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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

28
Fev19

Sporting faz história


Pedro Azevedo

O Sporting acaba de fazer história ao qualificar-se para os oitavos-de-final da Champions de andebol, após vencer o Dínamo de Bucareste, na Roménia, por 27-26 (32-31 na primeira mão).

Skok, Carol e Ruesga (enorme) foram as chaves da vitória, mas toda a equipa na segunda parte trancou bem as investidas romenas (ao intervalo perdíamos por 11-15). 

Com esta vitória, o Sporting torna-se a primeira equipa portuguesa a chegar a esta fase da competição, desde que a Champions tem o actual formato. 

Ja não há palavras para destacar o trabalho e as qualidades humanas do Professor Hugo Canela. Para além da dinâmica de vitória por si imposta, importa realçar a menção que fez em directo para a televisão romena do facto de as principais modalidades leoninas (futsal, andebol, voleibol, hóquei) estarem em fases adiantadas nas provas europeias. Assim se comunica e assim se vive a Cultura Sporting. Parabéns!!!

 

28
Fev19

A verdade


Pedro Azevedo

Em tempos não muito remotos expliquei que a "cava" que se estava a fazer na época 2017/18 poderia ter consequências muito nefastas - tudo isto num tempo em que os sportinguistas em geral não o queriam ouvir -, caso alguns cenários projectados se viessem a não confirmar. Relembrando, nessa temporada, a Sporting SAD registou Custos com Pessoal no valor de 73,7M€, viu as rubricas de Fornecimentos e Serviços externos (FSE) e de Amortizações subirem cada uma para cima de 20M€ e ainda fez o maior investimento da sua história no reforço da equipa de futebol (63,7M€), parte significativa do qual obedecia a um plano de pagamento (a clubes e a empresários) plasmado no Passivo, na rubrica Fornecedores que agora voltou a vir à baila. A aposta feita tinha com plano de contingência para uma eventual não ida à Champions a venda de jogadores. Acontece que as consequências dos acontecimento de Alcochete - rescisões de 6 jogadores do plantel principal -  foram desastrosas para o clube e criaram imediatamente um constrangimento tanto a nível de Resultados como, principalmente, a nível de liquidez.

Tudo isto elencado, mandaria a prudência que nesta temporada de 2018/19 se emagrecessem substancialmente os Custos com Pessoal e que se apostasse na Formação em vez de se ir de novo ao mercado contratar jogadores. Ora, nada disto foi feito. Não só se herdaram os 14 milhões de euros já investidos pela Direcção de Bruno de Carvalho nos jogadores Raphinha, Bruno Gaspar, Viviano e Marcelo como ainda se foi gastar mais 8,5 milhões em jogadores que pouco acrescentam, como é o caso de Gudelj e de Diaby. Pior ainda, na janela de Inverno acabámos de gastar mais 14 milhões em 9 contratações, elevando o investimento em contratações na época 2018/19 para 36,5M€. Adicionalmente, um conjunto de jovens promissores que deveriam ter integrado o plantel foram emprestados ou vendidos enquanto jogadores caros e muito pouco utilizados se mantiveram no plantel e a pesar na conta de exploração. Tal obrigou a uma desalavancagem desordenada em Janeiro, que nos levou a perder jogadores influentes sem o mínimo de retorno financeiro para o clube (critério duvidoso). Portanto, e sendo objectivo, a nossa situação actual deriva do desvario que se apoderou de Bruno de Carvalho pós-comprometimento dos objectivos da época e da falta de imediato ajustamento dos custos por parte de Cintra, que teve o mérito de conseguir resgatar três "activos". Frederico Varandas só pôde actuar em Janeiro. É certo que cortou alguma massa salarial, mas tal acaba por se esbater no investimento produzido no reforço do plantel, em jogadores que o tempo dirá se foram efectivamente reforços (já deixei aqui a minha opinião de que para além de Doumbia e da esperança Matheus Nunes não vejo essa qualidade extra nos jogadores contratados) e que alguém, no futuro, terá de pagar.

27
Fev19

A essência das coisas


Pedro Azevedo

A minha primeira recordação do Sporting é um relato que ouvi durante uma viagem de automóvel. Jogava-se em Alvalade um SportingXOriental e o narrador da Emissora Nacional não parava de gritar golos do Yazalde. Foram 5 nessa tarde e, por alguma razão, disso não me esqueci até hoje.

Nesse tempo de menino, o futebol não era uma guerra. Havia sim uma picardia saudável que estimulava a presença de espírito e o bom humor. Por exemplo, o barbeiro lá de casa - já tinha servido o meu pai e o meu avô - era um acérrimo benfiquista que motivava a minha reacção sportinguista em cada visita ao seu estabelecimento da Rua da Lapa. 

- Ó menino, hoje vai ser um corte à águia? -, dizia ele com ar trocista mal me via. 

- Nada disso! Se é de águia deve meter pena... -, replicava afoitamente eu. 

- Ai que é hoje que a tesoura vai escorregar para o pescoço -, ameaçava ele.

E seguíamos nesse registo, que o senhor Anatólio, apesar do nome de inspiração soviética, era um ponta esquerda (canhoto) cá das direitas - estava nos antípodas da revolução bolchevique - e um homem pacífico e já entradote na idade, mas que mantinha um olhar traquina e um espírito jovial que o faziam achar graça àquele puto reguila que o visitava a cada três semanas, talvez porque lhe relembrasse a sua própria meninice. 

 

Lembro-me também muito bem do primeiro jogo que vi em Alvalade. Uma estreia de Leão! Teria uns 8 anos, quando o meu pai me pediu para o acompanhar um dia à noite. Outra época, tempo em que não questionávamos os progenitores, lá me vi metido no carro a caminho não sabia eu de onde. Na altura eu não conhecia os calendários dos jogos, achava que tudo se passava ao Domingo, pelo que nem me passou pela cabeça que estivesse prestes a entrar pela primeira vez em solo sagrado. Mas assim foi. De repente, dei por mim com o coração aos pulos, em êxtase, mal pus o pé na bancada. E para a experiência ainda se tornar mais enriquecedora o adversário era o Porto. Bom, correu tão bem que fiquei a pensar que seria para sempre assim. Estou certo de que ganhámos por 5-1 e tenho a ideia que o Chico - mais tarde, Chico Faria quando se mudou para um Braga que já tinha um outro Chico, o Gordo -, marcou dois golos. 

Perguntar-me-ão porque trago aqui estas memórias. Eu respondo: porque me ajudam. E, penso eu, porque talvez também Vos possam ajudar. É que um clube é o que é, não o que está, e o nosso Sporting é um grande. Tão grande que da primeira vez que o vi ali ao pé de mim, no relvado, me faltou o fôlego, tal a emoção sentida. Eu tão pequenino, ele tão grande, enorme, arrebatador. Por isso, na minha vida com ele, feita de intensa paixão e breves amuos, de cada vez que penso definitivamente lhe voltar as costas, recordo o princípio da minha ligação, a essência de tudo, e não só arrepio caminho como reforço o meu amor, o meu primeiro amor. Viva o Sporting! 

 

 

 

 

27
Fev19

Deixem jogar o "mantorras" Fernandes!


Pedro Azevedo

(man torras= homem queimado, em dialecto de Angola) É tanta a condescendência com simulações e falta de "fair play" em geral que talvez não fosse mal pensado os árbitros começarem a proteger os jogadores que todos querem ver em acção, aqueles que dão sentido ao futebol e justificam o preço do bilhete, em vez de os deixarem ser "queimados" nos relvados deste país. 

 

P.S. A falta (pisão no tornozelo) ilustrada em baixo (sem bola por perto), que deveria ter sido sancionada com a expulsão, não justificou sequer um cartão amarelo aos olhos do árbitro Manuel Mota. 

brunofernandesfeirense.jpg

26
Fev19

O topete


Pedro Azevedo

Será que ainda há alguém que tenha o atrevimento de considerar Bruno Fernandes um traidor? Meus caros, Bruno é um dos poucos (com Acuña e Mathieu) que me faz lembrar o Sporting compreendido entre as presidências de Ribeiro Ferreira e de João Rocha. Um oásis no meio de um deserto (de ideias)!

Brunofernandesmarselha.JPG

26
Fev19

Tudo ao molho e fé em Deus - Madeiradas


Pedro Azevedo

À hora que Vos escrevo ainda não é conhecido o resultado do exame toxicológico de Charles, mas a coisa deve ser grave, adianto já, tal a quantidade de spray que inalou após cada defesa que efectuou (rima e tudo!!). O jogo em Portugal é "uma coisa em forma de assim" (Alexandre O`Neill), em que uma quantidade inusitada de jogadores se fazem de mortos enquanto esperam pela entrada do médico (legista?), apenas para que o tempo passe e o ritmo do adversário seja quebrado. Depois, ainda são premiados pelos árbitros, que nunca compensam devidamente os minutos perdidos, pelo que se pode dizer que o crime compensa. O jogador como anti-jogador, eis o paradigma do futebol português e do seu campeonato principal, aquele com menos tempo útil de jogo da elite europeia.

 

O primeiro tempo foi algo confuso: Gudelj viu um cartão amarelo por praticar surf nas costas (de) madeirenses, Borja outro por exercitar mergulho em zona proibida e Diaby preferiu o Bailinho da Madeira, dando sempre umas voltinhas. Numa delas, completamente isolado, a bola ficou no Funchal e ele foi até Porto Santo... Pelo meio, Bruno Fernandes e Bas Dost obrigaram Charles a defesas apertadas e paragens prolongadas. O Marítimo também podia ter marcado, mas Getterson rematou por cima.

 

Na etapa complementar o Sporting foi mais incisivo: primeiro foi Diaby a conduzir uma biga de maritimistas até à linha de fundo e a semear o pânico; depois Bruno Fernandes, de livre, a enviar a bola a rasar a barra; de seguida Raphinha (entrara ao intervalo por troca com Borja), de cabeça, a passe de Bruno, e Charles a brilhar de novo; finalmente, Bruno Fernandes, isolado, a conseguir chegar antes à bola, mas Charles a emendar com uma "mancha" perfeita. De destacar ainda um brilhante lance individual de Idrissa Doumbia (substituiu Gudelj no recomeço), a mostrar que merece a titularidade, e a entrada em jogo de Luís Phellype (troca por Wendel) que, na minha opinião, formatou muito o jogo leonino (Geraldes teria sido mais útil), pelo que nos últimos 10/15 minutos deixámos de criar oportunidades claras. O Marítimo teve apenas uma oportunidade nesta parte, quando Getterson (outra vez) rematou ao lado, após boa defesa de Renan diante de Edgar Costa.

 

O Sporting desperdiçou assim a possibilidade de se aproximar ainda mais do Braga (está a 3 pontos) e ficou mais longe de Porto (11 pontos) e Benfica (10). O resultado acaba por ser injusto, mas a finalização esteve desastrosa. Os golos estão muito dependentes da inspiração de Bruno Fernandes e da assertividade de Dost que parece ter ficado algures em 2018. Há muitas jogadas e golos que se perdem por deficiências técnicas, do tipo haver um canhoto sem pé direito, ou mesmo um canhoto sem pé esquerdo...o que faz com que recepções e remates se assemelhem àquilo que no ténis se chama uma madeirada. Bruno Fernandes, Acuña e Mathieu (ausente há muito tempo) são os jogadores de categoria extra. Vê-se na forma como dominam a bola, como pensam o jogo, ou na dinâmica que empregam. 

 

O Keizer está a fazer um curso intensivo de futebol português. Treinador tuga que se preze tem de ser expulso e hoje tocou-lhe a ele. O ar incrédulo com que a transmissão televisiva o captou mostra que ainda não percebeu onde se veio meter. Vamos ver se terá tempo de se adaptar completamente, pelo menos aos árbitros lusos. Talvez ajudasse a sua carreira olhar para alguns dos miúdos que tem à sua volta. Doumbia, Geraldes ou Thierry já podiam ter sido muito úteis esta época, o que teria melhorado a dinâmica global da equipa.

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes (mesmo que abaixo do habitual)

 

P.S. À atenção de todos aqueles que se basearam numa amostra com uma única observação - aonde anda o Rui Oliveira e Costa quando finalmente precisamos dele? - para sentenciarem que a equipa estava melhor sem Nani: três jogos depois da sua saída, se calhar não está... 

P.S.2 Talvez não fosse má ideia o Keizer tentar fazer entender-se em flamengo ou neerlandês (com o Dost a traduzir). Aquele "brutânico" que ele pratica no balneário e nas conferências de imprensa soa menos a qualquer tipo de idioma do que o inglês falado pela minha filha de 7 anos.

bruno fernandes maritimo.jpg

25
Fev19

Pressão e temperatura constantes


Pedro Azevedo

Acaba o "Pressão Alta", esse ícone de uma SportingTV livre e independente e seu programa de maior audiência, e notícias plantadas nos jornais aparentemente visam condicionar a forma calorosa como a maioria dos sportinguistas se refere a Nani. "Gosto" cada vez mais desta democracia baseada na Lei de Avogadro (não confundir com "advogado"): a pressão e temperatura constantes...

Um abraço de solidariedade para o Rui Calafate e o Samuel Almeida. (Continuaremos a elogiar o que for de enaltecer e a criticar de forma construtiva aquilo que se justifique, propondo soluções, e não deixaremos que por estratégia de defesa pessoal nos encostem a tempos da "outra senhora", ou do outro senhor se Vos der mais jeito.)

24
Fev19

Boa decisão!


Pedro Azevedo

Há muito tempo que nos meus textos vinha perorando sobre a necessidade de reforço da Cultura Sporting. Inclusivamente, aquando de um Post específico sobre o tema, recomendando a utilização de gurus de atitudes comportamentais, de forma a que a produção de efeitos fosse mais rápida.

É por isso com particular satisfação que leio que o Sporting vai montar um Gabinete de Formação interna e Liderança. De entre os vários profissionais com provas dadas de competência nesta matéria específica, o sportinguista Tomaz Morais foi o eleito. Como tal, desejo-lhe toda a sorte do mundo e sucesso na implementação de uma nova mentalidade que nos ajude a recuperar uma identidade perdida no tempo. Os meus parabéns ao Conselho Directivo por esta (boa) decisão. 

Tomas-Morais.jpg

24
Fev19

And now for something completely different


Pedro Azevedo

Ontem em Cardiff, em partida épica a contar para a 3ª jornada do Torneio das 6 Nações, em rugby, o País de Gales bateu a Inglaterra por 21-13 e assumiu a liderança da competição. 

 

O Torneio das 6 Nações reune as melhores equipas europeias. Iniciou-se em 1883, então com a denominação de "Home Nations",  reunindo as 4 equipas britânicas (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda), com a curiosidade dos irlandeses incluirem na sua equipa jogadores do norte da sua fronteira. Com a entrada da França em 1910, a competição passou a designar-se como Torneio das 5 Nações. Após dois interregnos - o primeiro entre 1932 e 1939, em que a competição voltou a só reunir as selecções britânicas, e um segundo devido à 2ª Grande Guerra - , desde 1947 e até 1999, o torneio continuou a desenrolar-se com estas 5 selecções. A partir de 2000, já com a presença da recém-admitida Itália, a competição adoptou a actual designação de "Torneio das 6 Nações".

 

A Inglaterra liderava o torneio até à deslocação a Gales e era a grande favorita das casas de apostas. Após a sua imponente vitória na Irlanda - vencedora da última edição - , os ingleses apresentavam-se em óptima forma para este jogo. E a verdade é que cedo o demonstraram: ao intervalo batiam os galeses por 10-3, fruto de um ensaio (no rugby, um ensaio vale 5 pontos e a sua conversão aos postes mais 2 pontos adicionais) do jovem Tom Curry. A Inglaterra optava pelo jogo aéreo, através de pontapés desferidos desde a sua linha de 3 quartos, procurando a carga dos seus avançados. Só que o galês Liam Williams - Man of the Match - começava a destacar-se, captando impecavelmente todos os "up-and-under" ingleses, mantendo assim os galeses no jogo.

 

Na etapa complementar, fruto inicialmente de alguma variação de jogo do seu médio de abertura Gareth Anscombe (abusara do jogo ao pé no primeiro tempo), os galeses conseguiram aproximar-se até aos 10-9, beneficiando também do descontrolo emocional do pilar inglês Kyle Sincklair (muito faltoso). O capitão inglês, Owen Farrell, ainda voltou a ampliar a vantagem inglesa através da conversão de uma penalidade, mas a entrada em cena do agora suplente, e habitual titular, médio de abertura galês Dan Biggar viria a mudar por completo o jogo. Completando uma acção intensa de ataque, que incluiu 34 fases no chão, Biggar, qual Médio de Formação, deslocou-se até a um "ruck" e soltou a bola no momento exacto para um embalado Cory Hill marcar o 1º ensaio de Gales. Na conversão, Biggar não falhou e Gales passou a vencer por 16-13. Os "reds" estavam imparáveis e, já com o árbitro a dar vantagem, voltariam a concretizar, quando Biggar colocou um pontapé lateral na ponta direita, onde Josh Adams se superiorizou no ar ao defesa Elliot Daly e marcou o segundo ensaio galês do jogo. Biggar não converteu, mas o resultado final (21-13) já não se alteraria.

 

Com esta vitória, os galeses passaram a liderar o Torneio, contando por vitórias os jogos disputados (França, Itália, Inglaterra) até ao momento. Para finalizarem a competição, os galeses ainda terão de se deslocar à Escócia e receberem a Irlanda naquele que poderá ser o jogo do título. Com este triunfo, Gales atingiu um novo record de 12 vitórias consecutivas em "test matches", batendo o anterior que durava desde 1910. Confirmada ficou também a sua apetência em vencer os ingleses num ano terminado em "9". Foi assim em 1949, 59, 69, 79, 89, 99, 09...e 2019.

 

A Inglaterra é ainda, do ponto de vista histórico, a dominadora da competição, com 28 triunfos, seguida de Gales (26), França (17), Escócia (15) e Irlanda (14). A Itália não tem qualquer torneio conquistado. Os ingleses dominam também as estatísticas de Grand Slams (vitórias em todos os jogos) conquistados, com 13 triunfos, seguidos de Gales (11).

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(Liam Williams - Foto:BBC)

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(Dan Biggar - Foto: Getty Images)

 

Nota: no Torneio das 6 Nações, a vitória vale 4 pontos, o empate 2 e a derrota 0. Marcar pelo menos 4 ensaios num jogo dá 1 ponto bónus adicional. Perder por 7 ou menos pontos de diferença também dá 1 ponto bónus à equipa derrotada.

 

P.S. é impressionante a lição que o rugby permanentemente nos transmite. Sendo um desporto de contacto, poder-se-ia supôr que tal apelaria à violência, mas o jogo é disputado sempre com lealdade, bem escoltado por árbitros que estão lá para ajudar os jogadores e que até os avisam de que estão prestes a infringir as regras. O ambiente nas bancadas é genericamente de festa, mesmo quando a rivalidade é grande (como foi o caso de ontem). O momento dos hinos é particularmente tocante, dada a forma como os jogadores e espectadores o cantam e sentem. Eu então, que torço sempre por Gales, fico sempre sensibilizado ao ouvir o imponente "Land of my fathers". Obrigado rugby!

23
Fev19

Somos diferentes!?


Pedro Azevedo

Somos diferentes...

 

  1. sobrepondo as nossas razões à razão do clube?
  2. no radicalismo com que dois polos opostos expõem as suas opiniões?
  3. expondo um campeão europeu de selecções e vencedor da Champions, formado no clube, na praça pública?
  4. virando as costas ao clube quando ele mais precisa de nós?
  5. desvalorizando a nossa Formação?
  6. usando a Comunicação como um escudo em vez de veículo promotor da união?
  7. querendo que o nosso próprio clube perca?
  8. não sabendo sair do palco?
  9. afastando os sócios e adeptos moderados que estão cansados de tanto ruído?
  10. trazendo a Molaflex e a Moviflor, passe a publicidade, para comunicações institucionais? 
  11. tácticamente mantendo o silêncio à espera que tudo definitivamente desabe para aparecer?
  12. fazendo ouvidos moucos às críticas construtivas?
  13. sucessivamente, mandato após mandato, abusando da demagogia?
  14. utilizando permanentemente linguagem grosseira?
  15. não tendo aparentemente um manual de procedimentos e/ou código de conduta que incida na prevenção de conflito de interesses?
  16. apoiando o nosso clube nos estádios mediante contrapartidas financeiras?
  17. mudando tudo para quase tudo ficar na mesma?
  18. dividindo para reinar?
  19. trocando dichotes e acusações em público?
  20. constantemente trazendo problemas aos sócios em vez de soluções?
  21. multiplicando a nossa identidade sportinguista (a única) entre "sportingados", "croquetes" ou "brunistas"?
  22. não respeitando a nossa história e a razão de estarmos aqui?
  23. afastando os sócios que não querem confusões em vez de os envolver numa cultura renascentista (participativa, inspiradora, de fluência de ideias, inovadora)?
  24. confundindo "ser" presidente com "estar" presidente? 
  25. contribuindo para uma divisão maniqueísta dos sócios?
  26. fazendo "cavas" na roleta da fortuna na tentativa de ganharmos campeonatos?
  27. sacrificando o estrutural ao conjuntural?
  28. baixando os braços perante as arbitrariedades constantemente vividas nos campos de futebol?
  29. sistematicamente gastando mais do que os proveitos gerados?
  30. não tendo uma oferta para jovens sócios e adeptos que não passe pelas claques?
  31. quando nos movemos por ódio, ou por interesse, em vez de por amor ao clube?

 

À atenção de Frederico Varandas, Bruno de Carvalho e sócios e adeptos deste ENORME Sporting Clube de Portugal, deixando ainda para reflexão duas frases lapidares: a primeira, de Platão, que lembra que "a parte que ignoramos é muito maior do que tudo quanto sabemos"; a segunda, de Voltaire, "o orgulho dos pequenos consiste em falar de si próprios; o dos grandes, em nunca falar de si". Dedicadas aos egocêntricos que tudo julgam saber e raramente têm dúvidas. Sim, dúvidas, aquela interrogação consciente que os textos judaicos consideram ser a fonte da sabedoria.

 

 

23
Fev19

Surfar na maionese


Pedro Azevedo

Gostaria de dar relevo aqui a duas notas extraídas da conferência de imprensa que o Sporting hoje promoveu e que, na minha opinião, mostram que não mudou tanto assim (não me refiro a situações conhecidas, ou outras potencialmente supervenientes, que caberá à justiça determinar) da Direcção de Bruno de Carvalho para a de Frederico Varandas, para além de questões de estilo e/ou educação (em que me revejo), que são importantes mas não assegurarão a perenidade do clube. A primeira tem a ver com a dívida a fornecedores, de cerca de 40 milhões de euros, da qual Salgado Zenha (de quem até tenho boas referências) se queixa que ficou quase toda para pagar este ano, naquilo que foi uma "cava" promovida por Bruno de Carvalho no sentido de tentar ganhar o campeonato. Ora, como Zenha bem sabe, nenhum clube do mundo compra a pronto e, naturalmente, há um plano de pagamentos do qual ele deveria ser antecipadamente conhecedor (igualmente terá dinheiro a receber, herdado de vendas efectuadas no mandato anterior), dadas as reuniões mantidas com a Comissão de Gestão. Na altura, inclusivé, em campanha eleitoral Varandas disse não temer a situação financeira. No entanto, admito o desconforto de Zenha, mas o que me causa apreensão é, noutro passo do seu discurso, vir dizer que os sensivelmente 14 milhões de euros (números apresentados à CMVM) que custaram os jogadores contratados na janela de Inverno beneficiaram de um plano de pagamentos favorável, ou seja, serão pagos no futuro, isto é, alguém os terá de pagar lá para a frente, exactamente a situação que Zenha diz lhe desagradar no presente. A segunda nota tem a ver com a declaração de Varandas de que não comprarão jogadores para a B e Formação, dando como comparação os 38 jogadores que Bruno de Carvalho comprou em 5 anos para a equipa B. Ora, na janela de Inverno chegaram Plata, Matheus Nunes (jogador de que gosto), o albanês Lico, o brasileiro ex-Alverca Ronaldo e o Wang, ou Tang, ou lá o que é, contratado pelo Wolves à equipa B de um clube espanhol cuja equipa A milita na 3ª divisão espanhola. É que, fazendo umas contas rápidas, como cada temporada tem 2 janelas de transferências, a manter-se este ritmo, em 5 anos teremos 50 jogadores para a B...

 

Há ainda uma terceira nota que deixei propositadamente para o fim e que se prende com a aposta na Formação que Varandas preconiza. Gostaria só de lembrar que em Setúbal tivemos pela primeira vez, em quinhentos e tal jogos, zero jogadores da Formação a alinhar de início num jogo da equipa principal do nosso clube. Diz Varandas que é por não haver qualidade. Admito-o, duvido é que Miguel Luís e Jovane estejam de acordo. Para além do mais, esta afirmação valida a declaração na altura polémica de Tiago Djaló, que nos trocou pelo Milan, de que sentiu que não teria hipóteses de jogar na equipa principal do clube. A ter em atenção num momento em que surgem rumores de que alguns jogadores influentes dos juniores terminam contrato em Junho, informação que li nas redes sociais mas não consegui ainda confirmar.

 

Conclusão: não me parece que nestes aspectos nada de substancial se tenha alterado desde a saída de Bruno de Carvalho. Os erros produzidos até se assemelham, o que não augura nada de bom para o futuro. Adicionalmente, compreendendo perfeitamente o agastamento desta Direcção para com algumas tiradas públicas demagógicas de Bruno de Carvalho que inevitavelmente criam erosão a quem está a trabalhar, não me parece prudente assentar a comparação deste mandato com o período iniciado em 2013. É que antes houve 4 anos em que o Sporting perdeu 160 milhões de euros em Resultados Financeiros, mas isso não foi referido, enviesamento argumentativo que na minha opinião só vem contribuir mais para o adensamento do ambiente maniqueísta entre os adeptos leoninos e produção de mais ruído e atentados à Cultura e identidade do clube e ao património de referências dos sportinguistas (que não "sportingados", "croquetes" ou "brunistas", denominações que só enfraquecem a nossa Cultura).

 

E assim vai o Sporting. Há anos!!!

22
Fev19

A gente vai continuar


Pedro Azevedo

Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem á batota
Chega a onde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

 

Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
A liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo - A gente vai continuar (Jorge Palma)

 

Não gosto de me desculpar com arbitragens, aliás, não gosto de me desculpar com terceiros. Essencialmente, porque isso muitas vezes traduz uma não compreensão dos nossos próprios erros. E, não percebendo que falhamos, não podemos evoluir. Se é verdade que ninguém pode garantir que houve intenção em Jefferson de marcar com os pitons o seu oponente, também não é falso que ninguém possa atestar o seu contrário.

O que me parece claro é que o gesto de Jefferson nos saiu caro, provavelmente bem mais caro até do que o que seriam os ordenados de Nani até ao final da presente época. É que há despesas que têm associadas um rendimento e há despesas que são...despesas.

O brasileiro fez apenas uma temporada a alto nível com Leonardo Jardim. Depois, meteu-se numas birras, já com Marco Silva ao leme, aquando da recusa em vendê-lo por 7 ou 8 milhões de euros. A partir daí, nunca mais foi o mesmo. O seu poderoso arsenal de armas biológicas e químicas pode mostrar-se num jogo em Alvalade face ao Tondela, numa conferência de imprensa de apresentação ou num jogo decisivo a contar para a Liga Europa, pois nunca se sabe quando vai libertar aquele "gás" com potencial de destruição massiva para o seu próprio clube. 

 

Tudo nos cai em cima, mas a gente vai continuar. Os sportinguistas são resilientes, não se abatem. No entanto, é preciso urgentemente reflectir, mudar de rota e corrigir os erros. O clube tem à sua volta demasiada gente que se move por ódio e por interesse. Em ambos os hemisférios. Por isso, os homens livres, descomprometidos, moderados e que se movem por amor ao clube têm de se chegar à frente. É que urge terminar com este sistema dual, externo e interno, que nos corrompe a esperança e nos destroi a alma.

21
Fev19

Tudo ao molho e fé em Deus - Bruno só


Pedro Azevedo

No Estadio de La Ceramica só Bruno Fernandes "partiu um prato". Também, pouco mais se poderia esperar quando a equipa do meio-campo para a frente foi principalmente ele, Wendel e pouco mais. 

 

Entrando razoavelmente no jogo, o Sporting foi dominado desde o meio da primeira parte até ao intervalo. Valeu a atenção da nossa defesa, apesar dos calafrios causados por Ilori, um homem cujas acções me fazem recordar os primeiros filmes de Brian de Palma e a colecção completa de John Carpenter. Na verdade, por vezes dou por mim a pensar naquele voyeur do "Testemunha de um crime", impotente para virar o curso aos acontecimentos e à espera de uma fatalidade de cada vez que ele caminha displicentemente com a bola...

Por essa altura, a televisão mostrava grandes planos de jogadores de ambas as equipas. Os espanhóis estavam fresquinhos, os nossos pareciam saídos da sauna. Eis então que, contra a corrente do jogo, Bruno Fernandes mostrou a sua multifuncionalidade. Tal como um canivete suiço, o capitão, com pinças, recuperou a bola, cortou as vazas a um Funes Mori que logo sobrevoou, célere e resistente chegou primeiro à bola que o último espanhol e limou a jogada com um remate colocado sem defesa para o guarda-redes do Villareal. O Sporting adiantava-se no marcador na melhor altura possível (em cima do intervalo), cortesia do seu melhor jogador. Mas a vantagem era relativamente imerecida. Havia vários jogadores em sub-rendimento: Gudelj demorava uma eternidade a ultrapassar a zona de pressão espanhola, Jefferson uma nulidade completa, Ristovski pouco afoito, Bas Dost a tabelar sempre mal e Diaby inconsequente. 

 

O tempo complementar iniciou-se com uma combinação promissora entre Bruno e Wendel, ingloriamente perdida por má recepção do brasileiro. O submarino amarelo não conseguia emergir e o Sporting mantinha com facilidade os espanhóis longe da sua área. Eis então que chegou o momento do jogo: Jefferson, que já tinha um amarelo e havia acabado de fazer uma falta, disputou de pé uma bola dividida com um jogador do Villareal que foi de carrinho e acabou por lhe marcar o corpo com os pitons. Impossível determinar se houve intenção ou não, mas o árbitro enviou o nosso jogador para o banho. Irónicamente, o brasileiro - um morto-vivo em termos de utilização que de vez em quando regressa das trevas para nos assombrar, assim ao jeito de um Walking Dead deste triste folhetim leonino em exibição em sessões contínuas em Alvalade - substituía Acuña, um homem sempre acusado de ser intempestivo. A jogar com 10, o Sporting jamais voltou a controlar o jogo. Acresce que a entrada de Cazorla no nosso adversário veio piorar o cenário. O ex-Arsenal começou a pautar todo o jogo do Villareal e a encontrar espaços entre central e lateral. Numa dessas jogadas, os espanhóis chegaram ao empate.

 

Em inferioridade na eliminatória, os leões arriscaram tudo, entrando Phellype e Raphinha para os lugares de Ristovski e de Diaby. Só que Bruno Fernandes foi obrigado a recuar muito para organizar o jogo, afastando-se da zona onde poderia ser decisivo. Com a equipa toda estendida no campo, os contra-ataques villarealenses proliferaram, valendo a atenção e reflexos de Salin num par de ocasiões, defesas que foram mantendo o Sporting no jogo. Até que em cima do apito final do árbitro, Bruno Fernandes encontrou Bas Dost isolado na pequena área, mas o holandês abusou da canela na bola e esta saiu para fora. Um pastel de nada...Em jeito de balanço, não se pode dizer que o resultado tenha sido injusto. O Villareal foi melhor no conjunto das duas mãos, mas a passagem esteve ali à mão (pé) de semear...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes, por uma milha. Já parece obsessivo, mas é a triste realidade. Esta equipa é assustadoramente "Bruno Fernandes e mais 10". Wendel foi o 2º melhor. Salin, Sebastián Coates (1 erro) e Borja (2 erros), por esta ordem, também mereceram nota positiva. Nada a dizer em termos de entrega ao jogo por parte da generalidade da equipa, simplesmente a qualidade extra para este nível não esteve lá. 

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21
Fev19

A promoção dos jogos


Pedro Azevedo

Há razões que explicam a redução de assistências nos jogos em Alvalade. Podemos perorar sobre isso, mas acabaremos por estar a escalpelizar problemas em detrimento de procurar soluções. Assim, proponho que se trabalhe sobre a promoção dos eventos. Uma coisa que se poderia fazer com facilidade seria a produção de um pequeno "clip" (de sensivelmente 1 minuto), onde se pudessem conjugar os melhores jogadores, golos espectaculares, fintas e movimentos acrobáticos, reacções eufóricas de adeptos nas bancadas, a nossa mascote Jubas, e combinar tudo isso com música inspiradora. O futebol vive de emoções e é preciso trazê-las a casa das pessoas e motivá-las a comparecer no estádio. Promover a festa (e não a guerra). No fundo, importando as melhores práticas do desporto americano e divulgando esses conteúdos através da SportingTV e das plataformas digitais do clube durante a semana. 

 

P.S. Também é preciso fazer mais durante os jogos, de forma a melhorar a experiência de ir ao estádio. Incompreensivelmente, "O Mundo sabe que..." perdeu alma, na medida em que é cantado de uma forma mais rápida por o jogo já estar a decorrer. Não dá para o antecipar e assim poder ser cantado de uma forma mais tocante, mais sentida? Outra situação: houve um tempo em que os golos eram acompanhados pela música "I feel good" do James Brown. Tal era saudado por todos no estádio e proporcionava sempre um clima de festa e de comunhão entre sportinguistas, com os adeptos a dançarem nas bancadas (os meus filhos mais velhos ainda se lembram disso). Subitamente, tal deixou de acontecer. Há razões para isso relacionadas com direitos de autor ou foi só uma opção? Eu gostaria de voltar a celebrar os golos dessa forma. 

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20
Fev19

Os Cavaleiros da Ordem de Alvalade


Pedro Azevedo

O futebol debate-se com os constrangimentos inerentes a ser simultaneamente um espectáculo e um negócio. Nesse sentido, o treinador deixou de ser somente um táctico para ser também um estratega, um gestor de activos do clube. Bem sei que essa área está consignada a um departamento específico, mas o treinador está a montante de todo o processo e é das suas convocatórias que depende o aparecimento de um ou outro talento. Para defesa do grupo, raramente o treinador destaca individualmente um jogador. Tal não significa que não haja uma ordem de mérito no balneário, simplesmente não é só a técnica ou a habilidade individual que é valorizada. Uma equipa é como um exército e nela coabitam a infantaria, a cavalaria e a artilharia. Por vezes, reforçada pela força aérea, procurando no ar as soluções que não se encontram por via terrestre. Não desprezando o papel dos sapadores de infantaria, sempre disponíveis para minar e dinamitar os avanços do adversário, ou dos artilheiros, que através de apontadores e municiadores tentam posicionar o poder de fogo da equipa de forma a destruir e/ou neutralizar o moral do oponente, é a mobilidade, velocidade, destreza e flanqueamento da cavalaria que salta mais à vista do comum adepto. Nesse sentido, vou aqui apontar aqueles que para mim são os "cavaleiros" deste Sporting versão 2018/19:

 

Bruno Fernandes - Todas as estações do ano são Outono, quando ele bate os livres em folha seca. É a alegria do povo e este põe todas as fichas na sua roleta, uma peça de arte anteriormente popularizada por Zinedine Zidane.

 

Wendel - Por vezes vai por ali fora sem destino certo, como se apenas se pretendesse evadir de um imobilismo fatal. A equipa nem sempre consegue acompanhar esses momentos de jazz de improviso, dada a sua variação harmónica bem distante da música dentro de um tom a que está habituada. É mais eficiente quando o conjuga com o samba, e o som imaginário das palmas e dos batuques dão-lhe o compasso certo para variar o seu andamento em função da equipa. 

 

Raphinha - Nascido em Porto Alegre, no sul do Brasil, o seu futebol sofre a influência gaúcha também comum aos argentinos. O ar geralmente reservado, os olhos tristes e o bailado que suscita com a bola fazem lembrar um dançarino de tango. Este género aparece ainda intermitentemente combinado com movimentos de capoeira, visível na ginga com que por vezes se desfaz dos adversários. 

 

Mathieu - Transmite aquela sensação de que poderia estar a dar umas passas nuns Gauloises e a despachar o expediente ao mesmo tempo, tal o ar "négligé" que sempre exibe. Mas isso apenas esconde a confiança ilimitada que tem nas suas capacidades técnicas e atléticas, as quais lhe permitem sair a jogar como um médio e recuperar a profundidade como um jovem de 20 anos. 

 

Acuña - É raro o jogador que consegue associar doses semelhantes de intensidade e capacidade técnica. O argentino é um infante que pelos seus feitos virou cavaleiro. Nesse sentido, não herdou o "savoir faire" típico da nobreza e continua a jogar de faca nos dentes, o que gera sentimentos contraditórios nas bancadas. Incensado nas curvas, repudiado nos camarotes, todos coincidem nisto: a sua entrega ao jogo e capacidade de cruzamento são imaculadas.

 

Doumbia - Se para Gudelj um m2 é um latifúndio, o marfinense é o homem dos grandes espaços, da savana africana. Poderoso, possui na finta o seu grande argumento para rapidamente sair da zona de pressão. Dá verticalidade ao jogo do Sporting. Na minha opinião, uma das duas contratações do Mercado de inverno que de facto pode fazer a diferença.

 

Matheus Nunes - Igualmente jovem e ainda mais desconhecido, é o mais recente produto da ilustre(?) casa de Mateus nas suas diferentes variantes (Mathieu, Matheus Pereira, Mattheus Oliveira). Podendo jogar em qualquer posição do meio-campo, é como pivot que tem vindo a ser testado. Tem uma velocidade com a bola nos pés incomum, parecendo deslizar no campo como se tivesse skis e não botas nos pés, acção que o faz libertar-se com facilidade da zona de pressão adversária. Para além disso, tem uma excelente técnica de passe à distância e sabe aparecer em zonas de finalização. Um excelente projecto em desenvolvimento.

 

Assim termino este breve resumo sobre aqueles que considero serem os mais dotados jogadores do nosso plantel. Oxalá tenham gostado ou, de alguma forma, Vos possa ter sido útil.

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19
Fev19

Pivot na cobertura


Pedro Azevedo

Delfim, em entrevista à Radio Renascença: "Nani não é um jogador barato. Acrescenta, mas não faz a diferença como o Bruno Fernandes".

 

Não percebo porque se estabelece nos media e redes sociais esta dicotomia entre os melhores jogadores do Sporting este ano. Algo está horrivelmente mal nisto tudo e o maniqueísmo continua bem presente em Alvalade. Parece que só temos direito a ter um jogador acima da média. Se isto se generalizar, Neymar e Mbappé, Ronaldo e Dybala, Robben e Lewandowski que se cuidem...

 

P.S. Alguém explique a Delfim que o que ele fez foi diminuir (a identidade do clube), algo que faz toda a diferença e que há anos nos sai caro.

P.S.2 Para mim, Bruno Fernandes era e é o melhor jogador do Sporting. Mas uma equipa com pretensões não pode ter um só ‘joker’ e Nani, para além do indiscutível valor futebolístico, era o elo de ligação com as nossas raízes, a Formação. 

P.S.3 O meu medo e o de muitos sportinguistas é que por cada Nani que se vai, um carregamento de novos Castaignos chegue. É importante que nos mostrem que isto irá mudar.

 

19
Fev19

Insustentável ingratidão


Pedro Azevedo

João Moutinho, em entrevista a um canal oficial da Premier League, disse que trocar o Sporting pelo Porto foi das melhores decisões da sua vida. Entretanto, em jeito de despedida aos adeptos leoninos, Luís "Nani" afirmou nunca ter pensado em sair do clube, complementando com um pungente "o Sporting significa tudo para mim".

 

Se Moutinho nunca mostrou saber respeitar o clube que o formou, já Nani foi sempre grato e reconhecido, mantendo em todas as suas declarações públicas a reverência para com o clube própria dos espíritos humildes e sãos.  

 

Por isso, magoa ver Nani tratado na imprensa e redes sociais como um "custo". E choca ainda mais, quando agora se liga a sua saída a uma menos boa convivência com Bruno Fernandes. Caramba, eu até sou suspeito - considero Bruno o melhor jogador deste plantel por uma milha de diferença -, mas trazer o nosso antigo capitão e grande leão para uma luta de galos é algo que ofende a minha identidade sportinguista. 

 

Pode não haver dinheiro e isso apressar um conjunto de decisões. Questionáveis, certamente, mas entendíveis. Mas despedirmo-nos de um dos maiores talentos produzidos em Alvalade - um jogador com mais de 100 internacionalizações pela selecção portuguesa - , com um singelo comunicado e uma saída pela porta pequena (sem sequer uma despedida condigna no estádio que o viu nascer), permitindo adicionalmente que cresça mais uma daquelas teorias da conspiração tão idiossincráticas do que tem sido o clube, não é digno de uma Cultura Sporting. Ou então é, e isso explica muito daquilo em que se tornou o clube nas últimas décadas. Quando tratamos assim os que nos respeitam... 

 

P.S. Tenho poucas dúvidas de que se Cristiano Ronaldo voltasse, logo haveriam alguns assobios nas bancadas e lhe seriam apontadas incompatibilidades no balneário, como se antes não tivesse sabido lidar com plantéis onde se destacavam jogadores como Kaká, Bale, Sérgio Ramos, Casillas ou Modric. Mas quando alguns adeptos (e não só?) olham para a qualidade e forte personalidade como um problema...

P.S.2 Parece que Luc Castaignos finalmente saiu. Esta sim, uma boa notícia.

P.S.3 Bruno Fernandes tem tudo para vir a ser um grande capitão do Sporting. Assim tenha tempo e uma equipa de nível à sua volta. 

P.S.4 Aquele final de jogo contra o Porto, na Taça da Liga, em que Nani e Bruno coabitaram no centro, coincidiu provavelmente com o melhor Sporting desta temporada.

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