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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

31
Ago20

Sobre a intensidade de um “6”


Pedro Azevedo

Existem várias opiniões, todas elas válidas, sobre o que é necessário a um jogador da posição "6". Na verdade essas opiniões não estão necessariamente certas ou erradas, o que é importante é saber-se o que se quer do jogo. Imagine-se que eu, para este exercício académico investido de treinador, pretendo praticar um jogo posicional, então eu vou querer um "6" forte na construção, com qualidade de passe e capaz de por a bola redonda e entre-linhas em 1-2 toques. Nessa situação, como o meu jogo privilegiará a posse, eu não precisarei de um "bicho" que lute pela bola, apenas necessitarei de alguém que em postura defensiva saiba preencher correctamente os espaços, fechando nomeadamente as linhas de passe mais comprometedoras. Todavia, se eu for um treinador com outro entendimento do jogo, que privilegie a organização defensiva e não queira investir muito em posicionamentos complexos requeridos à transição defensiva, então eu vou querer um "6" essencialmente repressor, que mais do que defender o espaço ataque o portador de bola. Assim, qualquer uma das tipologias de jogador é válida, o que varia é o meu entendimento do jogo e o futebol que quero praticar. Se no caso da escola do Ajax um jogador como Daniel Bragança calharia muito bem, para outro tipo de filosofia de jogo Palhinha seria fundamental. O que têm em comum Frenkie de Jong (Barcelona, ex-Ajax)  e Danilo (Porto)? Apenas saber interpretar o que lhes é pedido. No entanto ambos podem ser extremamente eficazes dentro de princípios que os favorecem. Porém, se pedirmos a de Jong para fazer o trabalho de Danilo, e vice-versa, os resultados dificilmente serão os melhores. 

PS: no caso particular do Sporting, do que tenho observado creio que Ruben Amorim pretende dois "8" à frente do trio de centrais.

30
Ago20

Telegrama de pré-época(2)


Pedro Azevedo

Gonçalo Inácio é um espectáculo STOP Rápido a encurtar espaços e com excelente colocação de bola à distância STOP Nuno Mendes de novo bem STOP Tiago Tomás e Sporar voltaram a marcar STOP Pote também fez o gosto ao pé e esteve de novo em evidência STOP Daniel Bragança e Matheus Nunes fazem uma dupla de médios de grande classe STOP Se o futebol fosse basquetebol STOP Matheus Nunes tirava vários adversários do campo por ultrapassarem o limite de faltas pessoais STOP Em 4-3-3 ou 4-2-3-1 seria mais fácil compatibilizar Pote e Jovane STOP Gostava de ver Bragança (6) STOP Matheus (8) e Pote (10) a jogarem de perfil no meio-campo STOP Nuno Santos não é tão bom a jogar pela direita ou em posições interiores STOP Adán fez uma boa defesa e Max uma assistência para golo STOP Ambos atentos a saírem dos postes em antecipação e assim cobrirem o espaço deixado livre pelo bloco alto STOP À excepção do seu golo STOP as melhores oportunidades da Belenenses SAD resultaram de foras de jogo não assinalados STOP Falta-nos um "rato de área" STOP um Matador STOP Sporar é essencialmente forte nas transições STOP Tiago Tomás tem instinto mas parece ser opção a partir da direita STOP 

30
Ago20

O Sporting e as reformas inadiáveis


Pedro Azevedo

A jurisprudência resultante do caso Bosman, e concomitante fim de normas internas da UEFA e das suas respectivas federações nacionais de futebol, teve um impacto negativo bastante significativo a nível da competitividade internacional das equipas portuguesas. É certo que depois disso o FC Porto ainda venceu a Champions e a Liga Europa (duas vezes), alicerçado numa base de bons jogadores portugueses (a realidade com Mourinho) complementada por jogadores estrangeiros de inegável categoria (mais predominante com Villas-Boas) como Deco, McCarthy, Derley, Hulk, Otamendi, James Rodriguez ou Falcão, mas isso deve ser entendido como a excepção que confirma a regra. 

 

De uma forma geral os planteis mais fortes existentes em Portugal ocorreram entre a segunda metade dos anos 80 e a primeira metade dos anos 90. No caso particular do Sporting é claro e inequívoco que o clube não se soube adaptar à nova realidade. Se hoje em dia seria muito difícil termos um meio campo de luxo constituído por Paulo Sousa, Cherbakov, Figo e Balakov cujos suplentes eram da estirpe de um Peixe, Filipe, Capucho ou Pacheco, isso decorre essencialmente do facto de seis desses oito jogadores terem sido comprados no mercado e de ser cada vez mais complicado manter por um período razoável de tempo os jogadores por nós formados. 

 

É exactamente no que diz respeito à nossa Formação e sua utilidade na equipa principal que se pode fazer mais qualquer coisa. Mesmo levando em linha de conta o novo paradigma (duas, três décadas) da crescente influência dos empresários e concomitante pressão sobre esses activos, a verdade é que uma gestão eficiente dos nossos recursos deveria permitir que o núcleo central da equipa proveniente da Formação se mantivesse mais tempo connosco. O problema é que à medida em que a sua influência na equipa vai aumentando, também a sua visibilidade para o mercado cresce. Começa aí a pressão no sentido da saída, pressão essa que advém maioritariamente da promessa de salários muito mais elevados de clubes com outro potencial económico. Acontece que muitas vezes o Sporting não consegue ir ajustando a valorização do jovem atleta e sua crescente importância na equipa porque na sua folha salarial tem demasiados jogadores que não fazem a diferença e que pesam muitíssimo no total dos custos com pessoal, não deixando grande margem para ajustes salariais que premeiem a meritocracia. Se calhar, devíamos começar por aí, eliminando um significativo conjunto de redundâncias que só acrescentam na folha de pagamentos. 

 

O futuro do Sporting passará indubitavelmente por uma base sustentável de jogadores made-in Alcochete, base essa que necessariamente deve ser complementada por qualidade importada. Por isso digo muitas vezes que mais vale comprar 2-3 jogadores de indiscutível categoria, que provoquem um impacto imediato na equipa, do que apostar em quantidade numa classe média/baixa de jogadores que manifestamente não acrescentam. Se entre Janeiro de 2019 e Janeiro de 2020 comprámos (ou recebemos emprestados) 15 jogadores, só nesta janela de transferências já adquirimos mais 6. Ora, é relação a este tipo de política que eu estou em absoluto contra, e os factos que se consubstanciam em resultados vêm provando em abundância o porquê. Há um problema conceptual de definição de plantéis e a pressa em reunir rapidamente um conjunto de jogadores acaba por ser a némesis de qualquer aspiração ao título. Pensava eu que após uma temporada em que terminámos a 22 pontos do primeiro colocado algo de fundo se alteraria, mas a recente investida ao mercado prova o contrário. É certo que deposito fundadas esperanças em Pote, mas não vejo o enquadramento em termos de competência (capacidade, qualidade e experiência temperadas) importada ideal para que esse jogador possa ser útil à equipa sem que daí advenha uma pressão desmesurada para a sua juventude. 

 

Na verdade, tudo poderia ser diferente. É até uma realidade que recentemente tivemos connosco uma espécie de Balakov, de seu nome Bruno Fernandes, o que prova que esses jogadores não são impossíveis de obter. Infelizmente, o excesso de aposta na classe média/baixa acabou por motivar a venda de toda a qualidade que fazia a diferença, de Nani a Bas Dost, passando por Raphinha ou o próprio Bruno, sem esquecer Mathieu que terminou a carreira. O que nos resta hoje é uma belíssima base proveniente da Formação. Jogadores como Jovane Cabral, Matheus Nunes, Nuno Mendes, Daniel Bragança, Eduardo Quaresma ou Gonçalo Inácio são o futuro. Mas esse futuro só se materializará se houver um plano de carreiras para eles, o que passa antes de mais por uma gestão racional dos recursos existentes e sua não dispersão à toa. Caso isso continue a não existir, o mais certo é continuarmos no paradigma errado de formar para vender, quando o que deveríamos tentar fazer era formar para ganhar. Nesse sentido, não precisamos de jogadores a mais e que não façam a diferença. Do que precisamos, isso sim, é de qualidade que enquadre esses jovens e os faça elevar o seu patamar competitivo. Mas isso presentemente não temos. E continuaremos a não ter à razão de mais de 10 jogadores comprados por época, muitos deles prontamente na porta de saída. É urgente mudar este paradigma, da mesma forma que é premente dizer-se esta verdade aos sócios: se não souberem esperar 2 anos pela construção eficiente de uma equipa com pretensões ao título ficaremos cada vez mais arredados de qualquer palavra significativa no que diga respeito ao rendimento desportivo. Por muito que a cada janela de mercado se queira sonhar com Feddal e companhia, a realidade está aí ao virar da esquina e dá pelo nome de Rosier, Camacho, Eduardo, Ilori, Jesé, Fernando, etc. E é nesse sentido, não deixando de amar este clube para sempre, que digo que não se pode ser súbdito do "feddalismo" que invadiu o Sporting Clube de Portugal. Não só não se pode ser cúmplice do caminho da desesperança como é preciso que se dê voz aos reformistas, que querem essencialmente alterar as coisas por dentro. Até porque a história nos mostra que quanto mais se tenta calar os reformistas (moderados), mais azo se dá aos revolucionários. O problema das revoluções é que no dia seguinte há a necessidade de criar tudo de novo. Entre o caos. 

29
Ago20

Gonçalo Inácio


Pedro Azevedo

Há já algum tempo que venho pondo os olhos em Gonçalo Inácio, central canhoto que também fez parte da sua formação a lateral esquerdo. E gosto. Muito. Nomeadamente como central, onde a sua visão de jogo, encurtamento rápido dos espaços e superior capacidade técnica dão diferentes tipos de soluções, desde passe à distância e bloco alto até superioridade numérica em zonas mais avançadas do campo por via da sua boa saída de bola de trás. Para continuar a ver...

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29
Ago20

Telegrama de pré-época


Pedro Azevedo

Primeira parte sonolenta STOP Wendel em modo Zé Carioca STOP Pouco Porro e Plata STOP Simulação de falta dá penálti a favor deles STOP Oferta dá penálti a nosso favor STOP A um passe extraordinário de Gonçalo Inácio correspondeu Pote com uma assistência certeira para o jovem Tiago Tomás adiantar o Sporting no marcador STOP Matheus Nunes STOP em passe magistral STOP isolou Nuno Mendes na esquerda para remate defendido pelo guardião portimonense STOP Pormenor técnico excelente de Matheus Nunes STOP recebendo a bola de costas na quina da área STOP rodando por fora e ganhando a frente ao seu adversário para um cruzamento que acabou interceptado por um central algarvio STOP Pareceu o famoso "Turn" do Cruijff STOP Bastaram-lhes 20 minutos STOP mas Matheus Nunes STOP Nuno Mendes STOP Gonçalo Inácio e Daniel Bragança foram os melhores em campo STOP Viva a Formação do Sporting e todos aqueles artífices de jogadores que ao longo dos anos trabalharam e se esforçaram para apontar um caminho e assim nos mostrarem o óbvio ululante STOP Pote confirmou ser o melhor reforço STOP

28
Ago20

Rendimento desportivo vs mais-valias


Pedro Azevedo

Quando olho para a Gestão de Activos no futebol comparo-a com o portefólio de uma carteira de investimento. Eu tenho um conjunto de capitais próprios, capitais alheios (financiamento) e receitas que vão alicerçar esse investimento e de seguida preciso de fazer uma alocação equilibrada que vise um rendimento mínimo que depois pode ser potenciado por mais-valias. 

 

Na constituição desse portefólio eu vou procurar ter uma base segura e pouco volátil de rendimento, recorrendo para isso a obrigações de baixo risco. De seguida, posso abdicar de algum desse rendimento semi-garantido, comprando obrigações mais voláteis ou investindo em acções. O objectivo é o de melhorar o rendimento final, sem que tal possa afectar determinantemente o capital investido.

 

Os activos do futebol não são muito diferentes dos financeiros. Chamam-se direitos económicos e devem ser geridos com critério visando o rendimento desportivo e financeiro. Tal como nos investimentos em activos financeiros, em primeiro lugar dever-se-á privilegiar uma base que garanta um rendimento mínimo. Seguidamente, podemos então procurar um conjunto de activos especulativos com o objectivo de melhoria do rendimento global. 

 

No antigo FC Porto, jogadores como João Pinto ou Paulinho Santos faziam toda a carreira no clube. Eram eles que passavam a mística do clube e era alicerçado neles que se começava a garantir o rendimento desportivo. O objectivo do clube com esses atletas não era produzir mais-valias, porém a sua coexistência no plantel visava a solidez e consistência da equipa e acabava por ajudar a garantir rendimento desportivo e também financeiro por via da alienação de passes de outros atletas que saíam valorizados por via do impacto das vitórias em solo nacional e internacional. Nunca o Porto pensou em vender João Pinto ou Paulinho Santos durante a fase mais efusiva das suas carreiras, na medida em que a constância do seu rendimento sempre foi mais importante para o clube do que um ganho extraordinário (por contraposição a ordinário) proveniente da sua venda. (Poderia também dar o exemplo mais recente de Luisão na Benfica.) 

 

A meu ver, dado a regularidade do seu rendimento a alto nível, Marcos Acuña é um desses jogadores que não deve ser comprado com o objectivo de uma futura mais-valia. O argentino é como uma obrigação que vai sendo amortizada antes da maturidade e cujo cupão vai garantindo um rendimento mínimo (desportivo) fixo exigível. Outros jogadores haverá em que se tornará importante determinar o ponto óptimo da venda, atendendo à idade, prazo para final de contrato, previsível evolução da economia, impacto na equipa e possibilidade de substituição imediata, tudo variáveis que deverão estar presentes no sentido da optimização do modelo.

 

O que eu quero dizer é que um plantel deve ser constituído com uma base de jogadores que garanta um rendimento constante, aquilo com que se ganham provas de regularidade como um campeonato nacional e que manifestamente vem faltando em Alvalade há algum tempo. Depois, isso pode e deve ser complementado com activos mais voláteis. Todos sabemos o preço da genialidade e muito poucos são como Bruno Fernandes que consegue manter uma regularidade impressionante a altíssimo nível. O mais comum nos jogadores que fazem a diferença é alternarem momentos de grande inspiração com algum desaparecimento do jogo, pelo que é nesses momentos que uma equipa é "agarrada pelas orelhas" pelos jogadores de rendimento constante. Recordo sempre com redobrada saudade o percurso do Sporting de Malcolm Allison em 1982, uma equipa absolutamente direccionada para a frente e cujo caos proveniente da desorganização defensiva aquando das transicções contrárias era evitado pela classe e intuição de Eurico e pela acção de carregadores de piano como Marinho ou Nogueira. 

 

Enfim, deixei aqui aquela que é a minha visão da forma como deve ser formado um plantel de futebol e como esta indústria pode e deve beber conhecimento noutras actividades económicas. O fundamental é que exista uma ideia prévia e que os jogadores sejam envolvidos nessa visão e saibam de antemão o que se pretende deles, até porque um jogador de futebol não é como um sobreiro ou um activo financeiro, tem ideias e vontade própria e a pré-comunicação clara do que dele se pretende poderá evitar problemas no futuro.  

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27
Ago20

Ponto de situação


Pedro Azevedo

Nos últimos tempos tenho vindo a ouvir falar muito em experiência. Mas experiência não é só por si sinónimo de competência. Um indivíduo pode ter 33 anos de experiência e tal significar apenas um ano mau repetido por trinta e duas vezes. A experiência é importante quando acompanhada por qualidade e sabedoria. Olhando para o Sporting, Jeremy Mathieu foi o paradigma de como pode haver utilidade na experiência quando o ponto de partida é a qualidade e depois existe a humildade de procurar conhecer mais sobre o jogo, aprender e evoluir. Quando tudo isto é acompanhado por uma especial vocação para transmitir conhecimento, então, aí, sim, esse capital de saber acumulado torna-se determinante para uma qualquer organização, não só pelo trabalho individual realizado pelo próprio mas também pelo seu papel formativo dos quadros mais jovens e desenvolvimento geral do grupo de trabalho. Nesse sentido pode dizer-se que Mathieu elevou a qualidade do futebol Sporting, lamentando-se apenas que só tenha tido escassos 3 meses de contacto a sério com os jovens da nossa Formação a fim de deixar um cunho ainda mais pronunciado nas suas características futuras. Algo que, por exemplo, o Benfica soube fazer muito bem com Luisão, que do meu ponto de vista era menos jogador que Mathieu,  aproveitando-o praticamente como última estação de produção da linha de montagem sita no Seixal. É essa qualidade futebolística extra, aliada à sabedoria, que recomenda a aquisição de um veterano, pois do ponto de vista estritamente financeiro é sabido de antemão que o negócio será deficitário. Todavia, aposta-se no rendimento desportivo imediato do jogador e seu contributo para a melhoria do desempenho colectivo da sua equipa, bem como na ajuda pelo exemplo ao desenvolvimento de futuros novos craques que, para além do rendimento em campo,  poder-se-ão vir a constituir como importantes mais-valias para o clube. Na minha opinião, nesse sentido, e apenas assim, a contratação de um veterano fará todo o sentido.

 

Dito isto, para mim não é correcto ir-se buscar um veterano sem passado desportivo significativo ou para uma posição onde já se impôs um jovem da fornada da Formação. Desse modo, não só na minha ideia não se substitui um jogador de qualidade-extra como Mathieu por um Feddal como também não se coarta o desenvolvimento de valor de um Max adquirindo Adán. Admitia, isso sim, e escrevi-o aqui no início de Julho, que o gaulês fosse substituído por Vertonghen, jogador que a fazer fé nas notícias chegou ao Benfica por valores contratuais e prémio de assinatura semelhantes aos que envolveram em 2017 a aquisição de Mathieu. Por outro lado, havendo um Renan que foi determinante na conquista de duas taças, não só teria mantido o brasileiro como segunda opção como continuaria a apostar na melhoria de valor de mercado de Max, jogador que me parece seguir as pisadas de Rui Patrício, eventualmente até com menos dores de crescimento do que o hoje campeão europeu e guarda-redes titularíssimo da selecção nacional.

 

Mais do que experiência, falta ao plantel do Sporting jogadores de qualidade superlativa que peguem de estaca. Nesse sentido, a saída de Acuña, jogador de raça, regular a alto nível, experiente, polivalente, de forte entrega ao jogo e capaz de proporcionar cruzamentos com conta, peso e medida, parece-me um passo atrás na progressão colectiva da equipa, perdendo-se mais uma referência a juntar à sangria verificada em apenas ano e meio, período no qual o Sporting viu sair Nani, Raphinha, Bas Dost, Bruno Fernandes e Mathieu. Esta escassez de qualidade-extra no plantel trará inevitavelmente como consequência uma pressão adicional sobre os mais jovens, em especial sobre o muito promissor Pedro Gonçalves, um jogador que poderá ser o nosso Pote de Ouro mas que precisará de um período de adaptação a um grande clube e necessitaria de um melhor enquadramento que o soltasse mais de prematuras responsabilidades para com a equipa. 

 

Acresce que nenhuma equipa do mundo terá estabilidade quando praticamente todos os seus jogadores estiverem no mercado. Já o ano passado foi notório, mesmo num jogador experiente e plenamente adaptado ao clube como Coates, a consequência das notícias da imprensa que apontavam para a sua muito possível saída. O que me parece é que existem planos a mais e convicções a menos. Disse-o na preparação de 19/20, apontando algumas incongruências que alguns na altura terão interpretado mal, e repito-o agora. Não é possível abrirmos diariamente os jornais e vermos Acuña ou Jovane como vendáveis a preços muito abaixo das suas cláusulas de rescisão, o mesmo se passando com Max. Com a agravante do argentino, à semelhança de Palhinha, nem ter seguido para o estágio no Algarve, uma forma de desvalorização imediata de jogadores.

 

Neste transe, teme-se que se volte a vender qualidade para continuar a comprar quantidade. Entretanto, à maioria dos sócios continua a passar despercebido o nosso maior problema. Falo da colocação do elevado lote de excedentários, muitos deles acabados de comprar pela Estrutura de futebol do clube. Entre eles, aliás, constam dois dos mais caros: Rosier e Camacho. Não conseguindo baixar a massa salarial e realizar algum capital nessas vendas, para além da venda de qualidade teme-se que voltemos de novo a alienar prematuramente os passes dos jogadores mais jovens. Esse é um erro recorrente proveniente de uma política desportiva que enferma de vários erros, uns conceptuais, outros funcionais, outros ainda orgânicos. 

 

Tudo isto vem contribuindo para reduzir o moral dos adeptos Sportinguistas e traz agregado o habitual discurso miserabilista de que não há dinheiro - entre Janeiro de 19 e Março de 20 investiram-se (com comissões) cerca de 50 milhões de euros em 15 jogadores, que terão custado nesse período qualquer coisa entre 15 e 20 milhões em salários (estimativa), além de termos pago 8,7 milhões de euros em indemnizações a treinadores e um ou outro jogador, mais 3 milhões a Mihajlovic e 10 milhões a Ruben Amorim (e penalizações e juros), num total que deve andar à volta dos 90 milhões de euros (fora os custos com o restante plantel de cerca de 50 milhões anuais, ou talvez um pouco menos exclusivamente devido à Covid e concomitantes medidas de lay-off, mais os 30 milhões de fornecimentos e serviços externos, além de outros pequenos itens) - , afastando cada vez mais o nosso estado actual daquilo que efectivamente somos: o maior clube desportivo nacional e uma dos maiores da Europa. O ser humano convive bem com conjunturas positivas e prepara-se no sentido de adequar-se por algum tempo às conjunturas  negativas. Aquilo com que o ser humano convive mal é com a incerteza. E aquilo com que não consegue viver de todo é com a ausência de esperança. Eu quero estar errado, mas entrando numa nova época com um défice estrutural sem venda de jogadores de cerca de 70 milhões de euros, e nada mudando em termos de política desportiva, os augúrios não são os melhores. Além disso, continua a faltar um discurso de verdade, que indique as coisas como elas são e simultaneamente dê eco de que se escutaram as pessoas e vamos mudar na direcção certa, explicando minimamente os passos que serão dados. Pedindo tempo, mas mostrando que esse tempo não será ingloriamente desperdiçado como até agora. Infelizmente, não vejo nada disso. E, sinceramente, já não acredito nisso. O Sporting é um grande clube e conduzir esta nau é uma enorme responsabilidade. Nunca seria fácil após as consequências sociais, desportivas, económicas e financeiras de Alcochete, mas esta direcção tem conseguido piorar a situação em todas as vertentes. Mesmo os resultados financeiros que vai apresentando resultam exclusivamente da venda dos melhores jogadores do plantel, vendas essas cuja necessidade se tem vindo a intensificar. Temo, como tal, que a filosofia venha a ser cada vez mais a de lançar jovens para rapidamente os vender, paradigma a meu ver totalmente errado. Isso até pode fazer sentido num Vitória de Guimarães, com todo o respeito que me merecem a instituição e as aguerridas gentes vitorianas, mas não faz qualquer sentido num clube com os pergaminhos do Sporting, onde formar deve ser sinónimo de ganhar e só depois vender. Só que para ganhar precisaríamos de enquadrar esses jovens com 3 contratações efectivamente cirúrgicas ano a ano, de indiscutível qualidade, que aumentassem a qualidade global da equipa. Ora, não deixando de saudar finalmente se ter apostado nos jovens, para ganhar é preciso criar-se uma simbiose perfeita entre os jovens, jogadores de qualidade e carregadores de piano. À semelhança do que Allison fez em 82. E isso não é possível à medida que, um a um, os melhores jogadores do plantel vão saindo. Deixo a pergunta: onde estão os nossos Meszaros, Eurico, Manuel Fernandes, Jordão e Oliveira, os craques de 82, que permitiram enquadrar os Mário Jorge, Virgílio, Carlos Xavier, Freire, Alberto ou Ademar que então despontavam? Concluindo: há que mudar de paradigma em termos de política desportiva e ter uma comunicação que efectivamente envolva os Sportinguistas e lhes mostre não só objectivos mas também, de uma forma convincente, a forma de lá se chegar, ainda que possa demorar algum tempo. E mesmo com tudo isto, ainda faltará uma coisa: uma ideia do Sporting para o futebol português. Tudo o que seja menos que isto significará uma perda de tempo que não temos.

26
Ago20

Pedro Gonçalves nomeado para Jogador do Ano


Pedro Azevedo

Confirmando a análise aqui feita aquando do anúncio da sua contratação, Pedro Gonçaves ("Pote") é um dos nomeados pelos capitães e treinadores da Primeira Liga para Jogador do Ano. Oxalá possa confirmar no Sporting os bons indicadores deixados na equipa famalicence. A qualidade individual está lá, faltará talvez o enquadramento ideal em termos de qualidade-extra no plantel (o que é diferente de experiência) que não coloque demasiada pressão num jogador ainda tão jovem. 

 

Por curiosidade, os outros nomeados são: Ricardo Horta e Paulinho (Braga), Fábio Martins (Famalicão), Edwards (Vitória SC), Taremi (Rio Ave), Pizzi (Benfica), Corona, Alex Telles (Porto) e Bruno Fernandes (Sporting).

 

Destaque especial para o nosso ex-atleta Bruno Fernandes, que confirmou no Manchester United tudo aquilo que Castigo Máximo sempre escreveu sobre ele e que fez dele não só um dos melhores jogadores da Primeira Liga mas também um dos melhores jogadores europeus do ano, com um título de melhor marcador da pretérita Liga Europa (inclui golos pelo Sporting) à mistura.

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25
Ago20

Há vida para além do défice

Miguel Oliveira


Pedro Azevedo

Despertei para as corridas de motos quando as cilindradas mais potentes (a classe rainha) ainda eram de apenas 500 centímetros cúbicos (meio litro). Na época, o Randy Mamola era quem mais me fazia vibrar, especialmente quando o piso estava molhado e a sua destreza, que incluía autênticos números de rodeo em cima da máquina, permitia verdadeiras serenatas à chuva (Assen 1987) que colmatavam o facto de não possuir uma moto tão bem preparada quanto a dos seus concorrentes Fredie Spencer, Wayne Gardner ou Eddie Lawson. Fui também fã do Kevin Schwantz e mais tarde do Valentino Rossi. 

 

Quando o Miguel Oliveira começou a ganhar umas provas de 125 c.c. num campeonato espanhol marcado pelos intensos duelos com Maverick Viñales, percebi que pela primeira vez um português poderia ter uma palavra a dizer no Mundial de Motociclismo. E de facto assim tem sido. Após um início conturbado em Moto3, o Miguel encontrou na KTM um parceiro à altura das suas ambições. Com a marca austríaca foi progredindo, primeiro sagrando-se vice-campeão em Moto3, depois repetindo o feito em Moto2. Até que no ano passado chegou à MotoGP, não pela mão da equipa oficial, de fábrica, mas sim através da Tech 3, "team" francês que chegou aos Grandes Prémios de motociclismo em 1990 e à classe rainha em 2001. 

 

O primeiro ano de Miguel em MotoGP não foi fácil, com um acidente pelo meio que lhe condicionou parte da época. Mas sentia-se que a qualidade estava lá, o que lhe permitiu superiorizar-se na maioria das vezes ao seu colega de equipa. Este ano, dada a evolução geral das KTM, esperava-se melhor. E as expectativas cedo confirmaram-se. Logo na estreia, em Jerez, igualou a sua melhor posição em corrida, um oitavo lugar. Em Brno conseguiu a sua melhor classificação de sempre até aí (6º). E mais teria feito não fora dois abalroamentos provocados por colegas da equipa oficial na 2ª corrida em Jerez (Brad Binder) e na 1ª em Spielberg (Pol Espargaró). Até que no Domingo tudo bateu certo, conseguindo a sua 1ª vitória e pódio em MotoGP e dando a Portugal e à Tech 3, de Hervé Poncharal, o seu também 1º triunfo na prova máxima das duas rodas, feito nada desprezível se pensarmos no lote de talentosos pilotos que ao longo dos anos tripularam as motos da equipa gaulesa, onde se incluem nomes como os de Alex Barros, Marco Melandri, Carlos Checa, Colin Edwards, Cal Crutchlow, Andrea Dovizioso, Bradley Smith, Pol Espargaró ou Johann Zarco. 

 

A vitória épica de Miguel Oliveira na Estíria foi a confirmação não só da rapidez e talento natural do piloto português mas também da sua inteligência em corrida. Afinal, não é à toa que os próprios colegas o denominam de "Einstein da MotoGP". Assim, foi com enorme orgulho e ainda com grande emoção (tantas horas passadas sobre o imenso feito) que alinhavei estas humildes linhas. Muitos parabéns, Miguel Oliveira!

24
Ago20

A evolução


Pedro Azevedo

O Presidente do Benfica disse em tempos que o seu clube estava 10 anos à frente da concorrência. Para o ilustrar e assim fazer jus à tese da evolução da espécie lampiânica face a opiniões cépticas de adversários internos e externos sobre a sua existência, Luis Filipe Vieira agora pretende contratar o Darwin. Como toda a gente sabe, pela selecção natural, onde há Darwin há um(a) girafa, por isso o Luisão também vai integrar a Estrutura. É que é preciso chegar mais alto (primeiro) à árvore... das patacas (Champions).

 

Por falar em patacas, depois do Cavém bicampeão europeu o Benfica queria o Cavani para reencarnar o sonho continental. Acontece que o Cavani já não (Ca)vem. A imprensa reportou que fiscalistas de 3 países debruçaram-se sobre o acordo, mas aparentemente as reservas (eleitorais) de petróleo descobertas no Seixal não são suficientemente profundas para dar cobertura à operação.

22
Ago20

50%Dala+75%Geraldes+3M€=Nuno Santos


Pedro Azevedo

O reino da subjectividade situa-se na ponta mais ocidental da Europa. Aqui é possível sempre adoptar qualquer versão à vontade de quem comenta, menos quando os factos são de tal forma evidentes que batem de frente com a percepção da realidade que se pretende criar.

 

Como exemplo do que acabo de escrever, tomemos a recente contratação de Nuno Santos e concomitantes dispensas de Gelson Dala e de Francisco Geraldes. Lendo o que se comenta por aí fica a sensação que a preocupação de muito boa gente é não permitir que a verdade se entreponha numa boa história. 

 

O que se diz então por aí? Sobre Gelson Dala começa por se dizer que o Sporting só cedeu metade do seu passe. Dito desta forma até parece que reteve a outra metade. Acontece que um mínimo de aprumo levaria os interessados a analisar os R&C da sociedade. Ora, olhando, por exemplo, para o R&C anual de 2018/19 (página 113 de 164) é possível verificar que o Sporting apenas possuía 50% dos Direitos Económicos do atleta angolano. Entrando na análise propriamente dita da sua valia como futebolista circula a tese de que, não tendo sido titular com Carvalhal no Rio Ave, isso seria razão mais do que suficiente para justificar a falta de interesse do Sporting na sua continuação. Fixem bem o pormenor da utilização de Carvalhal como argumento, pois mais à frente, a propósito de Nuno Santos e de uma entrevista que o ex-treinador rioavista concedeu ao Tribuna Expresso em que considerou ter ponderado colocar o ala como interior até que concluiu que ele era muito mais útil como extremo, o actual treinador do Braga já é para os mesmos um Zé-Ninguém, na medida em que é preciso criar uma narrativa em como Nuno Santos encaixa bem no 3-4-2-1 de Ruben Amorim. É o que se denomina desonestidade intelectual. Adiante... 

 

Vamos a indicadores objectivos? Querem números? Pois, aqui estão eles. É certo que Gelson Dala só realizou 14 jogos para o campeonato pelo Rio Ave. Há, no entanto, uma razão para isso ter acontecido: o angolano só chegou em Janeiro, proveniente dos turcos do Antalyaspor. Alguns também dizem que na comparação com Taremi ficou a perder. Realmente, olhando para os dados verificamos que Taremi marcou 18 golos e Dala apenas 6. Curioso, fui ver o número de minutos de utilização de cada um. Eis senão quando me deparo com os seguintes indicadores: em 2352 minutos de utilização na Primeira Liga, Taremi obteve 18 golos (vários de penálti) e produziu 5 assistências. E o Dala? Ora, o angolano foi apenas utilizado em escassos 583 minutos, marcando por 6 ocasiões (sem penáltis) como atrás foi dito e dando 3 assistências (além de ter provocado várias grandes penalidades a favor dos rioavistas). Conclusão: O Taremi marcou 1 golo a cada 131 minutos e o Dala fez abanar as redes a cada 97 minutos, o iraniano demorou 470 minutos entre cada assistência, o angolano apenas precisou de 194 minutos entre cada passe para golo. Mais impressionante: não encontrei nenhum jogador da Primeira Liga que precisasse de tão pouco tempo quanto Gelson Dala para marcar 1 golo. Mas, como quem chegou foi Nuno Santos e não Taremi, fui ver os números do antigo ala vilacondense. Pois então, o Nuno fez 32 jogos para o campeonato onde marcou 2 golos e assistiu em 6 ocasiões. Em média, tendo sido utilizado em 2521 minutos na Primeira Liga, marcou 1 golo a cada 1261 minutos (13 vezes pior rácio que o de Dala). - "Ok, mas o Dala é ponta de lança, o Nuno Santos dá golos a marcar" - , dirão os do costume. Bom, o Nuno assistiu a cada 420 minutos (2,16 vezes pior rácio que o do angolano). Ah, já me esquecia: o Dala marcou estes golos como segundo avançado, médio ofensivo ou ala direito improvisado. Em Portugal só foi ponta de lança mesmo no Sporting B. Conhecem os números? Eu digo-vos: 17 golos em 23 jogos (1829 minutos), 1 golo a cada a 107 minutos de utilização. I rest my case...

 

Quanto ao argumento de que o angolano desperdiçou as oportunidades que lhe foram concedidas por diversos treinadores no Sporting, oferece-me dizer o seguinte: é extraordinário como uma utilização na Primeira Liga inferior a 1 minuto permite chegar a essa conclusão. Há pessoas de facto muito adiantadas no tempo, cuja genialidade permite extrapolar conclusões deste tipo. Eu cá ficarei à espera dos ecos das maravilhas que o Nuno Santos conseguirá fazer no seu 1º minuto de verde e branco, sendo certo que, pelo mesmo padrão de exigência, tudo o que não seja um golo de cabeça, outro de calcanhar e um pontapé de bicicleta, ou, vá lá, de triciclo, me deixará profundamente decepcionado. 

 

E o Geraldes? Bom, o Chico não teve uma época brilhante, pouco utilizado no AEK de Atenas e no Sporting. Porém, para o comparativo ser rigoroso, recuemos a 17/18, época em que o Geraldes representou o Rio Ave. Tinha 22-23 anos, realizou 30 jogos, marcou por 3 vezes e produziu 7 assistências na Primeira Liga. Em média, pós 2319 minutos de utilização, obteve 1 golo a cada 773 minutos e fez uma assistência a cada 331 minutos, ambos os números inferiores aos de Dala e superiores aos de Nuno Santos no último ano.

 

Ouve-se por aí também o argumento de que estamos a limpar a casa e que com a dispensa destes 2 jogadores vamos poupar salários. Ora, uma leitura do Relatório de Auditoria que infelizmente se tornou público permite concluir que no final de 2018 Geraldes tinha um vencimento ligeiramente inferior a 100.000 euros/ano. Quanto a Dala, o angolano auferiu cerca de 225.000 euros nesse ano. O que não se poderia então dizer sobre Rosier, Borja, Neto, Eduardo, ou mesmo Ilori cujo contrato até tem uma comissão anual de manutenção? Já para não falar de Vietto, cuja relação custo/benefício é assaz duvidosa. 

 

Mais uma vez estamos na presença de um caso de desperdício de talento (ou últimos retoques) fabricado em Alcochete, a somar a tantos outros de que mais tarde nos lamentamos. Todavia, esperemos que um caso semelhante ocorrido no Seixal venha a reverter favoravelmente para nós. Nuno Santos fez a sua formação no Benfica e chega agora ao Sporting. Oxalá, por uma vez, venha a ser um caso sério e uma futura glória do clube. Creio que todos os Sportinguistas querem isso. O que não invalida que o negócio no papel não pareça bom à luz dos indicadores que aqui deixo. (Para além de que, a não ser que Ruben Amorim tenha um plano alternativo envolvendo um 4-4-2 ou um 4-3-3, me parece difícil o encaixe de Nuno Santos como interior nos dois enganches atrás do ponta de lança que o treinador leonino sempre utiliza.) Porque uma coisa é desejarmos sempre o melhor para o clube que amamos, outra é não querermos aceitar a realidade como ela é nem que para tal tenhamos de recorrer a lendas e narrativas. E todos já sabem o que eu penso sobre os amanuenses.  

 

P.S. Gelson Dala tem 24 anos. Geraldes e Nuno Santos têm 25 anos. 

geraldes e dala.jpg

nuno santos.jpg

18
Ago20

Pote de ouro?


Pedro Azevedo

Pedro Gonçalves, ou "Pote", é até ver potencialmente o melhor reforço da era Varandas. O meio-campista foi, conjuntamente com o seu colega Fábio Martins, os braguistas Paulinho e Ricardo Horta, o vimaranense Edwards e o vilacondense Taremi, um dos melhores jogadores (extra-"grandes") da Primeira Liga de 2019/20. Versátil - tanto pode jogar como um "8" ou um "10" - , assenta bem tanto em 4-4-2 como em 4-3-3, ou até no sistema preferido de Ruben Amorim, o 3-4-3. Neste último sistema poderá ser o segundo médio ou um dos interiores por detrás do ponta de lança. Jogador com algumas características comuns a Bruno Fernandes, Pote será a grande esperança do Sporting para elevar o patamar de jogo da equipa. É, desde já, também a única contratação anunciada capaz de fazer sonhar os sócios e adeptos leoninos. 

Há todavia 2 pontos a merecerem reserva: por um lado, a expectativa quanto à forma como a sua juventude reagirá à enorme responsabilidade que terá sobre os ombros, num clube de grande dimensão mas onde o enquadramento a nível de qualidade extra não abunda; por outro, a percentagem reduzida do passe que estará na posse dos leões (apenas 50%) após uma transferência cujo valor global de referência ultrapassou em 30% a contratação em 2017 de Bruno Fernandes (comissão incluída), jogador que já levava 4 épocas em Itália.

 

Boa sorte Pedro Gonçalves, e o desejo de que com esta contratação o Sporting possa ter encontrado o "Pote de Ouro" no final de um arco-íris feito de muita precipitação entrecortada por ocasionais raios de sol.

16
Ago20

Pró-Bono


Pedro Azevedo

Julien Lopetegui, treinador que não deixou saudades na cidade do Porto, especializou-se em ser o carrasco dos portugueses na Liga Europa. Primeiro eliminou a Roma de Paulo Fonseca, depois afastou o Wolverhampton de Nuno Espírito Santo, Ruben Vinagre, Moutinho, Ruben Neves, Jota, Podence e Pedro Neto, agora despachou o United de Bruno Fernandes a caminho da final. Sendo certo que no futebol não há justiça ou injustiça, os "Red Devils" foram muito penalizados pela sua falta de eficácia. Bruno ainda adiantou os de Manchester no marcador, mas os sevilhanos viriam a operar a reviravolta. Uma vitória pró-Bono, tal a contribuição do guarda-redes para o triunfo andaluz. Todavia, um português ainda poderá ser o último a rir: Luís Castro, ao leme do Shakhtar Donetsk, defronta amanhã o Inter e ganhando encontrará Lopetegui na final da Liga Europa. 

15
Ago20

RebeLYON


Pedro Azevedo

Sterling foi a má moeda e imitou Bryan Ruiz num falhanço escandaloso. Na resposta, Dembelé não perdoou e colocou definitivamente o Lyon nas semi-finais da Champions mais democrática dos últimos anos, com 3 clubes que nunca venceram a "Orelhuda" nesta fase decisiva da competição. Contra o poderio de um clube-estado (Emirados), a revolução francesa: Rudi Garcia, antigo treinador da melhor Roma dos últimos anos, venceu Pep Guardiola, outro catalão caído em desgraça em dias sucessivos vividos em Lisboa. Dois duelos franco-alemães decidirão quem irá à final. 

10
Ago20

Um grande!


Pedro Azevedo

Nos últimos dias, perante a provocação dos braguistas, tenho visto Sportinguistas a defender que "o 3º grande somos nós". Ora, o Sporting não é o 3º grande, o Sporting é, sim, um dos 3 grandes (para mim, o maior). Parece a mesma coisa, mas não é. De todo. É isso que deve ser dito perante o ardil que à nossa volta é montado, na medida em que quando se começa a traçar uma linha na areia isso soa a desespero e último bastião de defesa e traz à recordação Os Belenenses e a sua afirmação à época de serem o 4º grande enquanto resvalavam para fora desse núcleo notável do futebol português. 

 

Mesmo que pontualmente possa não estar, o Sporting é um grande. Por isso é que importa não nos conformarmos e não se perder mais tempo, de forma a que a percepção da realidade não roube o palco à realidade como ela sempre foi. É ao encontro da nossa história que temos de rapidamente caminhar, porém isso implica que tenhamos consciência do nosso estado actual para que possamos agir, corrigir e reocupar sustentadamente o nosso lugar de direito. 

08
Ago20

Eleições já!!


Pedro Azevedo

Em Ser Sporting, o "ser" é simultaneamente um substantivo e um verbo, identidade e existência. Ora, precisamente aquilo que está em causa hoje em dia é a nossa identidade, e saber se será possível continuar a existir o clube como sempre o conhecemos quando os atropelos cometidos sobre a nossa identidade já são significativos. 

 

Vou ser claro: desde Julho de 2018 que escrevo estruturadamente sobre os 3 pilares da nossa perenidade: Sustentabilidade (política desportiva, estratégia financeira e futebol português), Cultura Corporativa e Princípios/Ética. Antes ainda já perorara sobre cada um desses pilares, embora de uma forma não tão organizada ou que os relacionasse entre si. Acontece que actualmente é claro que estamos a falhar rotundamente na abordagem individual e colectiva a esses pilares, tampouco transparecendo que eles sequer tenham sido interiorizados por quem nos dirige. 

 

João Goulão hoje fala nisso no És a nossa FÉ, mostrando as consequências de uma política desportiva errática e transbordante de planos da pólvora que, obviamente, depois nos explodem nas mãos, onde qualquer jogador não está seguro, seis treinadores lideram a equipa principal de futebol em apenas ano e meio e quinze jogadores são contratados entre Janeiro de 2019 e Janeiro de 2020 enquanto, um a um, todos os craques do plantel vão rumando a outras margens. Ao mesmo tempo, tornam-se cada vez mais públicos e notórios os problemas financeiros e de tesouraria da SAD do Sporting por via da ausência de um modelo económico que sustente a nossa actividade. Adicionalmente, a voz do Sporting não se ouve nos orgãos de decisão do futebol português, restando cuidar de saber se tal decorre das nossas ideias não passarem ou de não haver ideia alguma. 

 

Também a nível de Cultura Corporativa nada tem sido feito para aproximar os sócios. Pelo contrário, o fosso entre eles e entre eles e o clube é cada vez maior. Falta doutrina que extraia o melhor de cada um, sobra vacuidade e sentimentos negativos que são terra fértil para aparecimento de comportamentos desviantes e enfermos de um radicalismo intolerável. Não há qualquer magistério de influência. No entretanto, continua-se a brincar às castas de leoninidade e a balcanizar o clube em sub-espécies que me dispenso (por não concordar de todo com elas) de caracterizar. Somos todos Sportinguistas e essa sempre será a nossa força, do que precisamos é de uma liderança que não tema a opinião dos sócios e não os tente transformar numa mole acrítica e conformada. Pelo contrário, o que é necessário é saber ouvir as pessoas e compreender o que cada sócio pode fazer pelo clube do seu coração em vez de ficar à espera do que o clube pode fazer por ele. 

 

E já que afloro John Fitzgerald Kennedy, permitam-me que adapte o seu célebre "Ich bin ein berliner" proclamado às portas de Brandenburg e Vos diga que "Eu sou um Sportinguista", cada um de Vós é um Sportinguista, por isso não construamos muros entre nós, até porque é o objectivo de termos um clube melhor que nos dará posteriormente satisfação pessoal e não o seu contrário  O tempo urge e não se pode permitir que o senhor presidente da MAG continue a "comprar tempo" para que o CD o desperdice ingloriamente. Os sócios do Sporting não podem continuar a ser ignorados, as suas ideias não devem continuar a não ser discutidas. Isso remete-me para o plano dos princípios e para a relação que se estabelece entre OS e sócios. Estes são sempre muito importantes aquando das eleições para rapidamente serem encarados como um maçador empecilho no dia seguinte. Ainda recentemente, por via da inoportuna introdução do tema do i-voting na agenda mediática - não por não dever ser discutido, mas sim porque os actuais Orgãos Sociais estão numa posição de enorme fragilidade e o tema facilmente resvalará unicamente para um plebiscito à actual Direcção - se perdeu mais uma oportunidade de unir os sócios. Para tal bastaria tão somente envolver outros Sportinguistas na procura da melhor solução a ser apresentada futuramente em AG Estraordinária. E o que fez o PMAG? Tanto quanto foi anunciado, constituiu uma comissão exclusivamente formada por elementos da MAG e da Direcção do clube, todos certamente peritos informáticos de primeira linha que isto de pensar em aplicações, infraestrutura, telecomunicações e autenticações deve ser coisa pouca como ir à televisão mandar uns bitaites sobre tudo e coisa nenhuma. Adicionalmente, vemos um Conselho de Administração a aumentar-se a si próprio (ou sob poposta de uma Comissão de Vencimentos conivente, com o voto do Sporting) contra a vontade de todos os outros accionistas da SAD e sente-se que quem nos comanda confunde o "ser presidente" com o "estar presidente", não observa o princípio da transitoriedade dos cargos e o bem-maior Sporting e vai continuando a dividir para melhor se proteger e reinar, esquecendo-se que o clube é dos sócios. Além de que me parecem justificadas as críticas à opacidade de gestão, com notícias frequentemente plantadas nos jornais que mais tarde não se vêm a confirmar na leitura dos respectivos R&C (forma de pagamento pelo Man United de Bruno Fernandes ou alegadas dúvidas de Valência e Atlético de Madrid). 

 

Sportinguistas, todo este arrazoado nem seria necessário na medida em que o porquê das coisas deve sempre preceder a análise do que se fez ou como se fez. O porquê neste caso é a razão de aqui estarmos, a nossa identidade. E sobre isso não pode haver tergiversão. Qualquer Sportinguista sabe que desde 1906 o nosso lema é "Tão grande como os maiores da Europa" e não "tão grande como o clube da outrora Bracara Augusta". Assim saibamos ou queiramos estar à altura do desígnio do nosso fundador, José Alvalade. Como tal, cumpra-se José Alvalade, faça-se cumprir o Sporting Clube de Portugal. Eleições já!!

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06
Ago20

Polígrafo Sporting


Pedro Azevedo

Pós Editorial do Jornal Sporting ("Polígrafo Sporting CP") publicado por André Bernardo, cumpre dizer que a realidade financeira da SAD do Sporting é a seguinte: em 9 meses de actividade da época 19/20, a Março de 2020, a SAD obteve um resultado (sem venda de jogadores) negativo em €49,2 milhões. Tal compara com prejuízos (igualmente sem venda de jogadores) de €42,8 milhões em Março de 2019 e de €27,4 milhões em Março de 2018. Anualizando a perda anual e expurgando o efeito pandemia nos custos (corte nos salários nos últimos 3 meses de 40% com consequente reposição de 20% por via do recomeço do campeonato), o resultado anual sem venda de jogadores andaria à volta (para mais, devido á eliminação precoce das provas europeias) de €66 milhões. Acresce que a incerteza quanto à bilhética em 20/21 e a não qualificação directa para a fase de grupos da Liga Europa poderão elevar este valor deficitário para cima de €75 milhões.

 

Vejamos agora do ponto de vista do activo intangível, o valor do nosso plantel. Independentemente dos valores em queda apresentados no Balanço, e na medida em que os activos provenientes da nossa Formação têm um valor contabilístico próximo de zero, procurei a avaliação do Transfermarket como valor absoluto e comparativo mais fidedigno. Ora, o valor actual do nosso plantel para o Transfermarket é actualmente de €115,1 milhões de euros, uma descida acentuada face aos €211,1 milhões de euros verificados no início de 18/19 ou os €259 milhões observados no início de 17/18.

 

Conclusão: o nosso défice estrutural nos Resultados (sem venda de jogadores) aumentou 15% face a 18/19 e 79,6% quando comparado com 17/18. Paralelamente, os nossos activos depreciaram-se fortemente (45,5% face a 18/19, 55,6% perante 17/18). Ou seja, em 17/18 o nosso rácio de cobertura do défice de resultados por via da venda de jogadores era de 4,82 vezes, em 18/19 (consequência de Alcochete e opção de não aproveitamento de várias gerações da Academia e concomitante não diminuição dos Custos face à não-qualificação para a Champions) baixou para 3 vezes e no final de 19/20 (após 15 jogadores comprados!) é apenas de 1,71 vezes (57,3% do valor total do plantel, não esquecendo ainda que o Sporting não é detentor de 100% dos direitos económicos de diversos jogadores que compõem o seu plantel). É este o rastro de destruição de valor na SAD. E é muitíssimo preocupante, obviamente. 

 

Sem lendas e narrativas, com honestidade intelectual e apenas baseando-se em indicadores irrefutáveis extraídos dos Relatórios&Contas, este é o polígrafo de "Castigo Máximo" aplicado ao Sporting Clube de Portugal. Porque verdadeiramente assumir a responsabilidade das consequências das decisões tomadas no Sporting é aceitar os tremendos erros do passado e mudar de vida. Não é branquear o passado e com soberba imaginar os sócios do Sporting como menores do ponto de vista intelectual e como tal facilmente manipuláveis. Quem age assim não merece ter mais tempo à frente do clube para depois o desperdiçar ingloriamente.    

 

P.S.1. Em relação ao desempenho desportivo nem vale a pena falar...

P.S.2. O Sporting Clube de Portugal gasta de mais (€70M vs €18M em custos com pessoal, €105M vs €31M em gastos gerais) para andar a discutir taco-a-taco com o Sporting de Braga.

04
Ago20

Roger Over and Out


Pedro Azevedo

Roger Over: Uma nau à deriva

 

Roger Out: Carta aberta ao PMAG

 

P.S. A troca de palavras entre Rahim Ahamad, antigo vice-presidente do CD conhecido pela forma "carinhosa" como em editoriais do Jornal Sporting procurava "unir" os sócios do clube que criticavam o caminho seguido e apontavam em outras direcções, e Rui Morgado ilustra bem o jogo de espelhos que se vive em Alvalade. Rahim, que desafiava os ("sonsos") sócios a pensarem para lá do óbvio, não poderá demitir-se de considerar que hoje o óbvio é ululante e não deixa ver mais nada a não ser o fim de um ciclo. rogerioalves4.jpg

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