Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

31
Mar20

António Ribeiro Ferreira


Pedro Azevedo

Nascido em Alvaiázere em 17 de Setembro de 1905, licenciou-se pela Faculdade de Direito de Lisboa em 1926. Tendo sido admitido como sócio do Sporting Clube de Portugal em Outubro de 1935, presidiu ao 1º Congresso Leonino em 1940. Posteriormente, foi o Director do Boletim Sporting, antecessor do Jornal Sporting, entre Agosto de 1943 e Março de 1951. Chegou à presidência do clube em 19 de Janeiro de 1946. O seu percurso à frente do clube coincidiu com o período aúreo do futebol leonino, com 6 Campeonatos Nacionais conquistados, a que se acrescentariam duas Taças de Portugal e 2 Campeonatos de Lisboa. 

 

Era o tempo dos 5 Violinos, a célebre linha avançada formada por Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano. Em 1949, o Sporting conquistava o seu primeiro tri-campeonato. O abandono de Peyroteo no final dessa época desportiva terá sido o aspecto menos conseguido da presidência de Ribeiro Ferreira. Ainda assim, com a realização de um festa de homenagem que chegou a estar em dúvida cuja receita reverteu a favor do melhor goleador de todos os tempos do futebol internacional, o Sporting viria a contribuir para o saneamento de dívidas contraídas pelo seu ponta de lança no decurso de um negócio comercial de equipamentos desportivos. Mário Wilson foi o homem escolhido para substituir Peyroteo, mas a equipa viria a ressentir-se da ausência do seu "matador" e perderia o título de 50. Recuperaria o ceptro em 51, já com Martins na frente do ataque leonino, revalidando-o em 52 e 53, época que viria a ser completada com Goes Mota na presidência, dado Ribeiro Ferreira ter falecido em 13 de Fevereiro de 53. No total, em cerca de 7 anos à frente dos destinos do clube, Ribeiro Ferreira conquistou 6 títulos de campeão nacional de futebol, o que ainda hoje o faz ser destacadamente o presidente leonino que mais vezes obteve o ceptro máximo do futebol nacional.  

 

Não se infira daqui que a presidência de Ribeiro Ferreira ficou só ligada à conquista de títulos no futebol. Nada disso. Ele foi um dos impulsionadores do ecletismo leonino, tendo sido nos seus mandatos que o Sporting conquistou o primeiro título de andebol de sete. Para além do andebol, o Sporting também conquistou títulos no ténis de mesa, atletismo, ciclismo, tiro, automobilismo, motociclismo, ginástica, basquetebol, ténis e voleibol. Também criou e desenvolveu infraestruturas, realizando importantes obras no Stadium de Lisboa (antigo campo do Sporting) através de financiamento (emissão dos "Lagartos", títulos de empréstimo) e subida das quotas ("cotas") dos sócios. Aumentou ainda o património do clube com a compra dos terrenos denominados de Lumiar A e de um edifício na Rua do Passadiço, local que viria a ser a sede do clube e onde instalou a sala de troféus e construiu um salão para a ginástica e um ringue para as modalidades. 

 

Durante as suas presidências, António Ribeiro Ferreira deu sempre muita atenção ao Boletim do Sporting, que em Junho de 1952 passou a designar-se como Jornal Sporting. Compreendeu muito bem a necessidade de expansão da marca, distribuindo bandeiras, fotos e emblemas pelos distritos do país e impulsionando excursões de sócios aos jogos da equipa de futebol disputados nas várias regiões. Aprovou os sétimos estatutos do clube, elaborou os regulamentos da secção de futebol e o código de conduta do jogador e promoveu o estreitamento das relações com núcleos e delegações, deixando o clube com 13 233 sócios (record, na época), a que correspondia uma receita anual de 1575 contos. 

 

A título de curiosidade, o Sporting terminou o exercício de 1952 com um saldo positivo de quase mil contos, com o futebol a custar cerca de 2 mil contos mas a apresentar um lucro de 773 contos, tendo a actividade desportiva geral do clube dado um resultado positivo de 350 contos. O Jornal Sporting deu um prejuízo de 63 contos. O património do clube tinha um valor de 7242 contos. 

 

Ribeiro Ferreira foi o grande presidente da história do Sporting Clube de Portugal (pese embora eu tenha conhecido o Sporting pela mão de João Rocha, igualmente um dirigente marcante na nossa epopeia colectiva). Não só pelas conquistas no futebol, mas também pelo cunho definitivamente eclético que imprimiu, pelo desenvolvimento de infraestruturas, expansão da marca e organização interna do clube. Como tal, merece um maior reconhecimento por parte de todos os Sportinguistas. É que um clube será tão grande quanto a distinção dada àqueles que com brilhantismo ajudaram a construir a nossa memória colectiva. 

 

(Bibliografia: Wiki Sporting)

ribeiro ferreira e peyroteo.jpeg

(António Ribeiro Ferreira e Fernando Peyroteo com a Taça Século)

29
Mar20

Heróis do povo(1)

A Hungria de 54


Pedro Azevedo

A história do futebol mundial tem vários exemplos de equipas que maravilharam os adeptos. Porém, na maioria dos casos, ao estilo faltou aliar a eficácia. Vejam o histórico dos Campeonatos do Mundo, por exemplo. A Hungria de 54, a Holanda de 74 e o Brasil de 82 terão sido conjuntamente com o Brasil de 70 as melhores selecções de sempre, todavia só a equipa de Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho e Gerson se sagrou campeã. 

 

Em 1954, na Suiça, a Hungria era a grande favorita. Os magiares chegavam ao Campeonato do Mundo como campeões olímpicos (1952) e destruidores do mito de invencibilidade dos inventores do jogo, os ingleses. Em dois jogos contra a Inglaterra de Stanley Matthews - o primeiro, em Wembley (Novembro de 1953), perante 105 000 espectadores, passou à história como o "Match of the Century" (Jogo do Século) - os hungaros começaram por golear (6-3) e terminaram a massacrar (7-1) na desforra em Budapeste (Maio de 1954), algo que deixou a "Velha Albion", até aí confiante da sua superioridade, perplexa. A propósito do jogo em Wembley, uns anos depois, o nosso velho conhecido Bobby Robson disse o seguinte: "Nós vimos um estilo de jogo, um sistema de jogo que nunca tínhamos visto anteriormente. Nenhum destes jogadores nos dizia alguma coisa. Não conhecíamos Puskas. Todos estes fantásticos jogadores para nós até podiam ter vindo de Marte. Eles vinham a Londres, a Inglaterra nunca havia perdido em Wembley, a nossa expectativa era ganhar por 3-0, 4-0, talvez até uma demolição por 5-0 de uma equipa proveniente de um pequeno país. Mas, da forma que jogaram, com brilhantismo técnico e organização, destruíram o nosso sistema táctico (WM, 3-2-5) em 90 minutos de grande futebol. Nós pensávamos que eramos os mestres e eles os púpilos, afinal ficou à vista que era o oposto". Na verdade, a grande surpresa introduzida pelos hungaros foi o recúo de um dos avançados (Hidegkuti) para o meio-campo e de um dos médios para a defesa, jogando assim num 4-2-4 que frequentemente confundiu as marcações inglesas. Aliás, Hidegkuti, o homem que organizava o jogo vindo de trás e depois explorava qualquer um dos 3 corredores, acabou por ser o homem do jogo em Wembley, com um hat-trick, superiorizando-se até a Puskas (bisou), o "Major Galopante", avançado centro e estrela da equipa (saíria do Honved para o Real Madrid), dono de um pé esquerdo de sonho. Para lá de Puskas e de Hidegkuti, os magiares tinham outros jogadores de grande nível como Kocsis (ponta de lança) e Czibor (estremo esquerdo), mais tarde contratados pelo Barcelona, ou Bozsic (médio defensivo). O seu treinador era o revolucionário Gusztav Sebes. 

 

No Mundial, os magiares arrancaram com uma vitória em Zurique por 9-0 sobre a Coreia do Sul. No jogo seguinte, em Berna, bateram copiosamente a Alemanha Ocidental (RFA) por 8-3. Em apenas duas partidas, Kocsis acumulou 7 golos, Puskas 3. Apesar da vitória retumbante sobre o antigo aliado, o jogo deixou mazelas nos húngaros, pois Puskas sofreu uma lesão no tornozelo da qual nunca viria a recuperar. Apesar do contratempo, a Hungria continuou a somar vitórias, ambas por 4-2, contra Brasil (Berna) e Uruguai (Lausana), até chegar à final. Kocsis marcou por mais 4 vezes e Hidegkuti fez um bis. Chegou então o dia da final (Berna, 4 de Julho). Com Puskas a pé-coxinho, os húngaros ainda se adiantaram no marcador e por dois golos (Puskas e Czibor), mas a reacção alemã não se fez esperar e mais frescos (haviam poupado alguns titulares no jogo da fase de grupos) acabariam por dar a volta ao jogo com um bis de Rahn e um golo de Morlock. Assim, acabaria por ser Fritz Walter, e não Ferenc Puskas, a levantar a Taça Jules Rimet. Todavia, foram os húngaros que conquistaram o coração dos adeptos com o seu "Futebol Total", um sistema revolucionário que haveria de fazer escola e acabar com o WM. Infelizmente, este estilo futebol-champanhe, que exigia aveludada destreza técnica (Hidegkuti e Puskas protagonizavam diversos números de malabarismo, desde passar a bola por cima dos adversários até 'escavar túneis' entre as pernas dos seus oponentes) e muita versatilidade (trocas de posição constantes entre sectores) por parte dos seus executantes, não duraria muito mais. O esmagamento da Revolução Húngara de 56, que visava a libertação do regime soviético, acabou por ver alguns dos seus melhores jogadores pedirem asilo político a outros países, nomeadamente a Espanha. Mas a história jamais se esquecerá deles.

match of the century.jpg

27
Mar20

Com licença que eu vou ali e já volto e o Miguel fica já por aqui


Pedro Azevedo

Quando se julgava já se ter visto de tudo, e numa fase de maior aperto para a SAD em virtude do Coronavírus (previsível impacto no valor de mercado dos jogadores) ter posto ainda mais a nu o excesso de alavancagem da sociedade anónima desportiva do Sporting (insustentáveis mais de 70 milhões de euros de défice de exploração antes de proveitos extraordinários resultantes de vendas de jogadores), eis que o presidente Frederico Varandas, por força da Lei de Defesa Nacional que devido à declaração do Estado de Emergência retirou automaticamente a licença especial de que este militar beneficiava por ser membro de uma Assembleia de Freguesia, teve de se apresentar ao serviço das forças armadas portuguesas, não se sabendo até ao momento se continua a auferir vencimento na SAD, salário esse que aliás irá aumentar a partir de Julho conforme ficou convencionado devido à aprovação, com o voto contra de todos os outros accionistas, de um aumento remuneratório dos administradores (manter-se-á, atendendo ao contexto?). 

 

Poucos dias depois é o vogal do Conselho de Administração da SAD, Miguel Cal, a apresentar a demissão, alegando motivos pessoais e profissionais, reduzindo o número de membros executivos do CA da SAD a dois (Francisco Salgado Zenha e João Sampaio).  

 

Dizem-nos agora que André Bernardo, sócio eleito como vogal suplente do Conselho Directivo do clube que passou recentemente a efectivo após a saída de Francisco Rodrigues dos Santos, será cooptado para a SAD. 

 

Entretanto, a comunicação do clube não foi de quarentena. Agora vendem-nos a previsão de que Gonzalo Plata irá render 60 milhões de euros daqui a 3 anos. O mais estranho é que ao mesmo tempo dão como prioridade a intenção de comprar os 50% do passe do equatoriano que estão na posse do Independiente Del Valle. Será que não deveriam comprar primeiro o resto dos direitos económicos que não nos pertencem e só depois apresentarem as brilhantes expectativas para a valorização do jogador? Ou será que acreditam que no Equador ninguém lê jornais?

 

Bem sei, a pioridade nestes tempos é a nossa saúde. Mas não se podem deixar definhar as instituições, razão pela qual empresas de todo o mundo procuram diariamente encontrar soluções para os problemas de quebra de receitas e excesso de capacidade instalada. No Sporting é este espectáculo. Algo vai muito mal no reino do leão...

25
Mar20

Viver para reconstruir


Pedro Azevedo

Numa hora destas, em que mais do que o tempo estar parado é a nossa forma de viver que está suspensa, é-me difícil falar de futebol. Vivemos um momento singular onde nos é pedido para sobreviver. Não para desfrutar da vida como Deus a terá imaginado para nós, mas tão só sobreviver. Eu sei, acreditem, assim à partida parece pouco. Não foi essa a vida que escolhi para mim. Nunca me imaginei como um sobrevivente, como alguém capaz de trocar a liberdade de pensamento e de actuação por concessões várias que tantas vezes fazem o Homem perder-se no seu caminho. Mas aqui falamos de outro tipo de sobrevivência, é a nossa comunidade que está em risco. Este pedido que agora nos fazem é justo e vai ao encontro do ideal que persigo de sociedade: uma onde existe um sentido colectivo da vida e uma preocupação com o nosso semelhante e tudo o que nos rodeia. 

 

Tantas e tantas vezes no passado o Homem se isolou dos demais, egoísticamente, de forma interesseira, individualista e egocêntrica. Quis agora o destino que esse isolamento se exprimisse altruisticamente. Eu estou em crer que teremos sucesso nessa tarefa. A confirmar-se, tal como espero, pensem então no que poderíamos fazer enquanto seres humanos se o nosso altruismo se pudesse manifestar sem distanciamento social, todos juntos e com respeito mútuo trabalhando em prol de um projecto comum, de um amor compartilhado. Sem exibicionismos, sem umbiguismos, sem bons nem maus da fita, apenas partilhando o melhor da natureza humana que existe em cada um de nós. Gostaria que fechassem os olhos por um momento e imaginassem um Sporting assim...

 

Um dia, após a tempestade, virá a bonança. Com ela, uma nova era. A reconstrução começará em nós próprios, naquilo que necessitamos mudar para podermos fazer a diferença. Deus não nos pôs no mundo para sermos mais um, e cada um deve saber extrair de si o melhor do seu potencial e entregá-lo à comunidade. Fazer a diferença! O Sporting em que eu acredito também é isso, aquele clube que em pequenino me entrou pelos ouvidos numa onda média da rádio até que uma primeira visita ao estádio transformou a onda num tsunami de emoções que foi crescendo, crescendo, sem parar. Um dia eu quero voltar a ver toda a gente feliz no nosso estádio. Quero de volta o sentimento de partilha. Entre amigos e entre desconhecidos. Desejo que as memórias que cada um tem do clube voltem a ser um património comum. E que isso seja vivido, celebrado, com a alma que marca a nossa identidade, a nossa "leoninidade". 

 

Não há instituições sem homens que as sirvam. Portugal, enquanto nação, necessita do nosso civismo e do nosso sentido de responsabilidade neste momento. Como dizia António Quadros, apropriadamente citado pelo nosso Leitor Miguel Correia, Portugal está no mais fundo de nós, e sem ele seremos menos do que somos. Assim também o é com o Sporting. O clube nunca teria atingido o patamar mais alto se não fosse por esta necessidade que o Homem tem de se ligar a algo muito mais grandioso do que ele. Foi essa necessidade exponencial e exponenciada que tornou o Sporting enorme. Por isso, dos escombros do Sporting actual teremos de recuperar a razão das coisas, aquilo que nos liga e, ligando, nos multiplica. Não o que nos divide. Ter uma ideia diferente para o clube nunca poderá ser uma causa de divisão. Pelo contrário, será outra perspectiva, outra visão, algo que acrescentará. 

 

Eu sei, o Sporting, tal como qualquer outra instituição, não pode estar adiado. Mas neste momento é a nossa vida que está adiada, suspensa pelo tempo. A morte saiu à rua, entra-nos pelos telejornais todos os dias. Se isso não nos fizer reflectir sobre o pó que nós somos no Universo, não sei mais aquilo que nos poderá alertar sobre a fragilidade da nossa condição humana. Guardemos por isso o nosso engenho, a nossa inteligência para a tarefa futura de construção e não de destruição. Gerando humanidade e não desumanidade. Apresentando trabalho e não propaganda. Quando se tem uma visão, um sonho e se pensa primeiro no bem-maior colectivo em detrimento do interesse pessoal, não há caminho impossível de trilhar nem obstáculos ou adamastores suficientemente imponentes que nos possam travar. De resto, a única coisa realmente importante a preservar é a vida, a nossa (de todos nós) e a das instituições a que nos ligamos de forma afectiva e/ou profissional. Mantenham-se saudáveis!

 

#estamosjuntos

 

P.S. O meu louvor à anónima comunidade de profissionais de saúde que tem estado na linha da frente da luta contra a covid-19, muitas vezes sem os meios ou a protecção devida que agora parece que felizmente vão chegar. A esses médicos, enfermeiros e auxiliares o meu agradecimento. Vocês são os meus heróis! Também gostaria de agradecer a todos os portugueses que têm sabido interpretar o que está em causa e que com o seu comportamento responsável e cívico vêm ajudando a conter a propagação da doença. 

22
Mar20

Tudo ao molho e fé em Deus

A paragem do tempo


Pedro Azevedo

Há exactamente duas semanas atrás tinha deixado Alvalade com a certeza de que tínhamos ultrapassado as Aves sem contrair uma gripe. Agora, quinze dias depois, eis-me retido em casa perante a pandemia do coronavírus. Tudo parou: a economia parou, o futebol parou, nós parámos de circular. Dizem-nos que parados é que estamos bem, a ver se o nosso SNS consegue respirar o suficiente para dar conta do recado. Faz sentido, na medida em que este vírus ameaça a nossa vida e a daqueles que estão à nossa volta. Deste modo, pela primeira vez desde que me conheço, ganhar (comprar) tempo passou a ser sinónimo de deixar correr o tempo. Quem diz deixar correr o tempo, diz deixar correr o marfim, algo que, já se sabe, é particularmente caro ao cidadão Jorge Nuno Pinto da Costa. Por falar em Pinto da Costa, o azul e branco é que está a dar. Pelo menos a avaliar pela quantidade de vezes que o usamos para lavar as mãos. Não no sentido que Pilatos (ou o Benfica) lhe deu, bem entendido, que a Covid-19 é uma doença que não nos permite assobiar para o lado (muito menos com um apito), mas como medida essencial de higiéne que visa prevenir o contágio. A prevenção passa também muito pelo civismo e sentido de responsabilidade de cada um. Por ironia, quis o destino que um maior sentido colectivo dos portugueses se viesse a manifestar pelo isolamento físico, a quarentena. Nada que seja novidade para todos os Sportinguistas, habituados que estamos ao isolamento que os senhores do futebol português vêm impondo ao nosso clube ao longo dos anos. Mas, tal como na vida, também no futebol o verde é a cor da esperança. Mesmo sabendo-se que, à falta de comunicação presencial, os emails se vão intensificar...

 

Mantenham-se seguros e saudáveis!

#estamosjuntos

18
Mar20

A vida em isolamento / Big Mal e a receita mágica


Pedro Azevedo

Big Mal e a campanha de 82: cinco craques (Meszaros, Eurico, Oliveira, Jordão e Manuel Fernandes), seis jovens da Formação (Carlos Xavier, Mário Jorge, Ademar, Virgílio, Freire e Alberto) mais outros 4 criados em Alvalade (Barão, Zezinho, Bastos e Inácio) e dois carregadores de piano incansáveis (Marinho e Nogueira), num plantel treinado por um Malcolm Allison que não olhava a nomes ou bilhetes de identidade. Uma receita de sucesso com direito a dobradinha e tudo. 

 

Ainda que em quarentena, estamos juntos!

#estamosjuntos #sporting

18
Mar20

A vida em isolamento / A melhor época de sempre


Pedro Azevedo

Menos de 1 mês após o 25 de Abril, o Sporting deslocou-se ao D. Manuel de Mello, no Barreiro, e derrotou o Barreirense por 3-0, sagrando-se campeão nacional em 73/74. Yazalde, com 46 golos (30 jogos), estabeleceu um novo record da competição, marca que ainda se mantém imbatível. Seguiu-se nova vitória na Taça de Portugal, após prolongamento, com o golo do milagroso empate a chegar em cima dos 90 minutos. Na Taça dos Vencedores das Taças, privados do goleador "Chirola" e com muito azar, perdemos com sabor a injustiça contra os então alemães do leste do Magdeburgo. Ainda assim, com a dobradinha a nível nacional e a semi-final europeia, o Sporting teve a melhor época da sua história. Treinador: Mário Lino. O açoriano, campeão nacional pelo Sporting como jogador e treinador (também como adjunto de Fernando Vaz), não continuaria, uma sina que o tempo viria a repetir para infortúnio de todos os Sportinguistas.

 

Ainda que em quarentena, estamos juntos!

#estamosjuntos #sporting

17
Mar20

A vida em isolamento / Teo-19 e o vírus do golo


Pedro Azevedo

Aproveito este tempo de quarentena para relembrar alguns antigos jogadores do Sporting porventura mais caídos em esquecimento. O primeiro que me ocorreu foi Teo Gutierrez, que em Alvalade vestiu uma camisola com o número 19 (da nossa inquietação e descontentamento recentes) estampado nas costas.

 

Para muitos foi sempre um "patinho feio". Excêntrico, protagonizou vários momentos insólitos, desde as novelas dos atrasos no regresso da América do Sul até ao roubo do spray a um árbitro na Liga Europa para comemorar um golo que havia marcado ao Besiktas. Insólita também foi sempre a sua relação com o golo. A ele vi marcar com o peito, a anca, o joelho, as costelas, ou simplesmente como pino desviando um remate de Carrillo que daria a vitória sobre o rival Benfica na Supertaça, como se a bola magicamente o procurasse a caminho do golo e usasse a parte do seu corpo "mais à mão" para o efeito. 

 

A verdade é que Teo Gutierrez foi sempre um jogador nuclear para Jorge Jesus. Número 19 nas costas, o "cafetero" sempre se distingiu pela forma inteligente como arrastava marcações, mostrando que tão ou mais importante do que o momento em que se tem a bola é saber o que fazer sem bola, afinal aquilo que acontece na esmagadora maioria do tempo de jogo. Descrevendo umas hipérboles à volta da grande área, o colombiano conseguia abrir espaços para João Mário, Ruiz ou Adrien entrarem nas suas costas e visarem a baliza ou servirem Slimani. Dái aliás resultariam vários golos leoninos nessa época de 2015/16. 

 

Infelizmente, uma inoportuna lesão a que se seguiu a demora no regresso da Colômbia coincidiriam com um período de menos fulgor do Sporting, algo que associado a factores externos alheios aos leões bem pode ter custado o título. No entanto, para que nunca esquecessemos o seu toque distintivo, capricharia no final da época com exibições que lhe valeriam diversas vezes a menção de melhor em campo. Sem criar raízes em Alvalade, viria a sair discretamente no final dessa época sem a repercussão que as vendas de Slimani ou de João Mário tiveram. No entanto, ao contrário destes - ausências colmatadas com a compra de Bas Dost e a promoção de Gelson - , o Sporting não encontraria na temporada seguinte um jogador à altura deste irreverente colombiano nascido em Barranquilla e com passagens pela Turquia, México e Argentina. Aliás, neste último país viria a jogar nos milionários do River Plate, clube pelo qual se notabilizou vencendo a Libertadores, Copa Sul-Americana, Recopa (Supertaça) da América do Sul e campeonato argentino. 

 

Ainda que em quarentena, estamos juntos!

#estamosjuntos #sporting

teo_gutierrez_.jpg

16
Mar20

O sentido da vida


Pedro Azevedo

Não, não vos venho aqui falar dos Monty Python e do seu magnífico "Meaning of life". O que me traz aqui hoje é o COVID-19, uma doença que tem o nome artístico de "Corona" e é inimigo da socialização e da liberdade. Muitas vezes tenho dito neste espaço que é preciso termos um sentido colectivo da vida. Pois bem, por ironia, quis o destino que esse sentido colectivo se exprimisse pelo isolamento. Se isso para alguns constituirá um paradoxo, não o será menos a ideia de que para ganhar tempo é fundamental cada um deixar o seu tempo correr. Em quarentena. Mas as coisas são o que são. É preciso que o SNS respire e para que isso aconteça o nosso sacrifício de recato é fundamental. O sentido de responsabilidade de cada um, também. Mais tarde, na reconstrução, outras formas de solidariedade serão necessárias. Conto convosco. Contém comigo.  

Destaque-covid-19.jpg

14
Mar20

Dogmáticos "ma non troppo"


Pedro Azevedo

O Sporting é um clube curioso onde a antecipação de eleições merece um dogmático não baseado em "os mandatos são para cumprir", mas a eventual antecipação de receitas que em muito ultrapassam o corrente mandato nem sequer precisa de ir a Assembleia Geral (de clube e SAD). 

 

P.S. Não se pode questionar a interrupção de mandato, mas pode-se esvaziar o próximo mandato...   

12
Mar20

Contorcionismo


Pedro Azevedo

Depois de ter promovido Frederico Varandas "ad-nauseam" até à presidência do Sporting, Luis Paixão Martins classifica agora de "triste" o mandato do actual presidente e diz que o Sporting precisa de "eleições clarificadoras" (NA: clarificadoras ou decisivas para a sobrevivência do clube?). "Too late to say I'm sorry", não é Luis Paixão Martins? Nada tema, porém: seguir-se-á um novo ungido pelas agências de comunicação e tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes. Responsabilidade? Não. Um dia vendemos um detergente, outro dia um presidente...

 

P.S. Nas eleições do Sporting todos os candidatos deveriam ser obrigados a declarar os gastos incorridos e financiadores da campanha, bem como eventuais compromissos futuros estabelecidos que envolvam o clube. 

08
Mar20

Um pedido de um Sportinguista


Pedro Azevedo

Peço a todos os que se manifestarão hoje junto ao Estádio José Alvalade para exercerem o seu protesto da forma ordeira que está no nosso centenário ADN Sportinguista. O direito à indignação está consagrado na Constituição da República, porém espero que todos estejam à altura da gesta gloriosa que ajudou a dar forma a esta enorme instituição. Não se esqueçam que Ser Sporting não é só uma responsabilidade para com o futuro, é também o respeito pelo nosso passado. E, por favor, queiram corrigir essa ideia de ficarem fora do estádio enquanto o jogo estiver a decorrer. Eu serei apenas mais um dos presentes na manifestação, mas ocuparei o meu lugar nas bancadas imediatamente antes do jogo começar para apoiar a nossa equipa. Para mim, o Sporting no seu estado puro é aquele que vai a campo, quadra, pista, piscina, etc. Se isso Vos oferecer alguma dúvida, pensem naquilo que Vos estimulava quando eram mais pequenos e ainda não tinham filtros, preconceitos ou pensamento político. Nessa reflexão encontrarão a verdade e saberão separar as águas. Viva o SPORTING!!!  

06
Mar20

Carta enviada


Pedro Azevedo

Hoje, durante a tarde, conforme previamente indicado, enviei ao Exmo. Senhor Presidente da MAG do Sporting Clube de Portugal uma carta (por CTT Expresso, de forma a chegar no próprio dia) onde elaboro detalhadamente um conjunto de indicadores que não são de todo auspiciosos em relação ao futuro de clube e SAD e peço a marcação urgente de eleições, acto para o qual apresentarei a minha candidatura a presidente do clube e SAD. 

Pág. 1/2

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Mensagens

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D

Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Siga-nos no Facebook

Castigo Máximo

Comentários recentes

  • Pedro Azevedo

    * o nome

  • Pedro Azevedo

    Obrigado, Hugo.O melhor será mesmo mudar I nine do...

  • Hugo

    O Castigo Máximo é terminal obrigatório após jogo ...

  • Pedro Azevedo

    Olá José, obrigado eu pelo seu feed-back. O Daniel...

  • Jose

    Olá Pedro, obrigado pelas análises com que nos b...