia não tem nível para o futebol português. Mais concretamente, o quarto nível. O que já tem é o quarto triunfo...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Jeremy Mathieu (O Viajante no Tempo). Menções honrosas para Vietto (duas assistências) e Acuña. Destaques ainda pela positiva para o golo de Jesé e para o sinal que Silas deu do compromisso que é exigido com o grupo (exclusão de Wendel). 

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01
Out19

Tudo ao molho e fé em Deus - Sorte ao Quadrado


Pedro Azevedo

Se o campeonato é uma maratona, um jogo vitorioso é um passo na direcção da meta, pragmatismo que marca a minha análise à estreia de Silas como treinador do Sporting. E não poderia ser de outra forma, dado o pouco tempo de trabalho do nóvel técnico dos leões. Ainda assim notaram-se algumas ideias: na saída de bola, a equipa dispôs-se num 2-4-2-2, com os dois centrais a iniciarem a construção, uma linha à sua frente formada por um duplo-pivô e os dois laterais (recuavam para a linha defensiva quando a equipa perdia a bola), dois médios de ataque (Bruno e Vietto) e dois avançados móveis, sendo que no centro do campo Silas recuperou o quadrado dos últimos tempos de Keizer; voltou também o "bitoque" dos primeiros tempos do treinador holandês, notando-se a preocupação de jogar a dois toques e desgastar o adversário através de posse e circulação de bola, mas com os jogadores da frente procurando mais a desmarcação (o espaço) e menos a aproximação à bola (diferença face a Keizer), ao mesmo tempo que os sectores cuidavam de estar o mais juntos possível de forma a dar menos espaço às transições ofensivas adversárias. Em suma, um misto de duas fases diferentes de Keizer (com algumas nuances), pois ainda não houve tempo de introduzir um cunho mais pessoal do nosso novo "Mona Lisa" que esta noite já esboçou um sorriso (se bem que ainda timido).  

 

Evidentemente, com poucos treinos, notaram-se várias insuficiências: a circulação foi lenta e não desmontou a teia montada por Inácio no miolo avense, notando-se nomeadamente a ausência de mudança de flanco (basculação) rápida, ferramenta essencial para desequilibrar um adversário muito povoado ao centro, provavelmente por a segurança ter imperado sobre o risco; a equipa continuou a mostrar-se permeável nas bolas paradas, quase sofrendo dois golos provenientes de cantos marcados de forma rasteira(!); os laterais não deram profundidade ao jogo ofensivo leonino, o que, se é tão certo como a morte e os impostos no que concerne a Borja, foi insólito em Rosier (também pouco concentrado nos pontapés de canto).   

 

Surpreendeu-me a entrada de Borja em detrimento de Acuña, estava à espera que Wendel desse o lugar a Eduardo, não só pelo abaixamento de forma do ex-Fluminense como pelo conhecimento que Silas tem do ex-jogador da SAD antigamente conhecida como "Os Belenenses" (coisa fina, à Prince, e com Revolution pelo meio). Fundamentalmente, fiquei com a ideia de que a equipa irá melhorar muito, mas que com estes jogadores hoje titulares vai ser muito difícil atingir os objectivos enunciados no início da época. E depois há outros problemas: Vietto contra o Famalicão e Jesé esta noite (nova exibição frouxa), provavelmente imaginando tempos de glória outrora vividos, protestaram aquando das substituições. Disciplina precisa-se, outra tarefa que aguarda Silas. 

 

A primeira parte foi muito monótona: Rosier quase marcava um auto-golo (acertou no poste), mas Coates é que é o especialista, e Eduardo enviou dois mísseis de Santo Tirso que teriam entrado na baliza em Vila das Aves se a companhia de Jesus tivesse estado com ele, o que teria colocado os pupilos de Inácio em caldinhos (ou, no caso, caldinhas). Nothing (more) to declare, as equipas voltaram ao balneário. 

 

No início da etapa complementar, o Aves podia ter marcado por duas vezes. Na primeira, a nossa defesa foi pela primeira vez apanhada descompensada, bola metida nas costas de Coates, remate prensado em Mathieu (também não tem a "sorte" do uruguaio), guarda-redes para um lado, bola para o outro, mas a tocar nas redes exteriores da baliza de Renan. Canto marcado, carambola de matraquilhos, Renan batido e a bola a sair a rasar o poste. O Sporting recuperou do susto e Bolasie, que procura compensar as deficiências técnicas com muita movimentação, também teve uma boa oportunidade, mas atrapalhou-se e não acertou bem na bola. Renan ainda defendeu um livre bem marcado por Welinton Jr, até que Bolasie recebeu um passe de Acuña (entrara aos 77 minutos para o lugar de Borja), ganhou espaço na área, ultrapassou um defesa e foi atropelado por Beaunardeau. Na conversão do penalty, Bruno Fernandes (trabalhou muito) deu a vitória aos leões.

 

O Sporting conseguiu sair com os 3 pontos da Vila das Aves e isso foi o mais importante. Silas, que ressuscitou a Táctica do Quadrado, teve sorte na estreia, vencendo e vendo a sua equipa a não sofrer golos pela primeira vez esta época (sorte ao Quadrado), mostrando não ser "pé frio". Que assim continue! (E que se torne uma lenda e um dia alguém relembre que Silas, na estreia, ganhou com Castigo Máximo.)

 

Tenor "Tudo ao molho...": Yannick Bolasie

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24
Set19

Tudo ao molho e fé em Deus - Plano D


Pedro Azevedo

(Estive para não escrever, até porque hoje não há ironia que me valha.)

 

Frederico Varandas dizia ter tudo controlado. Para além do Plano A, ainda havia o Plano B e até o Plano C. Ao fim de 8 jogos oficiais - vamos esquecer a pior pré-época da história do clube, concluída sem uma única vitória em seis jogos - descobre-se que também existia um Plano D. D de Derrota, mas também de David (Copperfield), que deverá ser o senhor que se segue como treinador. É que só por magia é que se põe esta manta de retalhos, a que se convencionou chamar plantel, a jogar bom futebol, tantos foram os equívocos da preparação da época. Não sei se era este o benchmark - 25% de vitórias, 25% de empates e 50% de derrotas - a que Francisco Salgado Zenha aludia enquanto esgrimia argumentos a favor do aumento do seu salário e dos salários dos restantes administradores da SAD, mas, se era, então tenho de dizer que também está ao alcance da minha filha de 8 anos, a quem tenho tentado mostrar que este inicio da época não é Experiência Sporting que se recomende ou que faça justiça à nossa história. 

 

Os resultados desportivos da equipa de futebol são só a ponta do icebergue à espera do Titanic, o tal que tinha fama de inafundavel até ao dia que naufragou para sempre. É o que geralmente acontece quando circunstancialmente o desempenho não nos deixa ver os erros no processo. Quando finalmente o desempenho desaparece ficamos sem nada por onde pegar - o estado actual das coisas. Os equívocos no processo eram mais do que evidentes: um presidente que não acredita em várias gerações provenientes da Academia contrata um treinador com fama de apostar em jovens. Esse treinador, que no Ajax se limitou a prosseguir a aposta conduzida por Peter Bosz numa equipa que havia chegado à final da Liga Europa, vai aceitando que se vão emprestando ou vendendo todos os jovens da Formação em idade sênior, ao mesmo tempo que intrigantemente perde as suas convicções iniciais de princípios de jogo, algo logo unanimemente aplaudido por uma CS desejosa de que o Sporting não saia do próprio labirinto que criou. Entretanto, primeiro Nani depois Dost, jogadores de qualidade saem do Sporting. Em contrapartida, desde Janeiro chegam 14 novos jogadores a Alvalade, algo que o presidente define como "contratações cirúrgicas", sem que se torne evidente um aumento de qualidade da equipa. A ida ao mercado traz mais problemas do que soluções ao ainda treinador leonino, o qual a fim de por a jogar Vietto acaba por alterar a sua ideia inicial de 3 jogadores de perfil no meio campo para um quadrado. Os que transitam da época anterior (des)esperam  até ao último dia sem saberem se ficam ou não. Qualquer um pode ser vendido a todo o momento, o que não contribui para a estabilização de um grupo de trabalho. A equipa vacila e Keizer é trocado por Leonel Pontes. Raphinha e Thierry saem no último dia do mercado. Em vez de irmos buscar um ponta de lança, a SAD promove uma ainda maior hiper-inflação de alas. Paradoxalmente, Leonel Pontes, que adoptara com sucesso o 4-3-3 na equipa de Sub-23 e estava perfeitamente consciente da abundância de alas, define um sistema de jogo que não contempla... alas. Entretanto, o único ponta de lança do plantel principal lesiona-se e o seu homólogo dos Sub-23 não é inscrito. Simultaneamente, o presidente diz ter contratado um "avançado centro" e o administrador Zenha declara que o Sporting se reforçou enquanto os seus rivais perderam jogadores, ao mesmo tempo que explana os seus argumentos para o aumento dos ordenados dos administradores da SAD em contra-ciclo com a narrativa ao mercado de "alívio salarial" em jogadores como Dost e Nani. No meio da alienação colectiva, da qual só Bruno Fernandes se parece salvar, um central experiente e muitas vezes internacional como Coates, de cabeça totalmente perdida, desata a conceder grandes penalidades e auto-golos aos adversários, num total de cinco acções desastrosas nos seus últimos 3 jogos. Confusos? De tão mau até parece ser de propósito, mas isto é somente o Sporting no seu pior. 

 

Ironia do destino: uma equipa desenhada pelo agente Mendes vai a Alvalade e dá o golpe fatal às aspirações Sportinguistas neste campeonato. Quem foi à espera do show de Jesé acabou a presenciar o Fama(licão) Show. O presidente? Depois de ter dito que só apareceria nos momentos maus, permaneceu em silêncio. Por certo agarrado à "casa das máquinas". Do Titanic...

 

Tenor "Tudo ao molho..." : Bruno Fernandes, o ausente omnipresente, ou o "omniausente"

 

16
Set19

Tudo ao molho e fé em Deus - Pontes de lança pouco afiada


Pedro Azevedo

Existem dois LP no Sporting. Um dos LP (Leonel Pontes) é aparentemente provisório, o que significa que um destes dias pode vir a ser considerado obsoleto como a cassete e ver-se substituído por algum moderno CD, ou mesmo por um PC. O outro LP (Luíz Phellype) engana muito, pois é na verdade um Single, peça única em Alvalade. Acontece que no Bessa nem o Single estava disponível, pelo que o LP tocou várias faixas mas a agulha encravava sempre que se aproximava da faixa central. Ainda assim, Leonel tentou construir pontes de ataque através das alas, improvisando um ataque dinâmico, como que substituindo pontas de lança por Pontes de lança, mas a verdade é que a primeira parte foi confrangedora. (Com um plantel desequilibrado, jogadores lesionados, sem um ponta de lança e com pouquíssimo tempo de trabalho de conjunto dada a paragem para as selecções não é justo atribuir-lhe grandes responsabilidades no que se viu.)

 

A equipa que jogou esta noite no Bessa foi a que teve o maior cunho pessoal de Frederico Varandas desde que este assumiu a presidência do clube. Assim, de início alinharam 6 jogadores contratados já este ano, no decorrer do jogo chegaram a estar 7 simultaneamente em campo, tendo no total sido utilizados 9 novos jogadores (Rosier, Neto, Borja, Doumbia, Plata, Bolasie, Jesé, Eduardo e Camacho). Um verdadeiro Team Varandas! Houve também 4 estreias absolutas, com Rosier e Bolasie a alinharem de início e Jesé e Camacho a entrarem mais tarde. A defesa foi praticamente toda nova, apenas se mantendo Mathieu do último jogo. Desta vez alinhámos com a extravagância de dois jogadores portugueses. Outra novidade foi haver alguém da Formação (com boa vontade), o equatoriano Gonzalo Plata. O que não houve foi um ponta de lança, após nos termos "aliviado" de Bas Dost (mas não aliviado de aumentos salariais de administradores da SAD, ao que parece), emprestado Gelson Dala e não inscrito Pedro Mendes. Em contrapartida, supostamente abundam os "avançados-centro", essa figura da mitologia dos anos 60 e 70 que certamente muito será do agrado do presidente Varandas. Enfim, ao fim da quinta jornada do campeonato voltámos à pré-época. E com desequilíbrios por demais evidentes no plantel...

 

Segundo o presidente, o Fernando, que dizem os registos apenas efectuou um jogo no Brasileirão, foi considerado a revelação do campeonato. Vindo de quem diz apostar na Formação e em contratações cirúrgicas, obviamente não tive como duvidar. Por isso fiquei a sonhar com o jogaço que o Fernando teria feito e a projectar a sua futura estreia pelo Sporting. Acontece que o brasileiro veio ou está lesionado, algo que parece ser comum aos jogadores contratados este Verão, vidé Camacho e Rosier, este último aquele francês (bons pormenores hoje) que custou 5,3 milhões de euros mais os direitos económicos do Mama Baldé e do qual só ganharemos 80% de uma futura venda. Assim sendo, transferi as minhas expectativas para o Jesé, à espera daquilo que o espanhol poderia fazer num só jogo. E não é que o rapaz não me deixou ficar mal? É que se o Fernando num só jogo foi merecedor do título de revelação do Brasileirão, o Jesé após o Bessa também se tornou merecedor do título de revelação do... RAP. É verdade, andamos a ouvir música há já algum tempo e no caso do espanhol o que pudemos observar foi um jogador pesado e longe dos seus melhores tempos, embora tenha mostrado um ou outro pormenor do antigamente. Em todo o caso, antes RAP que R.I.P., pois estranho seria este lento definhar Sportinguista deixar alguém dormir descansado ou, pior, o clube dormir o sono dos justos.  

 

O jogo? Sem ponta de lança, Leonel Pontes pretendeu imitar a organização do caos de Fernando Santos, na esperança de desorientar os pupilos do Lito Vidigal. Só que Leonel, apesar de Pontes, não é engenheiro nem conta hoje em dia com Cristiano Ronaldo. Para além disso, contou com Borja, o mesmo que começar com 10 - a condição física de Jesé e a necesidade de ter alguma arma-secreta no banco terão aconselhado essa "solução" - , hoje também especialmente mal a defender. A quem pediu para ir à linha centrar enquanto o ala do mesmo lado metia para dentro, o que é o mesmo que sugerir a um gato para se atirar para uma banheira cheia de água, ou seja, uma missão antecipadamente condenada ao fracasso. Ao mesmo tempo, para criar ainda mais entropia no sistema, Neto, aparentemente nervoso, só fazia asneiras, Plata mostrava-se inconsequente e Wendel, eventualmente cansado de jogos e viagens a meio da semana, também não acertava uma. De um erro do brasileiro resultaria mesmo o livre com que o Boavista inauguraria o marcador através de Marlon, um antigo jogador do Fluminense com o mesmo nome de um outro com história nos clubes hoje em confronto. Por tudo isto, e pese embora os esforços isolados de Bruno Fernandes e do congolês Bolasie, não surpreendeu ninguém que os leões tivessem chegado ao intervalo em desvantagem. 

 

Para o segundo tempo, Leonel Pontes decidiu jogar com 11. (É que mesmo muito abaixo do seu melhor, Jesé é infinitamente mais jogador de bola que Borja.)

Aproveitando o cansaço do pobre do Ackah, coitado, acometido de cãibras nas pernas após ter percorrido quilómetros com o propósito quase exclusivo de acertar uns pontapés em Bruno Fernandes, os leões foram apertando o Boavista até ao seu último reduto. Apesar disso, as oportunidades escasseavam. Como excepção que confirmou a regra apenas um lance concluído por Bolasie com um remate que ainda tocou ao de leve na barra da baliza de Bracali. Acercando-se cada vez mais das imediações da grande área axadrezada e trocando a bola com algum critério e movimentações constantes, os leões começaram a ganhar faltas em zonas de perigo. Assim, após uma infração cometida sobre Bolasie, Bruno Fernandes empatou a partida, beneficiando ainda de um desvio num jogador boavisteiro que estava na barreira aquando da marcação do livre. 

 

O Sporting empolgava-se, mas Jorge Sousa entrou em acção. Já antes havia mostrado cartões amarelos polémicos a Luís Neto e a Yannick Bolasie, agora admoestava pela segunda vez Bruno Fernandes, dando-lhe assim ordem de expulsão. Por uma falta que não foi mais grave do que qualquer uma cometida por Ackah, o tal ganês com ganas de morder as canelas ao capitão leonino que escapou sem ver sequer a cartolina icterícia. Depois das três penalidades contra nós em casa, da expulsão de um vimaranense no Dragão quando ainda nem estava decorrido 1 minuto de jogo - havia um outro defesa no lance - e do penálti a favor do Porto em Portimão que desbloqueou o marcador num jogo que só terminou aos 98 minutos com o golo da vitória portista. Assim vai o futebol português... 

 

Uma palavra final para Leonel Pontes, um homem sem prazo e com uma tarefa. Para nosso azar e sua má fortuna essa tarefa assemelha-se cada vez mais a uma daquelas incumbidas a Hércules. Quer dizer, para matar o maior leão do mundo não precisam dele e espero que não lhe exijam que faça o mesmo à serpente com corpo de dragão, tão protegida ela está pelos apitos. Mas, mesmo excluindo essas duas, a tarefa não se afigura de auspiciosa resolução, pese embora a cassete do clube sugira que nos reforçámos melhor do que a concorrência - é bom haver exigência, mas ela devia começar no esboço de um plantel - , coisa amiga e que não deve aumentar em nada a pressão sobre o Leonel. Resta-lhe, por isso, tentar fazer o melhor com um plantel com apenas 1 ponta de lança, alguns "avançados-centro" e uma Ala dos Namorados de fazer inveja a El Rei Dom João I. É certo que ainda há Bruno Fernandes, mas nem mesmo este conseguiu evitar que Marcel Keizer passasse a ser um santo contestável. Segue-se um jogo para a Liga Europa em Eindhoven - by the way, foi a Philips, cujos funcionários fundaram o PSV, que inventou a cassete, pelo que isto está tudo ligado - e uma recepção ao Famalicão onde não poderá contar com o capitão, aquele que, conjuntamente com o francês Mathieu e o argentino Acuña, forma o trio de imprescindíveis (já sei que não gostam do termo "insubstituíveis"). Entretanto, os jogadores novos ir-se-ão entrosando, um novo ponta de lança se irá improvisando, pelo que lá para o fim do campeonato poderemos fazer umas flores... Já não serão é túlipas, mas quem sabe não emergirá uma Goodyera da Madeira? Boa sorte, Leonel! 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Yannick Bolasie

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01
Set19

Tudo ao molho e fé em Deus - A insolucionável quadratura do círculo


Pedro Azevedo

No arranque dos trabalhos, Frederico Varandas disse na SportingTV que a época há muito que estava planeada. Realmente, há desastres que requerem elaborado planeamento: para começar, escolhe-se um treinador da escola do Ajax que faltou às aulas do clube de Amesterdão e é alérgico à Formação. Depois, recruta-se um pomposo "Scouting" e vai-se ao mercado comprar 11 jogadores - muitos para posições redundantes enquanto outras ficam sem rede - dos quais só um (Doumbia) é titular, sem que se perceba nitidamente se o treinador foi tido ou achado no processo. De seguida, o treinador tenta encaixar à força um segundo reforço na equipa, nem que para isso tenha de desencaixar outros três já rotinados a jogar de perfil entre si, criando-se o insolucionável problema da quadratura do círculo central do terreno. Em simultâneo, após trinta e cinco milhões de euros investidos (fora comissões pagas no Mercado de Verão), qual Sotheby`s, a SAD desdobra-se em contactos internacionais para vender os seus melhores jogadores, conseguindo assim de uma só penada desestabilizar um balneário inteiro sob a forma de Planos A, B, C. Desde o Grande Prémio do Mónaco em BF8, até notícias que correm nos jornais sobre as possíveis saídas de Coates e Acuña, passando pelo inenarrável episódio-Bas Dost, ninguém aparentemente está a salvo. Se por um lado há leilões, por outro assistimos a saldos ou liquidações totais. Assim, jogadores da nossa Formação são dados, emprestados com cláusulas de opção de compra generosas para os compradores, ou vendidos por tuta e meia. Adicionalmente, o lote de excedentários é posto a treinar à parte desde o início da época - uma boa forma de desvalorizar activos - até que, dois meses de ordenados pagos depois, um a um vão saindo a preço zero, um tipo de gestão que poderia ser praticado pela minha filha de 7 anos. Bom, pelo menos poupamos nos custos financeiros inerentes à antecipação de proveitos (factoring)...

 

Hoje, na recepção ao Rio Ave, Marcel Keizer insistiu na Táctica do Quadrado, sistema inventado para emparceirar Vietto com Bruno Fernandes. A ideia genéricamente consiste em fazer recuar Wendel para a mesma linha de Doumbia, ao mesmo tempo que Bruno Fernandes avança um pouco para se juntar à linha onde se encontra o falso ala Vietto, criando-se assim um posicionamento em quadrado no meio campo. Simplesmente, existiram dois problemas: primeiro, como haviamos advertido após o jogo em Portimão, este sistema teria de ser testado contra equipas que jogassem com 2 médios defensivos e não apenas 1. Sem necessidade de colocar o seu ala direito a acompanhar o argentino nos movimentos interiores, porque o médio defensivo a mais garantia uma marcação à zona eficiente, Carvalhal pôde aproveitar o espaço que o flanco esquerdo leonino concedeu durante todo o jogo, uma forma permanente de escape quando o Sporting tentava pressionar; em segundo lugar, o desaparecimento das 3 linhas do meio-campo leonino permitiu aos vilacondenses encontrar muito espaço entre-linhas no nosso meio campo, bastas vezes colocando os seus jogadores entre as duplas BF/LV e MW/ID. Dessa forma, o quadrado leonino assemelhou-se durante todo o jogo a um queijo suiço, daqueles cheios de buracos no meio. Emmental, meu caro Keizer!

 

Durante o jogo, o Sporting viveu essencialmente da superior qualidade técnica de alguns dos seus jogadores, Bruno Fernandes à frente de todos. Foi aliás Bruno que imaginou e concluiu portentosamente o lance do primeiro golo leonino e que esteve também perto de marcar o segundo não fora a intervenção milagrosa de Kieszek. É impressionante como o nosso capitão carrega o peso do mundo Sportinguista nos ombros, mas desta vez tal não foi suficiente. Sagaz, Carvalhal soube explorar a técnica e velocidade do iraniano Taremi, posicionando-o em cima do mais lento Coates. Dando espaço aos médios rioavistas para pensar e colocar a bola, o Sporting estendeu a passadeira, perdão, o tapete persa na sua linha defensiva por onde Taremi provocou grandes estragos. Um truque repetido uma e outra e ainda outra vez, num hat-trick de penáltis ganhos por Taremi e concedidos por Coates, facto inédito no futebol português. De nada valeriam as duas ofertas vilacondenses sob a forma de ressaltos na área prontamente aproveitados por Bruno e Phellype, pois a superioridade da qualidade de jogo do Rio Ave ainda assim conseguiu ditar leis.

 

Acresce que os nossos alas continuam sistemáticamente a definir mal, o que me faz pensar nas palavras de Slaven Bilic, treinador do West Bromwich, esta tarde após a vitória da equipa de Birmingham sobre o Blackburn Rovers (3-2): "Matheus Pereira é um jogador muito bom, faz a diferença no último terço. É bom com a bola, tem boa visão de jogo." - Matheus Pereira, pela primeira vez titular, fez duas assistências para golo, isto depois de na semana passada já ter garantido um empate à sua equipa após grande penalidade cometida sobre si.  

 

Podia ainda escalpelizar a entrada de Borja (em detrimento de um ala) que implicou mexida no sector recuado, na evidência de um Vietto desinspirado que não defende e assim é um jogador a menos, na extraordinária oportunidade dada a Plata de jogar 1 minuto, ou nas três grandes penalidades marcadas em Alvalade contra o Sporting - ai Jesus (o outro), devo ter de viver 10 vezes para vêr algo semelhante ocorrer na Luz ou no Dragão - , mas sinceramente hoje falta-me em espírito e ânimo aquilo que me sobra em tristeza.

 

Sem sustentabilidade, sem Cultura corporativa, sem resultados desportivos relevantes (mínimo=qualificação para a Champions), quo-vadis Sporting?  

 

P.S.1: Recupero aqui um pequeno excerto de uma entrevista concedida por Malcolm Allison ao jornalista Neves de Sousa, onde após a sua saída de Alvalade tentou explicar a sua filosofia sobre os clubes de futebol: "O director compra as sementes e é o jardineiro. O médico aconselha os adubos. O treinador é o Sol. (N.A. os sócios são o solo fértil.) Quando os directores ficam convencidos de que são espertos de mais e sabem tudo, cai o império. É o fim, o Sol não volta e as flores murcham e morrem." - com a devida ressalva em relação ao eclipse solar prolongado de Keizer, após um início retumbante (o que terá acontecido ao futebol sem medo, de pressão alta e recuperação em 5 segundos?), é difícil não ficar a pensar nestas palavras proferidas por Big Mal. 

P.S.2: Pegando no que escreve o meu amigo José Navarro de Andrade no "És a nossa FÉ", façam o favor de permitir que se possa entoar "O mundo sabe que..." sem que entretanto comece o jogo. O Sporting tem de ter alma, essa música é para ser sentida, é um momento de reclusão, de introspecção dos nossos sentimentos leoninos, que não deve ser dividido com a emoção própria exteriorizada num lance de futebol.

sportingrioave 2.jpgTenor "Tudo ao molho": Bruno Fernandes

25
Ago19

Tudo ao molho e fé em Deus - O lusco-fusco


Pedro Azevedo

Jogo ao fim da tarde, imediatamente aproveitado pelo Sporting para entrar no negócio do lusco-fusco, uma ideia que ainda não estava devidamente rentabilizada. Assim, foi com 5/7 minutos de grande diversão e muito intensos que o Sporting se viu rapidamente a ganhar por dois golos, fazendo de Keizer um visionário e de Portimão a capital mundial do lusco-fusco. (Há que puxar a brasa à sua sardinha.)

 

Passado este período, o Portimonense imediatamente reduziu, num lance onde houve precipitação de Mathieu. Mas ninguém terá advertido os leões de que o lusco-fusco já tinha terminado e estes logo ganharam um penálti. Sucede que árbitro e VAR anularam a grande penalidade a nosso favor devido a uma falta (de betão?) ocorrida aquando da construção do estádio dos algarvios, o que como é óbvio aconteceu(?) noutra fase. Um apagão às regras de intervenção do VAR!

 

Num clube onde sempre coexistiram falta de reconhecimento com quem é bom e falta de exigência com quem não cumpre os mínimos, é preciso dizer que Luciano Vietto foi hoje o melhor jogador em campo. Mas também é importante perceber que Vietto pôde brilhar porque durante toda a primeira parte Acuña segurou as pontas, muitas vezes levando de enfiada com ala e lateral. Com Vietto sem preocupações defensivas, a combinar muito bem com Bruno Fernandes e sempre a flectir para dentro, o Sporting esboçou uma espécie de Táctica do Quadrado. Uma versão futebolística inspirada em D. Nuno Álvares Pereira, ou não fosse Marcel Keizer um "santo contestável(!)". 

 

Se, no primeiro tempo, o sucesso do Sporting teve muito a vêr com as diagonais de Raphinha e, essencialmente, com a superioridade na zona central onde apenas Pedro Sá tentava conter os avanços leoninos, para o regresso do intervalo Keizer pediu ao ala argentino para fechar na ala, evitando-se assim que Acuña tivesse de jogar com uma máscara de oxigénio. De quando em vez, sempre compensado por Bruno Fernandes, o antigo jogador do Fulham ia até ao centro e continuava a fazer miséria, algo só interrompido quando Folha finalmente fez entrar Dener para acompanhar o até aí desamparado Pedro Sá. Antes, já o Sporting fizera o terceiro numa jogada de entendimento entre Vietto e Bruno Fernandes, concluída com um tiro indefensável de Raphinha após passe imaculado do maiato. Até ao final do jogo, o Portimonense conseguiu controlar os acontecimentos, com Jackson Martinez à procura do tempo perdido, no jogo e na carreira. Mas o colombiano (hoje) já não foi a tempo e o Sporting assumiu assim, (à hora que escrevo) à condição, a liderança da classificação da Primeira Liga. 

 

Ah!... E o Diaby não jogou... 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Luciano Vietto (tem de melhorar o remate à baliza). Bruno Fernandes esteve nos 3 golos, Raphinha marcou dois e perdeu mais 1 de uma forma incrível, Luíz Phellype encostou para outro e deu luta à defesa algarvia. "Mutley" Acuña mordeu as canelas de todos quantos passaram nos seus terrenos e Thierry Correia continua a crescer. Os outros estiveram a um nível médio, com Mathieu a impor-se na defesa após um início atribulado. Renan teve uma noite tranquila e quase voltava a defender uma grande penalidade.

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19
Ago19

Tudo ao molho e fé em Deus - Re(i)nan R(e)ibeiro


Pedro Azevedo

Durante a fase fulgurante de Marcel Keizer, Frederico Varandas atribuiu o mérito ao peso da sua Estrutura para o futebol profissional. E não há como não lhe dar razão. É verdade! Atentem neste fim de semana: enquanto o Porto, acossado pelo "fair-play" financeiro, teve de ir ao mercado buscar uns Luíses quaisquer para remendar a equipa, o Sporting, munido de um super scouting, apresentou-se esta noite com 4 reforços (no banco). Outro mérito indiscutível da Estrutura foi termos alinhado com 1 jogador formado em Alcochete (Thierry Correia), o "quinto metatarso" de uma folia de um pé direito enorme de laterais de raíz ou improvisados de que também fazem parte Ristovski, Bruno Gaspar, Ilori e Rosier, confirmando-se assim a prometida aposta na Formação. Se calhar já são loas a mais à nossa Direcção, mas como esquecer a venda de Dost (e o seu valor) - Keizer diz que leu umas notícias no início da semana e foi perguntar ao presidente(!?) - e as justificações que logo surgiram na CS? Estou totalmente de acordo, pois cada um dos 93 golos do holandês ficava muito caro. Assim, podemos sempre contratar um novo Castaignos ou um novo Barcos, na certeza de que os seus golos ficarão muito mais baratos. Ah, o quê? Não marcaram? Infinitamente caros, como tudo (>0) o que divida por zero o é? Bolas, este elegia estava a correr tão bem... 

 

Esta noite, em Alvalade, o Sporting recebeu o Braga. Após uns bons 15/20 minutos iniciais em que aproveitou para se adiantar no marcador de forma totalmente merecida, o Sporting entregou o controlo do jogo aos bracarenses. Nas bancadas, os adeptos assistiam. No banco, Keizer também. Enquanto nós e Keizer assistíamos, Renan resistia. Uma, duas, três vezes, com defesas assombrosas, lá foi impedindo o empate. Até que Bruno Fernandes tirou o génio da lâmpada e deu a Pablo (Neruda?) material para um poema em forma de golo. Um golo caro!? (Medo!)

 

Na etapa complementar, a toada manteve-se, sendo notórias as falhas de posicionamento de diversos jogadores do meio campo leonino aquando da nossa posse de bola, com Wendel (autor de um golo de classe na primeira parte) à cabeça. Muitas vezes apanhados longe do centro nevrálgico do campo, após a perda de bola os nossos jogadores permitiam ao Braga jogar entrelinhas nas imediações da nossa área, apesar do denodo de Doumbia (bons cortes e agilidade na saída de bola em construção) em dissuadi-lo. Acresce que Raphinha e Diaby, os alas leoninos, não fechavam, permitindo inúmeras situações de 2x1 nos flancos, obrigando Thierry e Acuña (em postura ofensiva, os melhores cruzamentos provenientes das alas) a atenção redobrada, Coates e Mathieu a darem o peito às balas e Renan a muita atenção. Quando já nada havia a fazer, os avançados bracarenses encarregavam-se sozinhos de falhar a baliza. Sem qualquer vigilância na sua zona de acção, André Horta ia organizando todo o jogo bracarense. Nas bancadas, os adeptos desesperavam, tentando marcar o mais novo dos irmãos Horta com os olhos. No banco, Keizer ia olhando os lírios do campo (mas o Veríssimo não estava lá, era o Godinho). Até que o Braga finalmente reduziu a desvantagem. Autor: Wilson Eduardo, ex-jogador da nossa Formação e já habitual carrasco do Sporting, um ala que se tivesse ADN do Mali (ou de qualquer outro recanto do mundo que não Alcochete) seria titular de caras dos leões esta noite.

 

Eis então que Keizer finalmente mexe, alterando o sistema para 3 centrais, mas com a nuance (positiva) de Mathieu desta vez ficar posicionado no eixo da defesa (Neto, recém-entrado, derivou para a esquerda), o que dá sempre jeito quando se pretende recuperação defensiva. (Eu não disse que Keizer nunca repete o mesmo erro?)

Ricardo Horta ainda podia ter empatado, mas a equipa pareceu ter ficado mais consistente, algo reforçado posteriormente com a entrada de Vietto (sacou duas faltas que fizeram "acelerar" o cronómetro) para o lugar de um inoperante Felipe das Consoantes, o qual se havia deixado antecipar frequentemente na área (não dá para pôr uns pedacinhos de picanha à entrada da pequena área, a ver se o homem lá vai como gato ao bofe?). Aliás, tanto Luíz Phellype como Raphinha foram dois jogadores com um PH claramente neutro, nada tendo feito de produtivo. Com Diaby formaram o terceto mais apagado dos leões.  

 

Quem andasse pelas imediações do Alvaláxia no final do jogo, e não soubesse o que se tinha passado, olhando para os rostos dos adeptos leoninos julgaria que estes estariam a sair de um dos filmes do Poltergeist, ou de uma qualquer saga do John Carpenter. É que se o golo é caro, a saúde ainda o é mais. E esta noite todos os que fomos a Alvalade perdemos uns anitos de vida. Os jogadores do Sporting também, pelo menos a avaliar pela forma como mal o jogo terminou se prostraram no relvado. Oxalá estes 3 preciosos pontinhos se venham a revelar de alto rendimento (decisivos), e assim façam valer a pena tanto sacrifício. 

 

Tenor "Tudo ao molho": Renan Ribeiro

 

P.S. No decorrer do jogo não pude deixar de pensar que Francisco Geraldes, actuando numa posição semelhante à que JJ reservou para João Mário, teria dado um jeitaço. É que nas alas houve correria a mais e discernimento a menos. Partindo da direita, ou da esquerda, Xico poderia ter pautado de outra forma os ritmos de jogo, adicionando inteligência ao processo. 

renan braga.jpg

11
Ago19

Tudo ao molho e fé em Deus - Planos D e E


Pedro Azevedo

Na pré-época, Frederico Varandas havia anunciado ter um Plano A, B ou C, consoante Bruno Fernandes ficasse ou não. Por contágio, Keizer e os jogadores também começaram a percorrer o abecedário. Assim, desde que a bola começou a rolar, a equipa já mostrou ter um Plano D, de derrota, e um Plano E, de empate. O Plano V, de vitória, é que nem vê-lo, esperando-se que não demore tanto a concretizar-se quanto a distância no alfabeto entre as letras "E" e "V".   

 

Neste defeso, o Sporting foi ao mercado adquirir cinco jogadores. Hoje só um alinhou de início (Eduardo) e apenas porque Doumbia estava impedido por castigo, visto que Matheus Nunes ou Daniel Bragança não contam para Keizer. (A propósito: para quem já se esqueceu ou tem saudades, o Gudelj estava lá naquele jogo em que o Benfica marcou 4 em Alvalade.) O sonho de uma noite de Verão do presidente Varandas (Vietto), contratação que se teme fazer parte de uma comédia shakespeariana, também foi a jogo, ainda que só na parte final. 

 

Uma equipa grande tem de ter laterais ofensivos. Hoje, o Sporting não os teve: Thierry ainda arrancou um ou outro centro bem medido, Borja nem isso, sempre a fugir da grande área adversária como o diabo da cruz. Por vezes, mesmo com o caminho todo desbravado, hesita e regressa à base, um movimento tão incompreensível quanto teria sido o de Bartolomeu Dias se após passar o Cabo das Tormentas tivesse voltado para trás, negando assim a Boa Esperança.

 

Uma equipa com os pergaminhos do Sporting também tem de ter uma boa defesa. Na Madeira, Thierry esteve ao nível de um Ilori, o que não o recomenda propriamente, pese a boa vontade deste autor. Mas também quando se tem um treinador que o intranquiliza a 24 horas de um jogo ao dizer que o maior problema com o Benfica foi o lado direito... Coates não apareceu na fotografia do golo insular e ligou o complicómetro no quarto de hora final. Em postura atacante, obteve um golo que valeu um ponto. Mathieu, apesar da infinita classe, deu uma fífia que podia ter sido fatal e Borja, bem Borja, foi como se nem estivesse lá, permitindo todo o tipo de cruzamentos na sua área de jurisdição. 

 

Quem quer ganhar campeonatos também tem de ter pontas-de-lança que entendam o jogo da equipa, saibam ligar jogo e sejam letais na área. Nada disso parece caracterizar o Felipe das Consoantes, um avançado que se deixou antecipar na área umas quatro vezes em lances que podiam ter mudado a história do jogo. Quanto a Bas Dost, mostrou viver o mesmo sem-vontade com que recentemente recusou sair de Alvalade a caminho da China ou de outro desses paraísos de reforma do futebol mundial. O holandês dá todos os sinais de não se estar a sentir confortável. O que se estará a passar com Dost? 

 

Perante todos os factos elencados, a que se pode acrescentar um Raphinha novamente a decidir pessimamente, a equipa acaba por estar muito dependente de Bruno Fernandes (sempre ele), Wendel e Acuña, o que simplesmente se vem revelando insuficiente. O mais dramático disto tudo é que já se percebeu com um grau de certeza razoável que a abordagem ao mercado não resultou bem, continuando a escassear jogadores que façam a diferença. E quando se vê que a solução de desespero é Diaby, então é caso para dizer que o desespero está instalado. 

 

Keizer, tal como Abraracourcix, parece estar sempre à espera que Bruno Fernandes impeça que o céu lhe caia em cima da cabeça, o grande receio da sua existência enquanto chefe do plantel dos leões (onde está aquele treinador ousado que pôs a equipa a jogar de pé para pé e que privilegiava as suas ideias e não adaptações a adversários e ao futebol português?). "Por Toutatis", o médio é actualmente uma mistura entre Atlas - um titã condenado a sustentar o céu nos seus ombros - e Asterix, um cruzamento entre a mitologia grega e a aventura epopeica de Uderzo que homenageia o lendário Vercingetórix. Ele é o celebérrimo "plano de jogo" de Keizer, a sua poção mágica. O problema é que isso acaba por o desgastar em demasia, física e emocionalmente, havendo jogos em que, mesmo sem estar mal, fica aquém do seu potencial. E quando não temos o melhor Bruno Fernandes...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Wendel

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