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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

29
Nov19

Monsieur Mathieu


Pedro Azevedo

Se Bruno Fernandes é o agitador de serviço, Jeremy Mathieu é a elegância serena. Não se fique com a ideia que dessa tranquilidade resulte uma menor eficácia. Não, pelo contrário, na visão deste Sportinguista que Vos escreve o mundo divide-se em dois: a leste, a Muralha da China; a oeste, Monsieur Mathieu. 

 

Um incêndio numa sala de cinema? Ele já estaria lá fora. Um eléctrico com o freio desgovernado? Idém. Imperturbável, na maioria das situações Mathieu aproveita a sua experiência para antecipar os lances. Outras vezes especula descaradamente com o seu oponente directo: fazendo-se valer do seu ar de simpático ancião, convida o adversário a procurar a profundidade para no último momento mostrar-lhe uma velocidade incomum e desarmá-lo. Essa sua faceta hitchcockiana, de Mestre do Suspense, também pode ser vista quando avança resoluta e destemidamente pelo terreno, bola colada ao pé e face bem levantada. Aí torna-se um Mustang, um cavalo à solta, como se dentro dele ainda houvesse aquele menino traquina a impeli-lo a retornar à juventude. Só por isso já valeria o preço do bilhete (e os seus médios defensivos sempre aprendem alguma coisita). Un Grand Seigneur! 

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28
Nov19

Tudo ao molho e fé em Deus - Trio Maravilha


Pedro Azevedo

A Silly Season já terminou e quando muito estamos na Silas Season, mas ainda assim o Vidigal disse na televisão que o Bruma - assobiado de cada vez que tocava na bola - sempre respeitou o Sporting. Quem verdadeiramente continua a respeitar o nosso clube é o Bruno Fernandes, grande capitão, hoje com mais 2 golos e outras tantas assistências (103 acções directas decisivas desde que chegou ao clube). Sobre isso, não há revisionismo histórico que valha...

 

O Sporting, disposto num 4-2-3-1, apresentou-se com uma maior ligação entre os sectores do que vinha sendo hábito, provando que o trabalho de Silas começa a dar frutos. Wendel é melhor jogador do que Eduardo e, desde que capaz fisicamente, assegura uma melhor parceria com Bruno Fernandes, Acuña dá uma amplitude à lateral esquerda que Borja nem em sonhos e Mathieu é o farol que impede a defesa de naufragar. O gaulês, o argentino e Bruno foram os melhores esta noite em Alvalade.

 

O Sporting marcou cedo, quando Bruno solicitou o desvio de cabeça do Felipe das Consoantes na pequena área. Pouco tempo depois Unnerstall (guarda-redes dos de Eindhoven) não conseguiu parar "unabomber" e os leões aumentaram a diferença no marcador. Eis então chegado o momento Formação, aquele em que Super Max, esta noite em estreia europeia, retirou a justa causa dos pés de Bruma e evitou que os holandeses reduzissem. Essa oportunidade ocorreu numa janela de 10/15 minutos em que os leões perderam o controlo do jogo, o seu pior período. Ultrapassada essa fase, o Sporting ampliaria o marcador ainda antes do intervalo: após umas entretidas carambolas protagonizadas por Doumbia terminadas da forma que seria de esperar de um bilharista marfinense, Bruno ligou o GPS e providenciou a munição ao míssil instalado no pé esquerdo de Mathieu; a bola só parou no fundo das redes do PSV.

 

A etapa complementar iniciou-se com mais uma boa defesa de Max. O Ilori entrou de pitons à bola e a seguir acertou num adversário. O árbitro marcou falta e o Vidigal voltou à carga. Agora invocando a "dinâmica do carrinho". Tal como a (electricidade) estática do televisor tudo se terá devido ao alumínio...  

Consistente e equilibrado, o Sporting ia fazendo a gestão do jogo. Só que o indisciplinado Acuña amotinou-se e decidiu expôr a Borja o algoritmo do caminho mais curto. Vai daí irrompeu numa correria, ultrapassando holandeses atrás de holandeses, fintando todos os que não lhe saíam da frente até ser derrubado já dentro da área. Na conversão, o clássico: guarda-redes para um lado e Bruno Fernandes e a bola a rirem-se do outro. E com esta prosopopeia termina a narrativa de um jogo que abriu o caminho para a qualificação para a fase a eliminar da Liga Europa. Que prossiga a epopeia!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes

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27
Nov19

Captain of our soul(*)


Pedro Azevedo

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"Do fundo da noite que nos envolve

negra como o fosso entre nós

eu agradeço a um "oito" que resolve

e à nossa indomável alma em uníssono dá voz

 

Retidos numa destrutiva condição

contigo escondemos a fraqueza 

e se a golpes do destino não mostramos servidão

é porque por ti sonhamos com a grandeza

 

Além deste Alvalade de ira, ódio e injúria

somente as trevas se enxergam

porém, se ao desencanto não sucede lamúria

é porque em campo ainda não te vergam

 

Não interessa quão estreito o caminho

ou quanto valerá ousar tocar a palma

contigo nunca haverá desalinho

tu és o capitão da nossa alma

 

Tu és o capitão da nossa alma

e nas batalhas nunca mostras piedade

só a tua presença a ansiedade acalma

juntos formamos uma sociedade"

 

(*) Dedicado a Bruno Fernandes, um jogador de classe e verdadeiro fautor da união em quem personifico a esperança em dias de glória que possam suceder a noites de trevas assentes num misto de maniqueísmo, niilismo e conformismo - onde não há inocentes - que ameaça destruir o Sporting (adaptação livre de um poema de William Henley)

26
Nov19

Cultura Sporting


Pedro Azevedo

Sporting Clube de Portugal. Não de Lisboa, Varandas, Carvalho, Godinho, Bettencourt, Franco, Dias da Cunha, Roquette, Santana Lopes, Cintra, Gonçalves, Freitas ou Rocha. Apenas Sporting. E de Portugal. O Vosso clube, o meu clube, o Nosso clube. 

 

Mais do que nos focarmos no que nos divide, temos de nos concentrar no que nos une. Desde logo, o que nos aproxima é a vontade de ver o clube prosperar e aquele amor que não se explica, sente-se. A maioria dos sócios e adeptos sportinguistas não são políticos, não têm pretensões de poder ao contrário da ideia que se pretende passar, apenas querem que as coisas corram bem, pelo que um presidente não presta uma bom serviço ao clube ao apontar o dedo a quem critica e expõe o seu ponto de vista. É que o Sporting não pode  ser uma instituição granítica e monilítica, deve ser discutido em casa que não gritado na rua (nesse sentido, o adiamento do Congresso Leonino foi um erro). Divisões existem sobre a forma de se atingir o nirvana. Pessoas, ideias, estratégia. Uns ainda prefeririam Bruno, a esmagadora maioria escolheu entre Frederico e João. Alguns privilegiariam a vertente desportiva, outros quereriam resolver o quanto antes a questão da cultura do clube. Muitos apostariam na Formação e no ecletismo, outros gostariam de obter resultados no imediato e de pôr as fichas todas no futebol. E também há quem defenda que isto só lá vai com a perda de maioria do Sporting na SAD.

 

Como sempre aqui tenho expressado, a união não se pede, conquista-se. Mas não é apenas à Direcção que cabe promover isso, é um desígnio de todos. Cada um, nas suas intervenções públicas, semi-públicas ou privadas, deve procurar encontrar pontos de encontro com outros consócios, em detrimento da exploração das fracturas que nos vão progressivamente afastando. Não pode é uma Direcção, por omissão ou no decurso da sua comunicação aos sócios, ser um factor de desunião, nomeadamente quando da sua acção não resulta qualquer estratégia visível a todos os associados ou quando tenta suprimir a contestação existente à sua volta recorrendo a epítetos aos sócios que em nada dignificam o Sporting Clube de Portugal, permitindo-se a que paire a legítima dúvida se não estará mais empenhada na preservação da sua posição do que com o progresso do clube. (Sim, o maniqueísmo, os "bunkers", as trincheiras não fazem o clube avançar, pelo que a Direcção não os deveria incentivar.).

 

O Sporting tem um problema grave de crise de identidade. Qual é a nossa bandeira, o porquê de estarmos aqui, quais os nossos factores de diferenciação? Enquanto não resolvermos isto, e deveremos fazê-lo internamente, não saberemos qual o nosso posicionamento. E se não se conhece onde se está, como se poderá saber qual o caminho a percorrer para atingir o objectivo que se pretende? Por isso, de pouco valerá prometer conquistas. Primeiro é preciso definir o ponto de partida e apontar um trajecto para a glória.

 

A cultura de um clube mede-se pela sua capacidade em resistir a tudo o que de menos bom gravita à sua volta. Numa cultura forte, existe um elo identificador entre todos os colaboradores, atletas e sócios, os quais absorvem os valores da Organização. No Sporting, a cultura é fraca e isso permite sermos diariamente influenciados negativamente por tudo quanto vem de fora. Sem filtros, completamente à mercê, como os acontecimentos dos últimos anos bem o demonstraram. Então, como resolver isto? Em primeiro lugar, e retomando o início do texto, temos de pensar num Sporting uno. Que começa pela abolição dos termos "sportingados", "brunistas" ou "croquettes", os quais só multiplicam a nossa identidade e, por isso, dividem e, assim, minam a nossa coesão. Depois, é preciso chamar e ouvir os sócios, as suas opiniões. Nesse sentido, o Sporting deve afirmar-se como um clube do Renascimento, com uma capacidade criadora, reformadora, de mudança de paradigma (o status-quo) e que valorize todos os seus associados, com respeito pela integridade das competições, o objectivo de promover um desporto melhor, mais justo, equilibrado e íntegro, tudo assente numa cultura de exigência (que deve ser correctamente implementada), mas também de excelência. Nunca, em circunstância alguma, deveremos importar modelos que funcionem com outros, mas que não respeitem a nossa idiossincrasia e/ou os nossos valores e que criem um choque com o que são os valores tradicionais sportinguistas. Como em tempos disse, a cultura de uma organização desportiva não pode estar nos antípodas do que é a personalidade e o carácter dos seus colaboradores, atletas e sócios/adeptos.

 

Concluindo, se é certo que o caminho se faz caminhando, primeiro é preciso saber onde estamos. Caso contrário, andaremos a caminhar para nada (quando não para trás), perdidos e, provavelmente, cada vez afastando-nos mais do objectivo pretendido, o cenário que acredito ser o actual. Procuremos então situar-nos, através do nosso GPS (glória, princípios, sustentabilidade), sabendo que esse é o passo necessário para a afirmação da nossa cultura, leoninidade, do nosso Ser Sporting . Viva o SPORTING !!!

 

P.S.O papel da Direcção é, como o nome indica, dirigir o clube. A um sócio cabe estar atento e vigilante e, também, contribuír com ideias, sugestões e militância para o crescimento do clube. Não se pode nem deve diminuir o papel (e a importância) de cada uma das partes, nem tal deve ser subvertido pelo jogo político do "deixem-me trabalhar".

25
Nov19

Chama-se Tourette e escapou ao Scouting


Pedro Azevedo

O Sporting vive sob o Síndrome de Tourette, um francês que se terá infiltrado no nosso ADN aparentemente sem pedir licença ao Scouting e que explorando um ambiente niilista e maniqueísta produziu um transtorno em Alvalade caracterizado por incapacidade de autoregulação ou autocrítica, inadaptação a novos cenários, intolerância à pressão, ansiedade, libertação de impulsos primários de explosividade, comportamentos generalizadamente agressivos, falta de organização, entre outros. Tal como o Toyota de Salvador Caetano, o Tourette veio para ficar. Ele está presente na gestão do clube, mas também nas relações entre sócios, na comunicação que se estabelece entre presidente e associados e é perfeitamente reconhecível nas redes sociais, televisões, assembleias gerais do clube e em intervenções públicas de dirigentes, sendo verificável a cada borrão (protocolo de Rorschach). Não sei se para alguns isto é chinês (o Rorschach até era suiço), mas creio ser importante haver consciência da existência deste problema. Até porque no Sporting ele sofre uma mutação política, o que permite melhor compreender a razão pela qual um dia os sócios são esqueletos, papagaios, patetas e idiotas úteis e, num outro dia qualquer, quando se torna necessário seduzir um grupo de cinquentenários com votos que decidem eleições, alguém com quem se aprende muito. 

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23
Nov19

Libertado o jejum


Pedro Azevedo

Trinta e oito anos depois o Flamengo volta a vencer a Copa Libertadores da América! Num jogo muito idêntico àquela célebre final da Champions em que o Manchester United marcou dois golos nos últimos minutos de uma partida onde na maior parte do tempo foi inferior ao Bayern de Munique, o Mengão virou o marcador com um bis de Gabigol, um jogador que curiosamente estava a ser um dos piores da equipa brasileira, derrotando assim o River Plate. Os argentinos falham a revalidação do título obtido no ano passado e Jorge Jesus consegue um feito histórico na América do Sul, dando o 2º título continental aos cariocas da Gávea. Depois da gesta de Zico, Júnior, Leandro e Mozer, agora apoiado na geração de Gabigol, Ewandro Ribeiro, Bruno Henrique e De Arrascaeta o Flamengo volta a erguer o mais importante troféu da América. 

 

P.S. Com este triunfo, JJ torna-se o segundo europeu a vencer a Libertadores. Curiosamente, o primeiro também treinou o Sporting. Chama-se Mirko Jozic e ofereceu-nos do melhor futebol que se viu em Alvalade. Lembram-se?

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23
Nov19

Uma casa não se constrói pelo telhado


Pedro Azevedo

Olhando para o futebol do Barcelona ou do Ajax de Amesterdão é claro que está presente uma filosofia de jogo e um conjunto de princípios que são incorporados desde a base (Formação). Por exemplo, um jogador como o holandês De Jong dificilmente poderia jogar numa equipa que não tivesse o mesmo entendimento do que é pretendido para a posição "6", isto é, que não desse prioridade à construção naquela zona do terreno. Talvez não tenha sido por acaso que o Barcelona, que sempre soube adaptar princípios da escola holandesa - ou Rinus Michels, Cruijff e Neeskens, numa primeira fase, Koeman, Witschge, o filho de Cruijff, Reiziger, Cocu, Zenden, os irmãos De Boer, Bogarde, Van Bronckhorst, Davids, Van Bommel e Cillessen, numa segunda fase não tivessem passado por lá - , não tenha hesitado na aquisição de De Jong, pagando por ele a módica quantia de 75 milhões de euros. 

 

A adopção de princípios de jogo na equipa principal comuns aos ensinados na Formação tem a vantagem de melhor poder potenciar os jovens, não se perdendo tantos na transição para sénior, a última estação de linha de produção da nossa fábrica de talentos. No Sporting, entre outras razões que tenho discutido com os Leitores noutros Posts, muitos médios provenientes da Academia tiveram dificuldades na compreensão do 4-4-2 (Jorge Jesus) face ao 4-3-3 a que estavam habituados, especialmente os médios atacantes, de transição e os alas. Igualmente, não sendo tão clara a nível sénior a cultura de posse de bola, o que é pedido a alguns médios defensivos é mais repressão e menos imaginação, independentemente do sistema táctico adoptado, o que explica em parte as dificuldades que um Daniel Bragança ou um Matheus Nunes actualmente poderão sentir.

 

A pergunta que deixo para reflexão aos Leitores é se entendem que um clube formador de excelência como o Sporting deve ser autor da sua própria filosofia de jogo, com um Director Técnico (e não "desportivo") como pensador de todo o futebol do clube, recorrendo a treinadores que se adequem a essa filosofia ou formando os seus próprios treinadores, ou, em alternativa, se essa filosofia deve variar consoante cada novo treinador, à semelhança do que vem acontecendo de há anos a esta parte, podendo retirar-se daí algumas vantagens (entre as desvantagens que citei) provenientes dos jogadores se enriquecerem mais tacticamente pela utilização de diversos sistemas? Para mim, não restam dúvidas sobre o caminho que mais facilmente optimizaria o que produzimos. E creio que haver um consenso sobre isso enquanto ideia de base seria bem mais importante do que a necessária melhoria das infraestruturas existentes. 

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21
Nov19

Formar para os outros


Pedro Azevedo

Segundo um estudo do CIES - Football Observatory, o Sporting é o 15º clube europeu mais representado com jogadores da sua Formação nas 5 principais ligas europeias (Big 5), tendo 18 jogadores espalhados pelos campeonatos de Espanha, Alemanha, Itália, Inglaterra e França, numa tabela que é liderada por Real Madrid (39), Barcelona (34) e Lyon (30). Alargando o espectro aos 31 campeonatos nacionais europeus objecto do estudo do CIES, a Formação do Sporting sobe para o 3º lugar com 63 jogadores, apenas ultrapassada por Partizan de Belgrado (75) e Ajax de Amesterdão (72). Nesta última lista, Barcelona (10º com 52 jogadores), Real Madrid (14º com 50) e Lyon (21º com 39) ficam aquém do clube leonino. De referir que os leões lideram por boa margem entre os clubes portugueses nos dois rankings alvo deste estudo. 

 

Estes dados vêm reforçar a percepção que o adepto comum tem de que os leões formam muito. Infelizmente, para outros beneficiarem, sem que o trabalho desenvolvido na Academia tenha a justa compensação desportiva e/ou financeira. Por isso, tantos jogadores exportados depois, continuamos com a nossa sustentabilidade financeira em risco, produto de um modelo económico de negócio ruinoso que se traduz em importar muito - tradicionalmente jogadores de qualidade média/baixa que todos juntos pesam bastante nos Custos com Pessoal e geram importantes menos-valias - e em não desenvolver suficientemente a última estação de produção (acesso à equipa principal). Bloqueado o acesso ao topo a muitos jovens com potencial, muitas vezes preteridos por contratações onerosas e de nível semelhante ou pior, estes acabam por saír por um valor económico significativamente inferior ao que se poderia apurar caso tivessem realizado um número de jogos razoável ao mais alto nível, recebendo o Sporting, em média, uma compensação pelas vendas bastante inferior ao somatório de custo (salários+prémios) mais investimento (compra) dos jogadores contratados. Dir-se-ia que esse seria o ónus de ganharmos muito, simplesmente nem isso acontece.

 

Perante isto, é caso para perguntar se finalmente aprendemos a lição. É que os indicadores de que não temos sabido gerir a produção da nossa fábrica (ou mina de diamantes, mais exactamente) vão-se amontoando de há anos a esta parte sem que os sucessivos responsáveis mostrem real preocupação com o facto. Até que tudo se torna demasiadamente evidente, os resultados desportivos são piores que maus, as finanças entram em colapso e é preciso sossegar as hostes e fazer alguma coisa. Assim aconteceu em 16/17 quando Podence, Geraldes e Palhinha foram chamdos de emergência, assim também parece acontecer agora com Pedro Mendes (incrivelmente não inscrito nas competições nacionais), Rodrigo Fernandes e Matheus Nunes (ainda à espera de se estrear). Mas os clubes não vivem de propaganda e tão importante como Matheus Nunes e outros virem a ser chamados à equipa principal é o Sporting não investir (mal) na linha do que tem vindo a ser seguido neste mandato. Necessitamos, isso sim, é de optimizar os nossos activos. Até porque assim estaremos a optimizar também os nossos parcos recursos.

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21
Nov19

UEFA Futsal Champions League


Pedro Azevedo

No futsal, o Sporting estreou-se a vencer na Ronda de Elite da Champions. Os leões bateram os croatas do Novo Vrijeme por 4-0 e assumiram a liderança do Grupo B. Amanhã a equipa leonina voltará à quadra para defrontar os cazaques do Ayat que hoje foram derrotados pelos russos do Tyumen (3-0), equipa com que o Sporting medirá forças na partida decisiva do grupo agendada para Domingo. 

20
Nov19

Magic one?


Pedro Azevedo

José Mourinho foi apresentado no Tottenham Hotspur, clube londrino vulgarmente conhecido como os "Spurs". Antes de mais, o despedimento de Mauricio Pochettino é uma daquelas coisas incompreensíveis das quais o futebol é fértil. O argentino chegou a Londres em 2014 proveniente dos sulistas do Southampton e teve um impacto imediato. Nos 5 anos anteriores à sua chegada os Spurs tinham obtido dois quartos lugares com Harry Redknapp aos comandos, dois quintos lugares (André Villas-Boas e Redknapp) e um sexto (época dividida entre Villas-Boas e Tim Sherwood) na Premier League, com Pochettino a pior classificação aconteceu no primeiro ano (5º lugar em 2014/15). Seguiram-se dois terceiros lugares (15/16 e 17/18) e um segundo lugar (16/17), este último só superado pela gesta gloriosa de Cliff Jones, Danny Blanchflower, Dave MacKay ou Bobby Smith (treinador Bill Nicholson) em 1960/61, época que marca a última vitória dos Spurs no campeonato inglês. Na temporada passada terminaram apenas em 4º lugar na Premier League, mas conseguiram o feito histórico de atingir a final da Champions. Este ano as coisas não começaram bem e o Tottenham encontra-se actualmente no 14º posto. Ainda assim a apenas 3 pontos do 5º colocado, o surpreendente Sheffield United, facto que não serviu de atenuante para o presidente Daniel Levy accionar a chamada "chicotada psicológica".

 

Este arrazoado que aqui deixei no 1º parágrafo em nada põe em causa a capacidade de José Mourinho, destina-se apenas a mostrar o quão ingrato o futebol pode ser para os seus profissionais. Não há por isso créditos, o futebol é essencialmente o momento e só isso explica que tenha acontecido a Pochettino exactamente aquilo que há 1 ano atrás sucedeu com Mourinho, treinador que havia conquistado previamente um segundo lugar na Premiership, uma Liga Europa, uma Taça da Liga e uma Supertaça aos comandos do Manchester United. 

 

Mou, o único treinador que simultaneamente bisou em conquistas de Champions e Liga Europa, tem pela frente um tipo de desafio que só viveu em Portugal: pela primeira vez desde que emigrou como treinador principal entra num clube com a época a decorrer, algo que só tinha vivido quando trocou o lugar de adjunto de Van Gaal no Barcelona pelo de treinador do Benfica ou, mais tarde, quando acabou a época no Porto proveniente da União de Leiria. Habituado a ter um impacto imediato nas equipas que dirige - Benfica, União de Leiria, Porto, Chelsea (por duas vezes), Inter, Real Madrid e Manchester United - o seu sucesso esta época encontra-se limitado no que diz respeito às aspirações de conquista da Premier League. A 20 pontos do líder Liverpool, 12 do Chelsea e do surpreendente (de novo!) Leicester e 11 do Manchester City, até a qualificação para a Champions parece neste momento muito remota por muito que outros dois habituais concorrentes (Arsenal e Manchester United) também estejam a ter inícios de campeonato desapontantes. Eliminado da Taça da Liga inglesa, resta-lhe tentar ganhar a Taça de Inglaterra (ainda não iniciou a participação) e dar asas ao sonho de vencer de novo a Champions, facto que seria único na história dos Spurs e marcaria claramente pela positiva esta sua primeira temporada no clube dos judeus londrinos.

 

Mais do que nunca, Mourinho vai precisar de fazer jus ao seu epíteto de "Special One" e dar uso à sua varinha outrora considerada mágica. Só espero é que esse passe de magia não obedeça à contratação do nosso único "Special One", o Bruno Fernandes. É que se a operação vier a decorrer em Janeiro, época de saldos e de refugo, não vejo como com o dinheiro proveniente da sua hipotética venda possamos minimamente no imediato colmatar a sua ausência e começar a esboçar com passos seguros o plantel para 2020/21, época - é bom não esquecer - onde o terceiro lugar final garantirá um lugar nas pré-eliminatórias (play-off?) da Champions (assim Portugal termine este ano à frente da Rússia no ranking da UEFA). 

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19
Nov19

Gerar humanidade


Pedro Azevedo

Grande gesto de Jorge Fonseca! Na sequência do título europeu de judo conquistado pelo Sporting no pretérito Domingo em Odivelas, Jorge Fonseca chamou para o seu lado, no momento da consagração, Teresa Santos, de 13 anos de idade. A história de vida da menina, atleta do Judo Clube da Marinha Grande e institucionalizada pelo Centro de Acolhimento Temporário Infantil Girassol da mesma cidade, tornou-se do conhecimento do nosso campeão mundial aquando de um treino/convívio que assinalou o Dia Mundial do Judo realizado na capital do vidro. Sensibilizado pela sua luta constante, Jorge considerou Teresa uma inspiração de vida e ofereceu-lhe a medalha de campeão europeu por equipas, algo que a menina garantiu jamais ir esquecer na vida. Adicionalmente, o judoca do Sporting manifestou a intenção de apadrinhar o percurso desportivo da jovem. Com esta atitude, Jorge Fonseca provou não ser apenas um campeão dos tatamis, mas também um campeão da vida, um homem solidário, atento, com um grande coração e o sentido de cidadania de não só chamar a atenção para um problema social que afecta milhares de crianças/adolescentes em Portugal como também de ele próprio fazer a diferença. Uma sublime forma de gerar humanidade! Parabéns Jorge e as maiores felicidades para a pequena Teresa.

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18
Nov19

Sportinguistas em El Classico del Río de La Plata


Pedro Azevedo

Tango do bom esta noite em Telavive, onde Argentina e Uruguai se defrontaram no Clássico do Rio da Prata. Cada país teve um jogador do Sporting no seu onze inicial: Acuña nos albicelestes, Coates na Celeste Olímpica. O jogo, que terminou empatado (2-2), não defraudou as expectativas, com as estrelas de ambas as equipas a colocarem o seu nome no placard. Assim, Cavani e Suarez adiantaram por duas vezes os uruguaios no marcador, Aguero e Messi igualaram outras tantas vezes para a Argentina. 

 

A propósito deste clássico intemporal, um nome veio-me à memória. Falo-vos de Jesé Piendibene, três vezes vencedor da Copa América (1916, 1917 e 1920) e um dos melhores jogadores do seu tempo. O uruguaio destacou-se pelos 17 golos marcados à Argentina, o que fez dele o máximo goleador do jogo que marca a rivalidade entre vizinhos sul-americanos, mas acabaria por se tornar lendário mais pelo seu desportivismo. É que o vigoroso avançado do Peñarol nunca comemorava os golos que obtinha de forma a não ofender os seus adversários. 

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18
Nov19

Trio de ataque


Pedro Azevedo

Portugal tem hoje não apenas um, mas 2 jokers. Para além de Cristiano Ronaldo, agora há Bernardo Silva. Ambos são insubstituíveis, constatação que até os paralelepípedos da minha rua sabem ser verdadeira. Na fase de grupos da Liga das Nações, quando não houve Ronaldo, emergiu Bernardo. Com ele ultrapassámos Itália e Polónia e apurámo-nos para as meias finais. Depois, Ronaldo regressou e deixou a sua marca (um "hat-trick") nos helvéticos, classificando-nos para a final. A qualificação para o Euro também foi marcada pelos dois. Foram as assistências de Bernardo e os golos de Ronaldo que nos catapultaram para a fase final. 

 

Esta apreciação não visa desvalorizar o trabalho de ninguém. Todos deram tudo, simplesmente Bernardo está hoje para Ronaldo como Garrincha estava para Pelé no escrete do início dos anos 60. Valha a verdade que Bernardo demorou a impor-se. Durante algum tempo as coisas simplesmente não lhe saíam no espaço da selecção. Sem ele ganhámos o último Euro e com ele deixámos o Mundial nos oitavos de final. Por ironia, esse jogo com o Uruguai foi o grito de Ipiranga de Bernardo, o seu primeiro jogo de categoria por Portugal. 

 

Nós, Sportinguistas, aguardamos algo do género com Bruno Fernandes: a um começo tímido também deve suceder a súbita explosão. A imensa classe que presidiu à extraordinária execução técnica aquando do primeiro golo ao Luxemburgo é um sinal de que esse processo estará em curso. E aí, meus amigos e fieis Leitores, se Bruno fizer saír o génio da lâmpada e o juntar à estirpe de Bernardo e Ronaldo seremos imbatíveis no próximo Europeu. Assim o melhor Bruno de quinas ao peito chegue a tempo ao desafio com a (sua/nossa) história.  

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17
Nov19

Tudo ao molho e fé em Deus - Benilux semeou e Bruno colheu


Pedro Azevedo

Naquilo que se pode designar como "A lógica da batata" (N.A.: título alternativo), Portugal teve de depender de um batatal no Luxemburgo para entrar no Euro. Enfim, anda um país uma vida inteira a cultivar batatas e depois, devido ao impacto de uma Política Agrícola Comum (PAC) que seduziu a UEFA - o organismo máximo do futebol europeu parece confundir cultura (desportiva) com agricultura - , tem de as ir colher à Benelux... E ainda dizem que o futebol não se mistura com a política...

 

Milhares de emigrantes portugueses receberam a selecção nacional, mas a melhor recepção foi a de Bruno Fernandes: o jogador do SPORTING colou no pé um passe de Bernardo "Beni" Silva que foi um lux(o) e rematou de pronto para abrir o marcador. O golo disfarçou uma safra fraquinha durante a primeira parte da jornada, período em que os luxemburgueses se mostraram mais perigosos essencialmente porque a sementeira portuguesa se concentrava no meio e desprezava a largura do terreno. 

 

No segundo tempo Portugal melhorou. Ainda assim o espectro de um golo do Luxemburgo não deixou de nos atormentar. Até que, já nos minutos finais, Bernardo voltou a aparecer, desta vez a encontrar Jota sozinho na pequena área. O remate do jogador do Wolves saiu embrulhado, mas de um tipo de embrulho com que se acondicionam os presentes. O destinatário foi Ronaldo, que não resistiu a cantar o 99 Red Balloons (hoje Portugal jogou excepcionalmente de branco) da Nena, certamente por influência da proximidade alemã ao local do jogo.  

 

Com esta vitória, Portugal mantém o pleno de qualificações para europeus e mundiais neste milénio (agora 11 em 11).

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16
Nov19

Bicampeões!


Pedro Azevedo

A equipa masculina de judo do Sporting acaba de se sagrar bicampeã europeia de judo ao derrotar na final os russos do Yawara Neva, no que foi uma reedição da final do ano passado. Na caminhada para a final o Sporting começou por bater os georgianos do Golden Gori por 3-2, com vitórias de Kherlen Ganbold (-66Kg), João Martinho (-81Kg) e Nikoloz Sherazadishvili (-90Kg). Na meia-final, os leões voltaram a ganhar (4-1), desta vez frente aos russos do Ratiborets Ekaterinburg, com triunfos de João Fernando (-73Kg), Frank de Wit (-81Kg), Sherazadishvili (-90Kg) e do campeão mundial em título Jorge Fonseca (-100Kg). Na decisão, Ganbold, João Martinho e Sherazadishvili marcaram os pontos leoninos. Destaque especial para os desempenhos dos judocas Sherazadishvili (3) e Martinho (2) que venceram todos os combates em que participaram. Com mais esta vitória europeia o Sporting arrecada o seu 36º título europeu (sete modalidades), a que se deve ainda juntar a Supertaça conquistada recentemente no hóquei em patins. 

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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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